As duas maiores criptomoedas começam em queda, enquanto as altcoins mostram desempenho misto. O Bitcoin (BTC) recua 1% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 46.968, segundo dados do CoinGecko. O Ehereum (ETH) tem queda de 0,5%, para US$ 3.479.
No Brasil, o Bitcoin também opera com pouca variação, com baixa de 0,6% e negociado a R$ 216.401, mostra o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O cenário macroeconômico chama a atenção de investidores diante dos crescentes sinais de inflação acelerada ao redor do mundo e contínua tensão geopolítica. E a pressão sobre os preços pode aumentar ainda mais, pelo menos na Europa.
“Há ventos contrários nos mercados, não apenas em criptomoedas. Temos uma inflação que não é transitória. Há incerteza em torno de aumentos de juros e conversas sobre recessão”, disse Chris Kline, cofundador da plataforma Bitcoin IRA, em entrevista à Bloomberg.
Mais sanções
A ministra de Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, disse que a União Europeia deve avaliar a suspensão das compras de gás russo, medida que líderes europeus haviam rejeitado até o momento, de acordo com o New York Times. A decisão de mais sanções à Rússia pode vir na esteira de evidências sobre supostas atrocidades cometidas contra civis na Ucrânia, particularmente em Bucha, uma cidade nos arredores de Kiev.
Diante do ambiente macro complicado, o mercado buscas pistas sobre o rumo do Bitcoin e de outras criptomoedas depois do rali no fim de março.
Joe DiPasquale, CEO da gestora de fundos BitBull Capital, acredita que ainda há espaço para valorização. “A consolidação do Bitcon acima de US$ 46.000 será fundamental para a continuidade dos ganhos em direção ao marco de US$ 50.000”, disse DiPasquale ao CoinDesk.
Mas ele alerta que, se o BTC não conseguir se manter acima desse nível, um novo teste para um piso mais perto dos US$ 40.000 pode estar a caminho. Em sete dias, o Bitcoin mostra queda de 1,2%, enquanto o Ethereum ainda avança 6,4%.
Entre os tokens mais negociados, a segunda-feira é de perdas e ganhos, mostram dados do CoinGecko: Binance Coin (+0,1%), Solana (-3,3%), Terra (-2,1%), XRP (+0,7%), Cardano (+3,1%), Avalanche (-3,2%), Polkadot (-3,7%), Dogecoin (+1,1%) e Shiba Inu (-0,4%).
Marco de 19 milhões
Na sexta-feira (01), o Bitcoin atingiu um marco histórico: 19 milhões de unidades foram mineradas desde que o sistema da criptomoeda com maior valor de mercado começou a rodar em janeiro de 2009. Agora, restam somente 2 milhões de bitcoins para serem emitidos.
“… Os próximos 118 anos serão de competição acirrada pelos últimos 10% de base monetária, e não há nada que ninguém possa fazer para emitir um satoshi a mais que seja”, disse Breno Brito, cientista de dados do Mercado Bitcoin, em entrevista ao Portal do Bitcoin.
Em meio a esse marco, em artigo intrigante publicado justo no “Dia da Mentira”, Vitalik Buterin, criador da segunda maior criptomoeda do mundo, explicou por que o maximalismo dos bitcoiners deve ser levado em consideração, além de criticar o Ethereum.
Outros destaques
Boom cripto: Quase metade de todos os investidores de criptomoedas nos Estados Unidos, América Latina e Ásia-Pacífico comprou moedas digitais pela primeira vez em 2021, mostra nova pesquisa da exchange americana Gemini publicada pela Reuters. Brasil e Indonésia lideram o ranking global: 41% das pessoas pesquisadas nesses países disseram possuir criptomoedas, em comparação com 20% nos EUA e 18% no Reino Unido.
O universo de veículos cripto negociados em bolsas da Europa continua em expansão. A Valour Inc., gestora de ativos suíça controlada pela DeFi Technologies, está lançando três produtos desse tipo que rastreiam os tokens Cardano, Polkadot e Solana, informou a Bloomberg.
Aposta na queda: Algumas empresas de investimento, entre elas Fir Tree Partners e Viceroy Research, fizeram apostas de peso na queda do preço da Tether em meio ao risco de perdas, disseram pessoas a par do assunto ao Wall Street Journal. A Tether, com capitalização de cerca de US$ 82 bilhões, é a stablecoin mais usada para negociar Bitcoin, com valor fixo atrelado ao dólar.
Filatropia cripto: Sam Bankman-Fried, CEO da exchange FTX, é uma das pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna de mais de US$ 20 bilhões, segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg. Mas o executivo descolado diz que quer manter apenas o necessário para uma vida confortável: 1% dos seus ganhos, ou o mínimo de US$ 100 mil por ano. O resto, quer destinar à doação, disse em entrevista à Bloomberg.
Tokenização: O Mercado Bitcoin Digital Assets planeja originar R$ 600 milhões em tokens até o fim deste ano. A ideia é ir além dos negócios de corretora e entrar nesse segmento, que envolve a certificação, por meio da tecnologia blockchain, de ativos reais ou digitais. “Acredito que esse vai ser o nosso principal produto no futuro”, disse ao Valor Vitor Delduque, diretor de novos negócios do MB Digital Assets, empresa controlada pela 2TM.
Regulação, Segurança e CBDCs
Euro digital: O Banco Central Europeu deve optar por uma solução centralizada para o euro digital, o que pode levantar questões sobre privacidade, aponta análise do CoinDesk. Ministros das Finanças da zona do euro vão discutir o assunto nesta segunda-feira (4), e uma consulta da Comissão Europeia deve ocorrer em breve
Outro alvo de hackers foi a Inverse Finance, um protocolo de código aberto com foco em empréstimos de criptomoedas. A invasão resultou na perda de US$ 15,6 milhões e foi divulgada no sábado (02) pela equipe do projeto no Twitter.
A recente onda de golpes bilionários de pirâmide financeira envolvendo criptomoedas deve acelerar a regulamentação das operações no Brasil, segundo artigo do Valor. Para Vanessa Butalla, diretora executiva de Jurídico e Compliance da 2TM, a segurança regulatória trará um amadurecimento do mercado, no qual o investidor terá amplo conhecimento dos riscos do produto e da reputação da corretora.
Em coluna no Estadão, as advogadas Mariana Chaimovich e Thaís Duarte Zappelini destacaram que a ausência de regulação de criptoativos “gera uma série de dúvidas, fomentando um ambiente de instabilidade e insegurança jurídica”.
Nicholas Sacchi, head de research de Digital Assets no BTG Pactual, também vê benefícios na definição de um marco regulatório: “Na maior parte dos casos, a regulação visa trazer maior segurança para quem acessa o mercado e também para criar as bases para que o setor consiga avançar mais amplamente”, disse em entrevista à Exame,
De olho em tecnologias para iniciativas como o Real Digital, o Banco Central irá selecionar quatro projetos para oferecer bolsas com incentivos financeiros a universitários inovadores que façam parte de startups com trabalhos focados em DeFi (finanças descentralizadas). O programa conta com a parceria do Mercado Bitcoin, que vai financiar as bolsas de estudo.
Na Indonésia, o governo anunciou na sexta-feira (01) que vai passar a cobrar impostos de transações realizadas com criptomoedas. Uma alíquota de 0,1% por cada transação passa a vigorar a partir de 1º de maio, noticiou a Reuters.
E na China, o banco central informou no sábado (2) que expandirá o projeto piloto de sua moeda digital para outras regiões, incluindo cidades na província de Zhejiang, no leste, que deve receber os Jogos Asiáticos neste ano.
Metaverso, Games e NFTs
Investimentos digitais pela preservação da Amazônia ganham adeptos, “mas não salvam a mata”, aponta reportagem do jornal O Globo. Gustavo Pinheiro, coordenador do portfólio de Economia de Baixo Carbono do Instituto Clima e Sociedade (iCS), diz que essas iniciativas são positivas, mas têm que estar ligadas a um projeto de desenvolvimento sustentável da região. Assim, tokens não fungíveis poderiam ajudar a preencher espaços vulneráveis próximos a áreas protegidas.
No futebol, o lucrativo contrato de patrocínio entre a plataforma de streaming de música Spotify e o Barcelona marca o início de uma “nova era”, disseram especialistas à Folha. “Criptomoedas, blockchain, NFT, serviços online, plataformas, programas de videoconferência… Os atores que estão aparecendo hoje são principalmente empresas ou marcas do setor tecnológico ou digital”, diz Pierre-Emmanuel Davin, CEO da Nielsen Sports.
Arte na Lua: Jeff Koons – dono do recorde de maior preço de leilão para uma obra de um artista vivo – espera levar suas esculturas de arte pop a alturas ainda maiores no fim deste ano, quando lançar uma série de peças físicas no espaço como parte de sua primeira incursão no mundo de tokens não fungíveis, segundo a Forbes.
Jim Carrey, aos 60 anos, anunciou sua aposentadoria depois de “Sonic the Hedgehog 2”, conforme o Estadão. O ator e ilustrador tem se dedicado a um novo projeto com a produção de NFTs. O novo filme também pode ser o último da sua carreira e chega aos cinemas na próxima sexta-feira, 8 de abril.