O mercado de criptomoedas opera sem rumo definido nesta terça-feira (27), enquanto as negociações nas bolsas europeias e os futuros dos EUA são influenciadas pela perspectiva de maior aperto monetário global.
O Bitcoin (BTC) mostra estabilidade nas últimas 24 horas, com leve alta de 0,4% e cotado a US$ 30.377,21, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC registra baixa de 0,53%, negociado a R$ 145.276,35, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) também opera com pouca variação, cotado a US$ 1.874,56.
Solana, Polygon e Cardano ainda buscam se recuperar do tombo depois que a SEC, a CVM dos EUA, classificou os tokens como valores mobiliários. Juntas, as três moedas digitais perderam 5% do valor de mercado, ou US$ 5 bilhões, segundo análise do Decrypt.
Dogecoin recua 1,2% nas últimas 24horas. Investidores da criptomoeda-meme acusaram advogados de Elon Musk, dono do Twitter, de “táticas sujas” no processo movido contra ele por suposta manipulação do preço do token.
Enquanto isso, o brasileiro Glauber Contessoto, ex-milionário da Dogecoin mais conhecido no Twitter pelo perfil SlumDOGE Millionaire, conseguiu, com apenas um tuíte, aumentar seu limite de saque na corretora Robinhood que, aliás, está fazendo demissões.
Outras altcoins operam entre perdas e ganhos nesta terça, entre elas BNB (+1%), XRP (+0,1%), Polkadot (-1,3%), Avalanche (-0,7%) e Shiba Inu (-1,2%).
Novo relatório sobre FTX
A nova administração da FTX divulgou mais um relatório investigativo na segunda-feira (26) com detalhes sobre o uso indevido de fundos da empresa e depósitos de clientes antes do colapso da exchange cripto, de acordo com o The Block.
“A imagem que a FTX Group procurou retratar como líder focada no cliente da era digital era uma miragem”, disse o CEO e diretor de reestruturação, John J. Ray III, em comunicado. “Desde o início da exchange FTX.com, a FTX Group misturou depósitos de clientes e fundos corporativos e os utilizou de forma inadequada sem restrições e sob a direção e intenção de executivos seniores anteriores.”
A corretora cripto, que pediu recuperação judicial em novembro passado, devia aos clientes cerca de US$ 8,7 bilhões na ocasião, de acordo com o relatório.
O novo documento traz detalhes impressionantes sobre as supostas fraudes praticadas pela FTX, fundada por Sam Bankman-Fried (SBF), atualmente em prisão domiciliar nos EUA, com previsão de julgamento em outubro.
De acordo com a equipe encarregada do processo de recuperação judicial, ao contrário do afirmado por Bankman-Fried anteriormente, o ex-CEO da FTX e um advogado sênior da corretora mentiram para bancos e auditores, forneceram documentos falsos e transferiam as operações da plataforma para outros países – de Hong Kong para as Bahamas, por exemplo – com o intuito de esconder as supostas mentiras e fraudes.
“A FTX Group soube como criar um acordo contratual para separar e proteger os depósitos dos clientes quando convinha à FTX Group fazê-lo”, conforme o relatório, que destaca a FTX Japan, uma das poucas entidades solventes do grupo, como uma unidade da FTX que criou salvaguardas reais para os ativos da empresa.
“Em contraste, e embora tenham sido ocasionalmente revisados, os Termos de Serviço nunca declararam que a FTX Trading Ltd. separou e protegeu os depósitos em moeda fiduciária dos clientes”, continua o relatório. “Em vez disso, nos casos isolados em que um cliente perguntou diretamente sobre o assunto, os funcionários mentiram”, diz o texto.
Acusações contra ‘Advogado-1’ da FTX
O documento cita frequentemente o “Advogado-1” da FTX, sem identificá-lo, como cúmplice no esquema de fraudes.
Em um exemplo, um advogado “menos sênior” questionou que uma entidade controlada por SBF, chamada North Dimension, teria recebido fundos de clientes.
O “Advogado-1” respondeu pedindo um encontro presencial em um sábado, quando o advogado júnior foi demitido, diz o relatório. Esse “Advogado-1” também teria pagado US$ 1 milhão em suborno para uma “ex-autoridade das Bahamas” com o objetivo de acelerar uma licença para a FTX Digital Markets.
Entre outros detalhes, executivos da FTX teriam gastado US$ 243 milhões em fundos da empresa para comprar mais de 30 imóveis para amigos e familiares, além da luxuosa cobertura que Bankman-Fried compartilhava com outros executivos da exchange, inclusive Caroline Ellison, ex-CEO da Alameda Research, braço de trading do grupo.
Binance.US perde disputa nos EUA
E por falar em como fundos de clientes são administrados por exchanges cripto, a Binance.US, braço da Binance nos EUA, teve uma queixa contra a SEC rejeitada pela juíza federal Amy Berman Jackson.
A Binance havia questionado a linguagem usada em comunicados à imprensa pela reguladora, que abriu processos contra a maior corretora cripto do mundo e seu CEO, Changpeng “CZ” Zhao, acusando a exchange de misturar ou desviar ativos de clientes das plataformas de negociação para veículos de investimento que, segundo a agência, seriam controladas pelo executivo.
Segundo a decisão da juíza, não é necessário ou apropriado “que o tribunal se envolva em redigir os comunicados de imprensa das partes”.
Nova regra da Binance para traders brasileiros
A Binance impôs uma restrição que impede operadores P2Ps brasileiros de publicarem anúncios de compra e venda de criptomoedas na plataforma de negociação da exchange com qualquer outra moeda fiduciária que não seja o real, segundo apurado pelo Portal do Bitcoin.
Antes disso, os P2Ps que atuavam a partir do Brasil podiam negociar criptomoedas diretamente com outros usuários usando dólar, euro e peso argentino, entre diversas outras moedas. Na prática, isso limita a gama de clientes que os P2Ps brasileiros podem atender, já que agora só poderão negociar dentro da Binance com usuários que usem reais.
A exchange não respondeu a uma série de questionamentos feitos pela reportagem, se limitando a dizer que “revisa seus processos e ferramentas como parte de seu compromisso com o desenvolvimento do ecossistema cripto”.
Na União Europeia, a Binance reverteu uma medida que proibia a negociação dos chamados tokens de privacidade (“privacy coins”) no bloco, de acordo com o The Block, além de negar que teria desistido de sua operação na Áustria.
‘Sandbox’ para excluídos do real digital
No Brasil, reportagem do Valor Econômico destaca que a BBChain, uma provedora de infraestrutura blockchain, desenvolveu uma espécie de “sandbox” privado para empresas que não se qualificaram entre os consórcios selecionados pelo Banco Central para participar do piloto do real digital.
O sandobox regulatório do BC permite o desenvolvimento de soluções baseadas em blockchain, criptoativos, entre outras tecnologias, para estimular a inovação.
Segundo o Valor, a plataforma BlockchainLab Sandbox RD vai possibilitar às empresas interessadas testes próprios de casos de uso da tecnologia de tokenização.
A BBChain faz parte do consórcio organizado pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que reúne 118 instituições financeiras de pequeno e médio portes, no piloto do real digital.
Proposta para euro digital
Além do Brasil, outros países desenvolvem projetos relacionados às chamadas moedas digitais de bancos centrais, ou CBDCs na sigla em inglês.
Amanhã (28), a UE planeja publicar propostas de regras para o euro digital, caso o Banco Central Europeu decida emitir uma versão virtual da moeda única nos próximos anos, informou a Reuters.
“Isto põe em causa o desejável equilíbrio entre o dinheiro do banco central e os meios de pagamento digitais privados”, diz a minuta da proposta da Comissão Europeia à qual a agência teve acesso.
O banco central da Suíça também prepara um piloto de moeda digital no âmbito do atacado que será testada na bolsa online SIX do país.
“Isso não é apenas um experimento, será dinheiro real equivalente a reservas bancárias e o objetivo é testar transações reais com participantes do mercado”, disse o presidente do BC suíço durante conferência em Zurique na segunda-feira (26).
Outros destaques das criptomoedas
A Robinhood Markets demitiu cerca de 7% da força de trabalho, na terceira rodada de cortes da corretora on-line em pouco mais de um ano, informou o Wall Street Journal, em resposta à desaceleração na atividade de trading de clientes.
As demissões atingem 150 funcionários, de acordo com uma mensagem interna da empresa vista pelo WSJ, e têm como objetivo “ajustar os volumes e alinhar melhor as estruturas das equipes”, disse o diretor financeiro da plataforma, Jason Warnick. Em maio, a Robinhood havia divulgado que a receita com negociação cripto encolheu 30% no primeiro trimestre na comparação anual.
O Damus – um aplicativo de rede social descentralizado baseado no protocolo Nostr – será oficialmente removido da App Store por não cumprir as regras da Apple em seu serviço de gorjetas de Bitcoin, conforme o Decrypt.
“Parece que estamos sendo removidos da appstore, mesmo depois de atualizar nosso aplicativo para deixar claro que nenhum conteúdo digital está sendo desbloqueado quando os usuários recebem gorjetas”, disse Damus no Twitter na segunda-feira. A empresa disse que vai entrar com um recurso.
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