Imagem da matéria: Manhã cripto: Binance anuncia fundo de recuperação para aliviar crise de liquidez; Bitcoin (BTC) respira após cair abaixo de US$ 16 mil
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Em um fim de semana marcado pelo ataque de hackers que levou pelo menos US$ 400 milhões de carteiras de clientes da FTX, o mercado tenta se levantar com a promessa da Binance de um novo fundo para injetar recursos em projetos em crise. Enquanto isso, o fundador da colapsada FTX, Sam Bankman-Fried, entra no radar de autoridades globais e já é investigado por reguladores nas Bahamas. 

No Brasil, players do mercado pedem urgência na aprovação de regras para a indústria de criptoativos, apelo que parece ter sido ouvido pelo Congresso, que promete votar o projeto de lei ainda este ano, segundo a Folha de S. Paulo, que cita o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). 

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Após cair abaixo de US 16 mil, o Bitcoin (BTC) opera em alta de 1,2% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 16.799, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) sobe 2,2%, para US$ 1.261. 

Em reais, o Bitcoin registra ganho de 0,82%, negociado a R$ 88.176, mostra o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).  

As altcoins mostram desempenho positivo, entre elas Binance Coin (+2,7%), XRP (+0,1%), Dogecoin (+0,9%), Cardano (+1,1%), Polygon (+3,9%), Polkadot (0,9%), Shiba Inu (-0,6%) e Avalanche (+3,8%). 

Solana (SOL), um dos tokens mais atingidos por seu peso no balanço da Alameda Research, braço de investimentos da FTX, se recupera e avança 5,5%, embora ainda mostre perdas de 55% em sete dias. 

Bitcoin hoje 

No mercado acionário, os índices futuros das bolsas americanas operam no vermelho em meio à valorização do dólar e vendas de títulos do Tesouro dos EUA, o que eleva os rendimentos. Investidores reagem aos comentários do governador do Federal Reserve, Christopher Waller, de que o banco central americano ainda tem um “longo caminho” antes de encerrar o ciclo de aumentos dos juros. As bolsas asiáticas eliminaram os ganhos apesar do otimismo com a flexibilização da política Covid Zero da China. 

Mas investidores de criptomoedas ainda se mostram abalados com o pedido de recuperação judicial da exchange FTX e as consequências para a indústria. 

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“Mesmo que o BTC tenha se assentado em cerca de US$ 16 mil por enquanto, a extensão do dano a outras empresas, fundos e exchanges ainda é desconhecida e pode vir à tona nas próximas semanas”, disse ao CoinDesk Joe DiPasquale, CEO do hedge fund cripto BitBull Capital. “Continuamos cautelosos até que a situação atual seja satisfatoriamente resolvida e a percepção pareça começar a se mover em direção à relativa normalidade.” 

Em sete dias, o Bitcoin acumula perdas de 19,5%. Ainda estão sendo reveladas “quais contrapartes podem ter emprestado ou interagido com a FTX ou com a Alameda e quais são esses passivos exatos…. O BTC poderia não apenas testar novamente as mínimas de 2022, mas atingir o nível de US$ 13 mil…. Achamos que há suporte em US$ 13,5 mil”, afirmou David Duong, chefe de pesquisa institucional da Coinbase. 

Fundo da Binance 

A Binance planeja um novo fundo para ajudar a sustentar projetos de criptoativos que enfrentam dificuldades de liquidez. Changpeng ‘CZ’ Zhao, CEO da Binance, tuitou sobre o plano nesta segunda-feira (14) 

“Para reduzir ainda mais os efeitos negativos em cascata da FTX, a Binance está formando um fundo de recuperação da indústria, para ajudar projetos que são fortes, mas em crise de liquidez. Mais detalhes em breve”, disse CZ, acrescentando que os projetos qualificados podem entrar em contato com a Binance Labs, braço de capital de risco da exchange. 

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No domingo (13), CZ recomendou aos membros da comunidade cripto que assumam o controle de seus ativos digitais usando a Trust Wallet. O TWT, token nativo do aplicativo, chegou a subir 80%, para um nível recorde.  

“A autocustódia é um direito humano fundamental”, tuitou CZ. “Você é livre para fazer isso a qualquer momento. Apenas certifique-se de fazer certo.” 

Ataque de hackers 

Se já não bastasse o susto com o colapso do império da FTX, suspeitas de irregularidades no uso de fundos de clientes e incertezas sobre a recuperação dos ativos, a corretora sofreu uma invasão de hackers que resultou no roubo de pelo menos US$ 477 milhões em criptomoedas, de acordo com a empresa de análise blockchain Elliptic citados pela Bloomberg. Mas o rombo pode superar a US$ 600 milhões. 

O diretor jurídico da FTX US, Ryne Miller, disse que a exchange transferiu fundos para carteiras frias, as chamadas “cold wallets” após a série de “transações não autorizadas”. 

A invasão surge na esteira da revelação de uma rota secreta – um backdoor, no termo em inglês – nos sistemas da FTX para poder alterar os registros financeiros e movimentar fundos sem alertar outras pessoas, incluindo os demais executivos da exchange e autoridades da área de compliance, segundo reportagem da Reuters. 

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Bankman-Fried teria usado essa rota na semana passada, no início da crise que derrubou a FTX, para transferir cerca de US$ 10 bilhões – incluindo dinheiro de clientes – da corretora para a Alameda Research, numa tentativa de estancar a sangria que afetava a empresa de trading. No entanto, pelo menos US$ 1 bilhão dessa transferência estaria desaparecido. 

Problemas no balanço 

O Financial Times obteve uma cópia de um balanço da FTX datado da última quinta-feira (10), segundo o qual a exchange tinha apenas US$ 900 milhões em ativos que poderia vender facilmente, apesar de acumular US$ 9 bilhões em passivos. 

Diante de tantas suspeitas, Bankman-Fried corre o risco de enfrentar um processo criminal, de acordo com especialistas ouvidos pelo The Block. “Ser estúpido e imprudente com dinheiro não é crime, mas fraude é. Mentir intencionalmente sobre o uso de ativos de clientes da FTX é fraude”, afirmou Jim Angel, professor associado da McDonough School of Business da Universidade Georgetown. 

Bankman-Fried foi interrogado pela polícia e por autoridades reguladoras do setor financeiro das Bahamas no sábado (12), apenas um dia após o pedido de recuperação judicial das empresas do grupo. A informação é de reportagem publicada no domingo (13) pela Bloomberg, citando uma fonte inteirada do assunto. 

Recuperação judicial da FTX 

O processo de recuperação judicial da FTX caracteriza o que a indústria chama de “free fall”, ou queda livre. Mais de 130 empresas relacionadas buscaram proteção judicial contra credores no final da semana passada sem apresentar nenhuma das habituais moções judiciais ou documentos explicativos vistos em um grande caso de insolvência nos EUA, de acordo com a Bloomberg

Dois dias depois, a súmula das empresas contém apenas uma petição para preenchimento de 23 páginas. Em quase todos os outros casos multibilionários sob o Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA nos últimos anos, advogados rapidamente submetem uma série de requerimentos de rotina destinados a estabilizar as operações. 

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Com a FTX à deriva, quem assumiu o comando foi John Jay Ray III, que liderou a gigante de energia americana Enron através de processos de recuperação judicial e uma série de acordos no início de meados dos anos 2000. 

Regulação da indústria cripto 

A nova turbulência no setor causada pela quebra da FTX chama atenção de reguladores no mundo todo. A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e a Casa Branca defenderam regras para proteger os consumidores. 

Andrea Enria, presidente do conselho de supervisão do Banco Central Europeu, alertou que os reguladores terão dificuldades para vigiar provedores de criptoativos, que “nunca pensam em riscos financeiros”, não respeitam as fronteiras nacionais e representam “um enorme problema de proteção ao consumidor”, afirmou ao Financial Times.  “Estou preocupado com meus colegas que terão que realizar essa supervisão no futuro, porque são ‘animais’ com os quais é difícil se engajar.” 

No Brasil, a regulação dos criptoativos também é vista com sentido de urgência e reforçou a defesa da chamada segregação patrimonial, que disciplina a separação entre ativos dos investidores e dos intermediários, aponta reportagem do Valor. 

Para Vanessa Butalla, diretora jurídica da 2TM, holding que controla o MB, não procede o argumento de que a segregação patrimonial impeça os clientes de levarem seus ativos para operações de DeFi e mesmo staking. Isso porque, durante o staking, a titularidade do ativo não precisa ser alterada, explica. 

Com o projeto de lei parado na Câmara dos Deputados, players do setor pedem a votação do PL, que pode estar a caminho. O deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) disse ao Cointelegraph Brasil que o projeto deve ser aprovado em até 15 dias. 

A data mais provável para a entrada do tema em pauta é o dia 22 de novembro. “Assim teremos, ainda este ano, uma legislação que dê segurança jurídica e econômica, para que possamos atrair mais investimentos e possamos movimentar valores com segurança.” 

Segundo a coluna Painel S.A. da Folha, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou a representantes do Banco Central e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que colocará em votação ainda neste ano o projeto cripto. 

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