Traders de criptomoedas se recuperam do susto provocado pela investida de reguladores americanos contra as gigantes Binance e Coinbase e nesta quarta-feira (7) buscam refúgio em tokens que não são considerados valores mobiliários, como o Bitcoin.
Nas bolsas globais, o clima é de cautela entre investidores de ações após dados que mostraram queda de 7,5% das exportações da China, acima do esperado, mostrando fraqueza do comércio global.
O Bitcoin (BTC) sobe 3,0% nas últimas 24 horas, para US$ 26.562, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC ganha 2,3%, cotado a R$ 131.211, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) opera em alta de 2,1%, negociado a US$ 1.857.
O token nativo da Binance, o BNB, está com perdas de -2,4% e segue em queda livre desde as notícias de ontem.
Outras altcoins são negociadas entre perdas e ganhos, com destaque para XRP (+3,3%), Cardano (-5%), Dogecoin (+1,9%), Solana (-1,1%), Polygon (-4,2%), Polkadot (+0,8%), Avalanche (+1,8%) e Shiba Inu (-0,7%).
Analistas apontam que o mercado cripto pode passar por uma “bifurcação”, separando o joio do trigo em meio à pressão regulatória nos EUA.
“Vimos um ‘banho de sangue’ para as altcoins. Muito provavelmente, isso se deve ao fato de os processos da SEC nomearem uma cesta de altcoins como valores mobiliários, embora não classifiquem Bitcoin e Ether na mesma classe”, disse Jeff Mei, diretor operacional da exchange cripto BTSE, em comunicado ao CoinDesk por e-mail. “E, em geral, os traders cripto parecem estar fugindo para a relativa segurança das maiores criptomoedas por capitalização de mercado.”
Investida da SEC contra Coinbase e Binance
Após ser processada pela reguladora SEC pelos mesmos motivos da ação contra a Binance, a suposta violação da lei de valores mobiliários nos EUA, a Coinbase ameaçou levar o caso à Suprema Corte do país se necessário.
“Se for preciso ir à Suprema Corte, é isso que estamos preparados para fazer”, disse o principal advogado da Coinbase, Paul Grewal, em entrevista à Bloomberg, acrescentando que, em sua opinião, a maior corretora cripto dos EUA pode vencer a batalha. “Acho que todos os tribunais que analisarem essa questão concluirão que a SEC errou fundamentalmente.”
A Coinbase tem repetidamente exigido clareza da SEC em relação às regras para a indústria cripto, o que inclui a definição do que é um valor mobiliário, mas sem sucesso.
No entanto, um tribunal de apelação nos EUA deu um prazo de uma semana para que a agência responda aos questionamentos da Coinbase.
Em meio à disputa legal, traders sacaram US$ 600 milhões em um dia da Coinbase, e as ações da empresa despencaram em Nova York, caindo até 21%, mostram dados da Bloomberg.
Mas os fundos da gestora popstar Cathie Wood aproveitaram a onda vendedora para reforçar a aposta na exchange americana, com a compra de mais de 400 mil ações.
No caso da Binance, também alvo de um processo da SEC, assim como seu CEO, Changpeng “CZ” Zhao, os saques tanto na afiliada dos EUA como na plataforma global somaram US$ 1,43 bilhão desde a abertura do caso, de acordo com a Reuters.
O xerife de Wall Street enviou a um tribunal dos EUA um pedido de restrição temporária para congelar as criptomoedas mantidas na Binance.US.
De acordo com a moção enviada ao Tribunal Distrital de DC, a SEC pede o congelamento de bens das entidades BAM Management e BAM Trading Services, responsáveis por operar a Binance.US, e foco do processo movido pela reguladora.
Em entrevista ao Decrypt, o empresário canadense e estrela do programa “Shark Tank” Kevin O’Leary disse que a Binance pode ficar “sem oxigênio” com a medida, que pode limitar as oportunidades da exchange de se expandir em outras jurisdições.
Para ele, “os cowboys” da indústria cripto logo se tornarão uma coisa do passado e as ações regulatórias recentes devem representar um ponto de inflexão para o setor.
CPI das Pirâmides
No Brasil, onde investidores ainda são vítimas de golpes financeiros, a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das pirâmides de criptomoedas foi adiada por falta de quórum. O deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), cotado para presidir a CPI, disse que a instalação deve ocorrer na próxima terça-feira, segundo o Valor Econômico.
Enquanto investidores aguardam o decreto que vai regular o mercado cripto brasileiro, mais casos de uso indevido de moedas digitais vêm à tona.
Reportagem do InfoMoney revela que alguns lojistas da região da rua 25 de Março, em São Paulo, conseguiram uma maneira de driblar as autoridades na compra de produtos para reabastecer os estoques com os chamados “dólares digitais”.
Segundo o InfoMoney, a prática conhecida como dólar-cabo agora é chamada de “cripto-cabo”, onde importadores declaram compras com valores mais baixos e pagam a diferença usando criptos. Iniciada com Bitcoin, agora a stablecoin Tether (USDT), a maior do mundo, é usada em larga escala na prática de contrabando, disseram fontes ao portal.
Outros destaques das criptomoedas
A FTX planeja vender sua participação na Anthropic, rival da startup de inteligência artificial OpenAI, de acordo o portal Semafor. Segundo a reportagem, a exchange cripto fundada por Sam Bankman-Fried detém atualmente mais de US$ 500 milhões em ações da Anthropic, mostram dados publicados em novembro de 2022 pelo Financial Times. Ainda não se sabe se a fatia inteira será vendida ou só parte dela, na expectativa de que o “boom” da IA valorize ainda mais as ações.
A socialite americana Kim Kardashian não conseguiu convencer um juiz a arquivar um processo no qual ela é acusada de enganar investidores ao promover as supostas vantagens do token EthereumMax (EMAX), informou a Bloomberg. Floyd Mayweather Jr., ex-campeão de boxe que também foi processado, se saiu melhor: o juiz concluiu que suas declarações sobre as perspectivas de ganhos do EMAX foram inofensivas, embora investidores ainda possam recorrer. No fim do ano passado, Kardashian fechou um acordo com a SEC e pagou uma multa de US$ 1,26 milhão para arquivar um processo, sem admitir ou negar as alegações de promoção enganosa do EMAX.
E por falar em celebridades, a marca de luxo francesa Louis Vuitton vai lançar em breve uma série limitada de tokens não fungíveis (NFTs), com preço de US$ 41.712 cada um (39 mil euros), para dar acesso a produtos e experiências exclusivas a clientes top, anunciou a empresa na terça-feira (6).
A série “Treasure Trunks” será inspirada no icônico baú de bagagem da Louis Vuitton e consiste em apenas “algumas centenas” de NFTs, de acordo com a Vogue Business. Cada NFT “Treasure Trunk” terá um equivalente físico do baú feito sob encomenda, que normalmente é vendido por dezenas de milhares de dólares.
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