O mercado de criptomoedas começou a se recuperar do susto causado por um polêmico relatório da Matrixport alertando para um possível atraso na aprovação de fundos com exposição direta ao Bitcoin nos EUA, enquanto especialistas buscam explicar quais fatores estariam por trás da atual onda vendedora.
Na renda variável, os índices futuros das bolsas de Nova York mostram estabilidade, com traders de ações ainda digerindo a ata da última reunião do banco central americano. O Federal Reserve acredita que os juros atingiram um pico, mas sinalizou que as taxas permanecerão elevadas por “algum tempo” antes de um alívio monetário.
O Bitcoin registra alta de 1,7% na manhã desta quinta-feira (4), para US$ 43.300, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC cai 2,6%, negociado a R$ 214.163, de acordo com o Índice do Preço do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) teme leve valorização de 0,8%, cotado a US$ 2.235.
As valorizações entre as altcoins são ainda mais acentuadas nesta quinta, com destaque para BNB (3,4%), XRP (2,4%), Solana (3%), Cardano (4,8%), Dogecoin (0,6%), TRON (1,4%), Toncoin (5,6%), Chainlink (5.6%), Avalanche (4,4%), Polkadot (6,8%), Polygon (0,6%) e Shiba Inu (3%).
Bitcoin hoje
O mergulho do Bitcoin na quarta-feira (3) praticamente eliminou os ganhos nos primeiros dias do ano da maior criptomoeda, que vinha embalada pelo otimismo em torno do lançamento de fundos de índice (ETFs) à vista nos EUA.
O BTC despencou 9% e caiu brevemente abaixo da marca de US$ 41 mil ontem (3) depois de superar os US$ 45 mil, a maior cotação em 21 meses, mostram dados da Bloomberg.
O Bitcoin não foi o único atingido. Mais de US$ 600 milhões em posições com exposição a criptomoedas nas maiores exchanges foram liquidadas na quarta-feira, de acordo com cálculos da Coinglass.
O analista Markus , da Matrixport, chocou o mercado ao dizer que a SEC, a CVM dos EUA, deve rejeitar todos os pedidos de ETFs de Bitcoin à vista e adiar a decisão esperada até 10 de janeiro.
E também foi questionado por outros analistas, como o especialista em ETFs Eric Balchunas, da Bloomberg Intelligence, que perguntou no X como Thielen chegou a tal conclusão, já que não identificou mudanças que pudessem justificar a previsão pessimista.
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Também no X, Jihan Wu, cofundador da Matrixport, disse que é improvável que o relatório tenha provocado o “crash” e destacou as perdas das ações de empresas cripto cripto nos últimos dias.
Em entrevista ao CoinDesk, o analista sênior da K33 Research, Vetle Lunde, afirmou que o mercado estava superaquecido e muito alavancado, o que deixou os preços vulneráveis.
“A alavancagem no mercado estava muito alta antes do ‘crash’, com os ‘comprados’ sendo o principal ‘agressor’, evidente pelas taxas de financiamento e pelos prêmios futuros empurrando para taxas anualizadas acima de 50%”, explicou Lunde.
ETF da Fidelity está pronto para estrear na CBOE
Embora a SEC ainda não tenha se pronunciado sobre sua decisão, o Fidelity Wise Origin Bitcoin Fund, da gestora de ativos Fidelity Investments, está pronto para ser listado na CBOE, de acordo com novo documento enviado à reguladora na quarta-feira (3).
Uma lista na Depository Trust and Clearing Company (DTCC) inclui códigos para todos os fundos negociados em bolsa, ativos e de pré-lançamento. E atualmente mostra que o ETF Fidelity Bitcoin seria negociado na CBOE sob o “ticker” FBTC.
Enquanto isso, a gestora Grayscale Investments está em negociações com bancos como JPMorgan e Goldman Sachs para que atuem como participantes autorizados em sua proposta de ETF de Bitcoin à vista, disse uma fonte à Bloomberg.
Em outra novidade em um mercado já agitado, ex-executivos do Citgroup planejam lançar os chamados “recibos de depósito de Bitcoin” que dispensariam aprovação da SEC, semelhantes aos recibos de depósito americanos, ou ADRs, que representam ações de empresas estrangeiras, segundo a Bloomberg.
Outros destaques das criptomoedas
O desenvolvedor do padrão BRC-20, que permite a criação de tokens na rede do Bitcoin, alertou que a atualização do protocolo Ordinals planejada pelo marketplace UniSat não é segura, além de resultar numa bifurcação (fork) centralizada. Conhecido como “Domo”, o desenvolvedor também afirmou no X que o plano proposto poderia causar falhas e dar muito controle à empresa.
Ataques de phishing resultaram no roubo de quase US$ 300 milhões em criptomoedas no ano passado, de acordo com a empresa de segurança blockchain Scam Sniffer. Em relatório, a Scam Sniffer identificou que os golpistas levaram US$ 295,5 milhões em criptoativos de 324 mil vítimas em 2023, com a maior quantia roubada de um único usuário, em um total de US$ 24 milhões. O drenador de carteiras “Inferno Drainer”, por exemplo, conseguiu desviar US$ 81 milhões de 134 mil vítimas no período.
Na Coreia do Sul, a Comissão de Serviços Financeiros propôs uma alteração da lei de financiamento que visa proibir residentes de comprar criptomoedas por meio de cartões de crédito, informou o The Block. O objetivo do regulador é limitar a compra de criptomoedas por traders em exchanges estrangeiras. Na Nigéria, o governo divulgou regras rigorosas para bancos que abrirem contas para empresas de cripto.
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