Conforme o ano mais positivo da indústria de criptomoedas chega ao fim, é hora de analisar os tokens que capturaram o mercado nos últimos 12 meses.
São moedas que geraram uma nova tendência, criaram um subnicho ou desafiaram as probabilidades ao ganharem força. Às vezes, sua emergência resultou em preços disparados e, outras vezes, em extrema volatilidade.
Muitas das moedas listadas também ganharam atenção da mídia, revelando que existe muito mais em cripto além dos líderes de mercado bitcoin (BTC) e ether (ETH).
Sem mais delongas, aqui está o resumo (subjetivo) do Decrypt sobre as moedas mais impressionantes do ano por categoria. Confira também a lista de criptoativos de maior desempenho em 2020 com base em dados.
Stablecoin descentralizada: Terra (LUNA)
Além dos preços do bitcoin e ether, outra métrica fundamental que as pessoas acompanham é a capitalização de mercado das stablecoins. Este ano, o valor cumulativo de todas as criptomoedas lastreadas em dólar rapidamente disparou, atingindo mais de US$ 167 milhões.
Mas para os puristas da descentralização, existe apenas um problema (na verdade, dois). A maior e a mais usada stablecoin do mercado, Tether (USDT) e USD Coin (USDC), são controladas por empresas comuns e tradicionais.
Não existem organizações autônomas descentralizadas (ou DAOs, na sigla em inglês), canais no Discord e há, é claro, pouquíssima transparência sobre o lastro dessas moedas.
Projetos descentralizados como Terra (e sua stablecoin UST) dispararam e aproveitaram o sucesso de uma das stablecoins originais e algorítimicas (DAI) para combater esses ativos centralizados.
Essas stablecoins são descentralizadas porque são lastreadas em outras criptomoedas, como ether e LUNA, em vez de depósitos em dinheiro ou equivalentes.
UST da Terra teve um ano incrível. Em 2 de janeiro, a capitalização de mercado da stablecoin era de menos de US$ 200 milhões. Atualmente, esse número é de US$ 10 bilhões, conforme UST recentemente destronou DAI como a maior stablecoin descentralizada do mercado.
Essa mudança pode indicar que existe um evidente apetite por um dólar digital sólido e descentralizado e, agora, há até competição pelo primeiro lugar.
DeFi 2.0: OlympusDAO (OHM)
Promovida como uma critpomoeda “oscilante” que mantém o “poder de compra estável”, OHM foi um dos principais tokens que lideraram a tendência DeFi 2.0.
Em vez de encorajar “yield farming” mercenário (isso é tão primeiro trimestre), projetos que caem sob o escopo DeFi 2.0 estão trabalhando para criar melhores incentivos que retenham liquidez preciosa a longo prazo.
Em vez de esquemas de recompensa multimilionários (presentes em 2021) que se tornam em rápidas oportunidades de ganhar dinheiro, esses projetos estão optando por não recorrer à chamada liquidez alugada.
OlympusDAO, o projeto por trás do OHM, foi o primeiro a fazer uma tentativa de reinventar esses incentivos com seu mecanismo de fixação e de staking.
Com OlympusPro, a equipe também oferece uma solução “white-label” (que pode ser reutilizada por outros projetos), que permite que projetos DeFi fomentem o mecanismo para necessidades de liquidez de suas comunidades.
O serviço ganhou força rapidamente, conforme projetos como Thorswap, StakeDAO e ShapeShift recorre a Olympus. É importante mencionar que o projeto (e grupos como Tokemak, Alchemix e Fei Protocol) forneceu um vislumbre em como o setor DeFi irá evoluir.
Criptomoeda meme: Shiba Inu (SHIB)
O que seria uma lista de fim de não sem uma das famosas moedas de cachorrinho?
Criada em agosto de 2020, Shiba Inu (SHIB) não havia conquistado os corações e as mentes de entusiastas cripto até seu preço duplicar em maio de 2021. A criptomoeda de meme caiu logo em seguida, mas logo atingiu outra alta recorde de US$ 0,00008616.
Apesar de esses preços representarem menos de um centavo em valor, a ascensão meteórica dessa cripto de cachorrinho fez muitos especuladores do varejo virarem milionários da noite para o dia.
O que é ainda mais estranho é como essa criptomoeda deu origem a outras moedas de cachorrinho vorazes, mas minúsculas.
Tokens como Floki Inu (FLOKI), Baby Dogecoin (BABYDOGE) e Kishu Inu (KISHU) também começaram a aparecer no TikTok, Twitter e Instagram – todas querendo ser a próxima dogecoin (DOGE).
Rapidamente se tornaram uma incógnita conforme pessoas construíram, de forma aleatória, portfólios com diferentes moedas de cachorrinho na expectativa de entrarem para o grupo de novos ricos com criptomoedas.
Ainda assim, poucos passaram pelo mesmo poder de permanência de SHIB ou de sua predecessora DOGE, revelando, novamente, que um bom meme vale milhões.
“Play-to-earn”: Axie Infinity (AXS)
Se você não tem dinheiro para comprar um Axie, as criadoras parecidas com Pokémon que usuários usam em batalhas no Axie Infinity, é porque o original jogo cripto “play-to-earn” teve um ano fenomenal.
Um desses bichinhos pode ser vendido por até 300 ETH. E você precisará de três deles para começar sua jornada. Ai!
Mas graças ao sucesso do Axie, você pode conseguir surfar a próxima onda.
A tendência play-to-earn, às vezes chamada de GameFi (e também chamada de “apostas”, com etapas extras e gráficos legais), atraiu capitalistas de risco e críticos. Ainda assim, o nicho parece ter um sério poder de permanência.
Basicamente, a tendência visa permitir que pessoas monetizem todas as horas gastas em mundos virtuais combatendo vilões e ganhando colecionáveis exclusivos do jogo.
Esses colecionáveis de jogos, como terrenos, um escudo mágico ou um personagem Axie, são tokenizados como tokens não fungíveis (ou NFTs) em um blockchain (geralmente, a Ethereum).
Outras redes estão avançando, conforme projetos desenvolvidos no Solana, como Aurory e Star Atlas, ganham bastante atenção apesar de terem acabado de começar.
Maiores estúdios tradicionais de jogos também estão de olho nessa tendência. Ubisoft, a empresa por trás de franquias como Far Cry e Assassin’s Creed, anunciou planos de lançar NFTs desenvolvidos no blockchain Tezos.
Apesar de a empresa ter garantido que esses NFTs não terão um elemento de ganho, o nicho está ganhando força.
À medida que essa ideia se torna cada vez mais enraizada, jogadores em breve terão outro incentivo para atingir uma nova pontuação máxima.
Imóveis virtuais: Decentraland (LAND)
Todo metaverso precisa de um imóvel virtual e um fútil mercado imobiliário digital.
Unidades de LAND, os terrenos pixelados de terreno divididos no Decentraland, estão se valorizando.
Em novembro, apenas um lote foi vendido por recordes US$ 2,43 milhões na criptomoeda nativa do mundo virtual, MANA. Mais do que duplicou de valor de recorde anterior de US$ 913 mil em junho.
Olhando para trás e analisando o restante do crescimento do subsetor no último ano, existe um panorama similar. Não apenas um, mas centenas de terrenos foram vendidos por um total de US$ 470 mil em um mundo virtual chamado Somnium Space em maio de 2020.
Ícones da cultura pop também estão gastando dinheiro no metaverso. O rapper Snoop Dogg, por exemplo, está tentando recriar sua mansão na Califórnia no The Sandbox. O terreno ao lado já foi vendido por US$ 450 mil.
É claro que a grande narrativa aqui é a reformulação do Facebook para Meta. A mudança sugere que um mundo digital em que vivemos próximos a multimilionários não seja uma façanha rentável, mas pode ser o futuro das interações on-line.
O que esperar em 2022?
De moedas de cachorrinho que chama a atenção de exércitos de TikTokers ao futuro dos jogos, 2022 irá provar se essas cinco tendências são mais do que uma moda passageira.
Afinal, restam perguntas: Agora que UST ultrapassou DAI, quais são as chances de enfrentar (e destronar) USDT e USDC? DeFi 2.0 irão despencar e queimar com os esquemas Ponzi do passado ou estamos vivenciando o futuro das finanças se desdobrar diante de nossos olhos?
Com qualquer coisa em cripto, é fácil sonhar.
Embora 2021 tenha sido um ano que entrou para a História (não apenas para cripto), estabelecer um novo normal em uma sociedade pós-pandêmica deve significar que a esfera de tokens sempre on-line, jogos e mundos virtuais ficam no segundo plano dos populares hobbies do mundo físico.
Ainda assim, cripto já atraiu bastante a nossa consciência coletiva. A cada ano, atrai ainda mais, seja pelo bem ou pelo mal.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.