As principais criptomoedas operam com baixa variação nesta quinta-feira (9), após seguirem o desempenho negativo das bolsas americanas na sessão anterior. O Bitcoin (BTC) sobe 0,7%, cotado a US$ 30.310,18 nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) também mostra estabilidade, a US$ 1.798,09.
No Brasil, o Bitcoin tem ligeiro ganho de 0,2%, negociado a R$ 149.000,31, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Algumas altcoins também andam de lado enquanto outras aceleram a alta como Binance Coin (+0,3%), Cardano (+2,7%), XRP (+0,7%), Solana (+4,6%), Dogecoin (-0,2%), Polkadot (+1,8%), Avalanche (+1,8%) e Shiba Inu (+0,4%).
Depois de uma quarta-feira em território negativo, os índices futuros das bolsas dos Estados Unidos apontam para uma abertura no vermelho. A quinta-feira também foi de perdas para os mercados asiáticos, na esteira de novos lockdowns para frear a Covid-19 em Xangai.
Aperto monetário e inflação ainda ditam o rumo das negociações, com o petróleo negociado perto de US$ 122 o barril. O mercado acompanha atento a reunião do Banco Central Europeu nesta quinta-feira, quando pode anunciar o fim das compras de ativos e abrir caminho para o aumento dos juros em julho.
“Se (o Bitcoin) não conseguir ultrapassar os US$ 32 mil, podemos continuar esperando mais lateralização por uns dias, com possível queda, aumentando o sentimento de medo em relação a níveis ainda mais baixos de preço”, disse Eduardo Andrade, trader do Mercado Bitcoin, em análise do E-Investidor.
Ataques e votações
A Optimism, solução de escalabilidade de segunda camada do Ethereum, informou nesta quinta-feira (9) que US$ 15 milhões em tokens de governança OP foram roubados por invasores. Segundo o CoinDesk, o problema ocorreu quando a Optimism enviou os fundos para a formadora de mercado Wintermute, que forneceu um endereço de blockchain incorreto. Em comunicado, o CEO da Wintermute, Evgeny Gaevoy, assumiu a responsabilidade pelo prejuízo: “Cometemos um grave erro”.
Apesar dos elevados custos das transações, investidores decidiram que o token ApeCoin (APE) deve permanecer na blockchain Ethereum. Cerca de 54% votaram a favor, o que representa 3,8 milhões de tokens, comparados com 3,3, milhões contra a decisão, de acordo com dados do rastreador Snapshot publicados pela Bloomberg. Grande parte das criptomoedas pertence a seus criadores, entre eles Andreessen Horowitz e Animoca Brands.
Nível de usuários
Relatório do Citigroup divulgado pelo CoinDesk indica que a volatilidade do mercado afetou o número de usuários de criptomoedas. Os volumes de negociação e endereços ativos deram um salto na época do colapso do sistema Terra (LUNA), o que sinaliza participação de usuários, mas desde então houve uma reversão desse aumento para níveis anteriores ou até menores.
Mas o CEO da Galaxy Digital, Michael Novogratz, diz que está otimista sobre um crescente uso de criptomoedas, mesmo vendo um cenário desafiador à frente para ações e moedas digitais. Durante conferência organizada na quarta-feira (8) pelo banco de investimento Piper Sandler, em Nova York, o executivo recomendou diversificar os investimentos – “não coloque todos os ovos em uma cesta” – e buscar protocolos com gestão de risco adequada.
A confiança de Wall Street no setor também parece seguir de pé. No mesmo evento, a corretora global BGC Partners anunciou que planeja lançar uma exchange de criptomoedas até o fim deste ano ou primeiro trimestre de 2023, segundo o CEO da empresa, Howard Lutnick.
Outros destaques
A Valor Capital planeja montar uma estrutura de investimento em empresas nascentes específica para financiar startups e projetos envolvendo criptoativos, de acordo com o Valor. No radar da gestora estão desde provedores de infraestrutura até soluções de finanças descentralizadas (DeFi), NFTs (tokens não fungíveis), games e as chamadas DAOs (organizações autônomas descentralizadas).
O chef Rafa Costa e Silva, do Lasai, abre mais um restaurante no mês que vem. Localizado no Leblon, no Rio de Janeiro, o Crypto Kitchen aceitará pagamentos em criptomoedas, segundo o jornal O Globo. Nova York também terá um restaurante com esse perfil, mas só em 2023, disse o chef, que conta com uma estrela no Guia Michelin.
A Miami International Holdings, controladora da Miami International Securities Exchange, firmou uma parceria com a empresa de blockchain Lukka para lançar derivativos de criptomoedas. Com o acordo, a MIH terá uma licença de vários anos para usar dados da Lukka em derivativos de criptomoedas, informou o CoinDesk.
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A Coinbase Global era vista como uma porta de entrada para uma carreira promissora em criptomoedas. Agora, pessoas que tiveram suas ofertas rescindidas buscam alternativas após a abrupta suspensão dos planos de expansão da maior corretora dos EUA, mostra reportagem da Bloomberg. “Fui demitido antes mesmo de ter a chance de provar meu valor”, disse Conner Hein, 22, que se formou na Universidade de Michigan em maio. Ele havia aceitado uma oferta da Coinbase em fevereiro, após ter recusado propostas da PricewaterhouseCoopers e Amazon.com.
No Brasil, a Coinbase contratou 40 pessoas e prepara o lançamento oficial no país, previsto para 2023. Em entrevista ao Blocknews, Fabio Plein, diretor da corretora para o mercado brasileiro, disse que a exchange pretende conquistar 100 milhões de novos usuários nos próximos anos. A empresa contava com 98 milhões de usuários verificados em mais de 100 países no fim de 2021.
Investir no futuro da indústria cripto não requer comprar criptomoedas, segundo o diretor operacional da gestora de recursos americana PGIM, com US$ 1,4 trilhão em ativos sob gestão. Em entrevista à Bloomberg, Taimur Hyat disse que os investidores devem focar em empresas que atuam na infraestrutura do setor, como blockchain e contratos inteligentes, por exemplo. Em relação ao metaverso, o executivo disse que vê semelhanças com os anos 90. “Haverá muitos perdedores e alguns vencedores.”
As famílias mais ricas do mundo investiram mais em private equity do que em ativos tradicionais, como renda fixa e ações em 2021, segundo relatório anual do UBS divulgado pela Reuters. Cerca de 81% dos family offices pesquisados investiram quase 3% em criptomoedas para aprender sobre a tecnologia e buscar melhores retornos.
O volume de negociações com criptomoedas declarado por investidores brasileiros em corretoras estrangeiras caiu em mais da metade em apenas um mês, mostram dados quadrimestrais divulgados pela Receita Federal. Após os brasileiros declararem R$ 178,3 milhões em criptomoedas negociadas em exchanges estrangeiras em março, esse número recuou 57%, para R$ 75,5 milhões em abril.
A Edge, empresa por trás da popular carteira de criptomoedas homônima, lançou na quarta-feira o cartão pré-pago “Confidential Mastercard”, que não exige requisitos de identificação ou informações pessoais e identificáveis para ser usado. “Definitivamente não [vamos pedir] seu endereço… nada”, disse Paul Puey, cofundador e CEO da Edge, ao Decrypt.
A Valkyrie Investments levantou US$ 11,15 milhões em uma nova rodada de financiamento estratégico. O investimento contou com a participação de empresas como BNY Mellon, Wedbush Financial Services, Clearsky, Zilliqa Capital, entre outros, conforme o The Block.
A tão aguardada transição do mecanismo de consenso com prova de trabalho (PoW, na sigla inglês) para prova de participação (proof-of-stake, ou PoS) na rede Ethereum ficou mais próxima na quarta-feira, com a realização bem-sucedida da fusão para a camada — Ethereum 2.0 — na rede de testes Ropsten. Esse é um passo fundamental antes da transição, prevista para agosto.
A oferta de US$ 44 bilhões de Elon Musk pelo Twitter conta com o apoio de grandes investidores e gigantes do Vale do Silício. Mas também com US$ 700 milhões da empresa de investimento Vy Capital, fundada pelo alemão Alexander Tamas e com sede em Dubai. Tamas já trabalhou em estreita colaboração com o bilionário russo-israelense Yuri Milner, segundo a Bloomberg.
O Twiter concordou em fornecer para Musk todos os dados gerados na rede social, incluindo o registro de todos os tuítes, de qual aparelho são postados e informações sobre a conta do usuário que fez a publicação, de acordo com o The Washington Post.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
Novos recursos de privacidade implementados no protocolo da Litecoin (LTC) parecem ter desagradado corretoras em países altamente regulados. Bithumb e Upbit, duas corretoras sul-coreanas de criptomoedas, vão remover o token de suas plataformas após modificações que permitem mais privacidade ao realizar transações com LTC.
O presidente da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), Rostin Behnam, vê pesquisas e incentivos como forma de abordar o uso de energia na mineração de Bitcoin, com a maior divulgação de informações para investidores e consumidores, segundo o The Block. Em evento organizado na quarta-feira pelo Washington Post, Behnam elogiou o projeto de lei bipartidário apresentado nesta semana nos EUA. “Uma das coisas mais complicadas que teremos que fazer – e acho que abordam isso muito bem – é distinguir uma commodity de um valor mobiliário”.
O Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York divulgou na quarta-feira novas regras para empresas de criptomoedas licenciadas que emitem stablecoins, exigindo requisitos de reserva e auditorias independentes mensais. A agência disse que as stablecoins devem ser totalmente garantidas por uma reserva de ativos e resgatáveis pelos investidores, informou a CNBC.
Metaverso, Games e NFTs
A Yuga Labs revogou um código que possibilitava cunhar um número infinito de tokens não fungíveis do Bored Ape Yacht Club, o que elimina uma potencial vulnerabilidade a ataques de hackers com novos Apes inundando o mercado, de acordo com tuíte do cofundador e desenvolvedor da empresa.
A Salesforce, líder na fabricação de software de relacionamento com clientes, lançou um serviço baseado em nuvem para criar e vender tokens não fungíveis. O serviço foi desenvolvido para marcas de consumo que desejam vender NFTs para acesso especial, como entradas para um evento, em vez de arte ou negociação, disse à Bloomberg Adam Caplan, que supervisiona tecnologias emergentes na Salesforce.
Uma das principais vozes no metaverso lançou um fundo de índice focado em criptoativos e relacionados à próxima geração da internet. O escritor e capitalista de risco Matthew Ball anunciou uma parceria com a Multicoin Capital e a Bitwise Asset Management para lançar o “Ball Multicoin Bitwise Metaverse Index”. A Bitwise também disponibilizou um fundo associado para compradores qualificados.