Os mercados globais enfrentam forte onda vendedora nesta sexta-feira (10), com investidores se livrando de criptomoedas e ações. Os traders estão preocupados com o contágio do colapso do Silvergate e com a crise de liquidez de outro banco americano, o Silicon Valley Bank, considerado o banco das startups.
Nesta sexta-feira, investidores também ficam de olho no relatório de empregos dos EUA, que deve dar pistas sobre os próximos passos do banco central americano.
O Bitcoin (BTC) registra baixa de 8% nas últimas 24 horas, para US$ 19.911,35, segundo dados do Coingecko. Em reais, a maior criptomoeda mergulha 7,8%, negociada a R$ 103.319,39, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) cai quase 9%, cotado a US$ 1.398,30.
As altcoins também mostram fortes perdas, entre elas BNB (-6,8%), XRP (-7,5%), Cardano (-4%), Polygon (-8%), Dogecoin (-9,9%), Solana (-11%), Polkadot (-7%), Shiba Inu (-8,9%) e Avalanche (-8,2%).
Processo contra KuCoin
A procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, entrou com uma ação contra a KuCoin na quinta-feira (9), alegando que a exchange cripto com sede em Seychelles está violando as leis de valores mobiliários ao oferecer tokens – incluindo o Ethereum – que atendem à definição de valor mobiliário sem registro da agência.
É a primeira vez que um regulador alega em um tribunal que o ETH é um valor mobiliário, segundo o CoinDesk. Embora o presidente da SEC, Gary Gensler, tenha insinuado que sua agência pode considerar o Ethereum valor mobiliário, a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) há muito tempo argumenta que tanto o Bitcoin quanto o ETH são commodities.
De acordo com o processo, o escritório da procuradora-geral acredita que o ETH, o token luna (LUNA) e a stablecoin terraUSD (UST), todos negociados na KuCoin, são valores mobiliários. O preço do ETH caiu 8% 30 minutos após a revelação do processo.
Em outra investida de reguladores nos EUA, o Gabinete do Agente Fiduciário do Departamento de Justiça dos EUA entrou com um recurso contra a aquisição pela Binance.US dos ativos da Voyager Digital, cerca de um dia depois de o juiz de falências de Nova York, Michael Wiles, ter dado o sinal verde para o negócio.
Regulação de stablecoins
Outro segmento que recebe crescente escrutínio de reguladores é o mercado de stablecoins.
Michael Barr, vice-presidente de supervisão do Federal Reserve, fez um apelo ao Congresso dos EUA para uma legislação que aborde as criptomoedas.
“Há um papel crítico para o Congresso desempenhar agora no estabelecimento de um marco para as stablecoins, porque as stablecoins, em particular, representam o potencial de risco sistêmico se não forem regulamentadas adequadamente”, afirmou Barr em comentários preparados para uma apresentação no Peterson Institute for International Economics.
O Fed também decidiu criar uma equipe especializada para se manter atualizado sobre o setor de criptomoedas, disse Barr, observando que a inovação deve ser equilibrada com proteções adequadas para garantir a segurança dos consumidores.
Captação da ECSA
Mesmo com a pressão regulatória, empreendedores não parecem intimidados.
A ECSA, emissora de stablecoin com sede no Brasil, levantou US$ 3 milhões em uma rodada de financiamento pré-semente que contou com a participação de investidores como a aceleradora de startups Y Combinator e Arca, disse a empresa em comunicado divulgado pelo The Block.
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Os fundos têm como destino trazer moedas para operações de “carry trade”, ou arbitragem de juros. A ECSA vai começar trazendo o real para sua rede. Sua stablecoin BRLe é garantida por Letras do Tesouro e está sob custódia do Itaú Unibanco.
Já o cofundador da corretora cripto BitMEX, Arthur Hayes, propôs a criação de uma stablecoin pareada ao dólar, porém respaldada por derivativos de Bitcoin. Em texto publicado no Medium, o executivo apelidou o projeto de NakaDollar (NUSD).
Enquanto isso, a stablecoin DAI da MakerDAO pode passar por uma reformulação, de acordo com Rune Christensen, fundador da organização autônoma descentralizada. Ele sugeriu que o token deveria ser renomeado para ser mais compreensível para “pessoas normais” e que deveria ter USD no nome para implicar um vínculo com o dólar, de acordo com o CoinDesk.
Outro banco dos EUA em apuros
A decisão do Silvergate Capital de encerrar as operações e a pressa do Silicon Valley Bank (SVB) Financial Group em buscar dinheiro no mercado derrubaram as ações de bancos americanos na quinta-feira (9). E Wall Street já começa a se perguntar se esses problemas seriam o começo de uma crise muito maior, destaca análise da Bloomberg.
Silvergate e SVB, ambos com sede na Califórnia, tinham algo em comum: uma base inconstante de clientes que fizeram saques em ritmo acelerado. Mas, por trás dessa fragilidade, está o impacto do aumento dos juros nos EUA, o que sobrecarregou bancos com títulos de juros baixos, que não podem ser vendidos às pressas sem perdas. Portanto, se muitos clientes sacarem de uma só vez, cria-se o risco de um ciclo vicioso, apontam especialistas.
Silvergate e SVB, “na verdade, são vítimas do mesmo fenômeno à medida que o aperto do Fed extingue a ‘espuma’ daquelas partes da economia com mais excesso – e é difícil encontrar mais excesso do que em startups cripto e de tecnologia”, disse à Bloomberg Adam Crisafulli, da Vital Knowledge.
Ações de de outros bancos menores que também atuam no setor cripto foram “punidas” por investidores, entre eles o Signature Bank, Customers Bancorp e Metropolitan Bank.
Impacto do banco SVB no Brasil
Empresas brasileiras estão sacando recursos depositados no SVB, considerado o banco das startups, segundo apurado pelo portal NeoFeed.
As ações do banco californiano chegaram a cair mais de 50% em meio à uma crise de liquidez, agravada por um anúncio de venda de ações de US$ 2,25 bilhões pela controladora SVB Financial Group, além de perdas em sua carteira de títulos do Tesouro dos EUA e notas lastreadas em hipotecas, de acordo com a reportagem.
“Todas as startups do nosso portfólio que tinham recursos lá sacaram o dinheiro hoje (9 de março)”, disse um investidor ao NeoFeed, que pediu para não ser identificado. “A boa notícia é que conseguiram sacar.”
Outros destaques das criptomoedas
A BlockSeer, empresa criada por especialistas em crimes cibernéticos e financeiros, descobriu uma movimentação de R$ 174 milhões, entre os dias 28 de fevereiro e 5 de março, em carteira de bitcoins relacionada à GAS Consultoria e Tecnologia, de Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins, informou o jornal O Globo. A notícia já havia sido adiantada pelo Portal do Bitcoin.
A Hedera confirmou a invasão de um contrato inteligente em sua rede principal, que resultou no roubo de vários tokens em exchanges descentralizadas (DEX). A atividade suspeita foi detectada quando o hacker tentou transferir os tokens roubados pela ponte Hashport. A Hedera identificou a falha que facilitou a invasão e está trabalhando em uma solução.
A Meta Platforms, dona do Facebook, trabalha em um aplicativo descentralizado baseado em texto, de acordo com reportagem do Tech Crunch nesta sexta-feira. O aplicativo será um produto autônomo para compartilhar atualizações de texto, de acordo com o portal, que cita um porta-voz da Meta. A notícia foi relatada pela primeira vez pelo site de notícias de negócios indiano MoneyControl.
A Animoca Brands, empresa dona do metaverso The Sandbox, vai abrir um clube em Los Angeles para reunir entusiastas da web3, conforme a Exame. O acesso ao local será permitido apenas para detentores de uma coleção de tokens não fungíveis (NFTs) associada ao projeto. O chamado CLUB 3, com previsão de abertura no segundo semestre de 2023, fechou uma parceria com o Planet Hollywood Group e contará com restaurantes, bares, salas de karaokê e outras instalações.
O Starbucks Odyssey, o programa de fidelidade em web3 da rede de cafés, lançou sua primeira edição limitada de NFTs, batizada de “Stamps”. O programa, ainda em versão beta apenas para convidados, permite que os membros concluam atividades como questionários e compras na loja para ganhar os Stamps, que podem ser colecionados ou revendidos no Nifty Gateway.
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