O mercado de criptomoedas opera nesta quarta-feira (13) na expectativa dos números de inflação ao consumidor nos Estados Unidos, que serão acompanhados de perto pelo banco central americano. O Bitcoin (BTC) é negociado a US$ 19.491,96, com leve alta de 0,8%, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) sobe 1,6%, cotado a US$ 1.056,61.
No Brasil, o Bitcoin avança 1,5%, para R$ 108.321,48, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As principais altcoins alternam entre perdas e ganhos como Binance Coin (+1,6%), XRP (+2,2%), Cardano (-0,5%), Solana (+1%), Dogecoin (-0,2%), Polkadot (+0,2%), Shiba Inu (+0,1%) e Avalanche (+0,4%).
Inflação nos EUA
As criptomoedas seguem o movimento dos índices acionários globais, que mostram desempenho misto antes da divulgação do relatório de preços ao consumidor em junho, previsto para às 10h30 de Brasília. Caso o IPC supere as projeções de 8,8%, o Federal Reserve poderia apertar ainda mais a política monetária, o que também tende a afetar o nível de liquidez do mercado e o fluxo de investimentos para os criptoativos. A próxima reunião do Fed está marcada para os dias 26 e 27 de julho.
Um índice de inflação nos EUA abaixo de 8,5% pode levar a um cenário em que o dólar “cai universalmente” e “as criptomoedas sobem mais de 5%”, escreveu Chris Weston, chefe de pesquisa do Pepperstone Group, em nota.
Mas Lucas Passarini, trader do MB, disse em análise do portal Inteligência Financeira que espera uma forte recessão global, com a inflação nos níveis atuais nos próximos anos e um viés de alta do Bitcoin voltando apenas a partir de 2024. “Precisaríamos reverter indicadores importantes para superar os US$ 40 mil, não acredito nisso para 2022.”
O Bitcoin atingiu um marco histórico na terça-feira (12) ao superar o patamar de 1 bilhão de endereços únicos criados na rede desde que a criptomoeda foi apresentada ao mundo há 13 anos, segundo dados da Glassnode.
Votação no Congresso
Com dez destaques recebidos, o projeto de lei que regula o mercado de criptoativos no Brasil perdeu o acordo informal que tinha entre as lideranças da Câmara dos Deputados e a votação em plenário só deve acontecer depois das eleições, conforme o Valor.
O deputado Expedito Netto (PSD-RO), relator da proposta na Câmara, rejeitou as principais modificações aprovadas pelo Senado, entre elas a que obrigava empresas estrangeiras a fazerem registro imediato de CNPJ e a reportarem ao Siscoaf para operar no Brasil.
“O mercado inteiro está a favor. Mesmo sem a segregação e a regra de transição, pelo menos o debate foi posto. O mais importante é termos a proteção necessária ao consumidor que a proposta garante”, afirma Julien Dutra, diretor de Relações Governamentais da 2TM, holding que controla o MB.
No entanto, fontes ouvidas pelo Portal do Bitcoin dizem que falar em adiamento para após a eleição pode ser “precipitado” e mantêm a expectativa de uma votação nesta quarta. Mesmo antes do processo eleitoral haveria oportunidades para a votação: “Temos janelas de oportunidades de votar em agosto e setembro, quando acontecerá uma ou duas semanas de esforço concentrado em cada um desses meses”, reforça um executivo envolvido com a questão.
Crise de liquidez
O cofundador do Three Arrows Capital (3AC), Su Zhu, quebrou o silêncio no Twitter na terça-feira (12) ao postar capturas de tela de um e-mail recente da Advocatus Legal, o escritório de advocacia que atua em nome do hedge fund cripto, enviado aos representantes legais dos credores que pediram a liquidação da empresa.
Uma das cartas acusa Russell Crumpler e Christopher Farmer, indicados por um tribunal das Ilhas Virgens Britânicas para conduzir a liquidação dos ativos do 3AC, de “provocar” Su e Kyle Davies, o outro cofundador do fundo. Os cofundadores do 3AC também alegam “ameaças de violência física”. Reportagem da Bloomberg detalha o histórico das estratégias dos cofundadores do 3AC, que “apostaram tudo” supondo que os preços nunca cairiam.
Um juiz em Nova York concedeu a credores que pediram a liquidação do Three Arrows Capital (3AC) o controle total dos ativos do hedge fund cripto nos EUA e os autorizou a emitir intimações aos cofundadores Su Zhu, Kyle Davies e outras partes com informações sobre a empresa sediada em Singapura.
A plataforma de empréstimos de criptomoedas Celsius praticamente quitou suas dívidas no mercado de finanças descentralizadas (DeFi) ao recuperar 400 mil Staked Ethereum (stETH) em garantias de seu empréstimo com o protocolo Aave. O valor equivale a US$ 415 milhões em criptomoedas que foram resgatadas do risco de liquidação – quase um décimo do valor de mercado de US$ 4,4 bilhões do ativo.
Reportagem do Financial Times com relatos de ex-funcionários e documentos internos sugerem que “a busca imprudente” da Celsius por altos retornos deixou a empresa em uma posição frágil para enfrentar a turbulência do mercado neste ano.
A Celsius estaria “profundamente insolvente”, alegou em comunicado o Departamento de Regulação Financeira do estado de Vermont, nos EUA, destacando que a plataforma não possui ativos e liquidez para honrar suas obrigações com clientes e credores.
“Ghosting”, ou “dar um perdido”, tem se tornado uma prática comum entre alguns executivos do setor cripto em momentos de crise, diz Emily Nicolle em análise da Bloomberg. Pedidos de paciência no Twitter quando depósitos são bloqueados ou mensagens de comprometimento em resolver o problema seguidas de um interminável silêncio se acumulam neste inverno cripto, no qual investidores “merecem um melhor tratamento, particularmente quando reguladores nem conseguem decidir qual jurisdição é responsável pelo colapso”, destaca.
Outros destaques
Pesquisa da Mastercard divulgada na terça-feira e publicada pela Veja confirma o interesse dos brasileiros por novas tecnologias. O levantamento online New Payments Index revelou que 86% dos 700 respondentes utilizaram ao menos um método de pagamento digital no ano anterior à pesquisa, realizada entre março e abril de 2022. Quase metade dos entrevistados já realizou alguma transação com criptomoedas. Segurança é um tema importante e influencia 52% dos entrevistados na escolha de um método de pagamento.
O Twitter abriu um processo contra Elon Musk devido à decisão do bilionário de cancelar sua oferta de aquisição de US$ 44 bilhões, de acordo com o Wall Street Journal. Com o processo, aberto em um tribunal de Delaware na terça-feira (12), a plataforma busca forçar o dono da Tesla a honrar os termos do acordo. Entre os motivos da desistência, Musk argumentou que o Twitter não havia fornecido os dados e informações necessários para avaliar a prevalência de contas falsas ou spam na rede social.
O financiamento de empresas privadas de criptoativos caiu no segundo trimestre para o nível mais baixo em um ano, segundo dados da empresa de pesquisa PitchBook divulgados pela Bloomberg. Investidores de venture capital destinaram US$ 6,76 bilhões para startups cripto nos três meses encerrados em junho, queda de 31% em relação ao trimestre anterior.
Mesmo com esse cenário, a empresa de venture capital Lightspeed Venture Partners anunciou três fundos dos EUA totalizando US$ 6,6 bilhões e um fundo de estágio inicial de US$ 500 milhões na Índia, o que eleva o capital total comprometido do grupo para US$ 18 bilhões, informou o CoinDesk.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
O Banco Central teria notificado o banco Acesso, responsável pelas transações da Binance, sobre o alto risco de lavagem de dinheiro nas operações e exigiu o envio de informações detalhadas sobre os clientes, de acordo com reportagem da Folha.
Segundo o BC, a Binance teria movimentado R$ 40 bilhões em 2021 sem que o Acesso tivesse qualquer controle sobre quem eram os clientes e se a origem dos recursos era lícita. Por meio de sua assessoria, a Binance negou qualquer tipo de determinação do BC.
A corretora foi uma das empresas usadas no esquema de pirâmide financeira de Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó do Bitcoin”. Quem supostamente estaria por trás da derrocada da GAS Consultoria, empresa de Glaidson, seria a Igreja Universal do Reino de Deus, segundo acusação feita por Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, esposa do “Faraó do Bitcoin”, em novo vídeo da série que tem publicado no YouTube.
Um ataque de phishing que oferecia tokens gratuitos (airdrop) fraudulentos conseguiu roubar US$ 8 milhões em fundos de usuários da Uniswap. O CEO da Binance, Changpeng Zhao, chegou a dar um alarme falso no Twitter de que o protocolo da corretora descentralizada teria sido invadido. Após esclarecimentos da equipe da Uniswap, CZ confirmou que se tratava de um esquema de phishing e que o protocolo estava seguro.
O Tesouro dos EUA anunciou na terça-feira (12) uma consulta pública em busca de comentários sobre os riscos e oportunidades apresentados pelos ativos digitais. As informações servirão como base para um relatório ao presidente Joe Biden sobre as implicações de ativos como as criptomoedas, conforme a Reuters.
Metaverso, Games e NFTs
Os empreendedores e irmãos Giovanni e Piero Buono pagaram US$ 2,5 milhões por uma garrafa de champanhe em uma venda privada, provavelmente a mais cara na história da indústria de vinhos, segundo o Wall Street Journal. Além do preço, o que também chamou a atenção foram os cinco NFTs incluídos na compra (entre eles um Bored Ape) e estampados na garrafa. O champanhe, um magnum elaborado com uvas Premier Cru e safra 2017, foi vendido pela Champagne Avenue Foch. Os irmãos, que investem em moda e cripto, por enquanto não pretendem saborear a bebida milionária. “Acho que será um bom investimento”, disse Giovanni.
A Snap estuda planos para permitir que usuários exibam tokens não fungíveis em seu aplicativo Snapchat, disseram pessoas com conhecimento do assunto ao Financial Times. Como parte do projeto, a rede social se prepara para testar uma ferramenta que exibirá NFTs como filtros de realidade aumentada.
Magic Eden, o principal mercado de NFTs da Solana, lançou o Magic Ventures, uma unidade de investimento de capital de risco focada especificamente em jogos Web3. Tony Zhao, ex-Tencent e contratado para liderar a missão, contou ao Decrypt que os investimentos do Magic Ventures vão ter uma “natureza puramente estratégica” em vez de abordar a expectativa de gerar retorno para os fundos.
Xangai planeja criar uma indústria do metaverso de US$ 52 bilhões até 2025, com mais de 100 novas empresas em um plano focado em realidade virtual e maior conectividade, de acordo com documento do governo da cidade publicado pelo CoinDesk.
A Federação Brasileira de Bancos realiza entre 9 e 11 de agosto o Febraban Tech, uma nova versão do CIAB Frebraban com temas que incluem inteligência artificial, open banking, Pix, blockchain, internet das coisas, 5G, cibersegurança, metaverso, NFTs e sustentabilidade. O evento, que será realizado na Bienal de São Paulo, está com inscrições abertas.