VitalikButerin Ethereum
Vitalik Buterin, criador do Ethereum (Foto: Flickr)

Entre os primeiros livros que descrevem a ascensão das criptomoedas, se destaca “The Infinity Machine” — ou “A Máquina Infinita”, em tradução livre — da autora Camila Russo. É uma narração dinâmica e energética sobre a criação do Ethereum. O Decrypt havia chamado o livro de “trama bem entrelaçada que, em alguns momentos, parece um suspense”.

Não é surpreendente que Hollywood logo veio atrás do projeto — mas Russo não quis fazer um filme da forma convencional.

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Em vez disso, ela arrecadou fundos pela venda de tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês) — no Ethereum, é claro — e criou uma comunidade Web 3 engajada com o projeto. Agora, com Scott Free, a produtora de Ridley Scott, diretor do filme “Alien: O 8º Passageiro”, o filme está prestes a chegar às telonas.

Durante o Festival de Cinema de Cannes, Russo falou sobre a escrita do livro e sua jornada para as telonas com o Decrypt.

“Eu sempre quis escrever meu livro de uma forma que fosse lido como uma ficção; queria que fosse lido como um romance”, explicou. Apesar disso, ela acrescentou: “Eu nunca imaginei que o livro realmente seria transformado em um filme. Meu agente apresentou [o livro] por aí quando foi lançado, mas não houve oferta alguma”.

Isso mudou quando Alejandro Miranda (da Versus Entertainment) e Francisco Gordillo (do fundo de hedge cripto Avenue Investment) entraram em contato. A dupla estava trabalhando em um documentário sobre blockchains, mas decidiram descartá-lo para prosseguir com uma adaptação de “The Infinite Machine”.

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Miranda e Gordillo estavam “tão ansiosos e entusiasmados com o projeto”, afirmou Russo, que sua proposta se destacou à de pretendentes de Hollywood que “não pareciam muito comprometidos em realmente fazer o filme”.

Ao infinito e além

Desde o início, Russo fez questão de fazer o filme no espírito do etos do Ethereum e da Web 3. Já que a Versus Entertainment deu à escritora uma voz em como o filme foi financiado, explicou ela, “começamos a pensar sobre NFTs desde o início”.

“Parece muito óbvio para mim”, explicou. “Este é o primeiro livro sobre a história do Ethereum, então provavelmente será o primeiro filme sobre o Ethereum. Definitivamente deve ser financiado com a tecnologia do Ethereum e a comunidade Ethereum. Não faria sentido financiá-lo apenas da forma tradicional.”

Com isso em mente, entraram em contato com artistas de todo o mundo que criassem NFTs para uma coleção que celebrasse o Ethereum. “A ideia era unir um grupo de artistas que estão apenas começando no mundo dos NFTs e que vêm de países emergentes”, disse Russo.

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Embora muitos dos artistas que tenham lucrado com a febre dos NFTs em 2021 estejam nos EUA e na Europa Ocidental, ela afirma que “os lugares onde NFTs realmente podem ter um impacto transformador são no mundo emergente. Pensei que, talvez, nosso projeto poderia ser uma plataforma para esses artistas que não têm tanta visibilidade”.

Assim, 22,5% de todas as vendas da coleção são direcionadas para os próprios artistas.

Junto com as obras, os NFTs da coleção Infinite Machine também oferece a holders a oportunidade de se envolverem na produção do filme; vantagens incluem a chance de ser um figurante no filme, bem como convites aos locais de gravação e ao lançamento do filme.

“A ideia é mudar completamente o processo de produção de filmes e começar com a comunidade”, explicou Russo. Mas a parte mais importante é, segundo ela, o fato de que “os holders de NFTs também são membros de uma DAO e a DAO possui um papel de produção executiva no próprio filme”.

A organização autônoma descentralizada (ou DAO) do projeto também visa financiar e fornecer suporte a outros projetos. “Eu adoraria que o projeto ‘Infinite Machine’ fosse ao ar e se tornasse algo próprio — mesmo sem mim.”

A Web 3 e a indústria cinematográfica

Por meio de DAOs, NFTs e investimento com criptomoedas, a Web 3 tem o potencial de revolucionar a indústria cinematográfica, segundo Russo.

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“Possui a oportunidade de disponibilizar a produção a pessoas que talvez achassem muito difícil ter seu filme financiado”, explicou. “A parte do financiamento, de ir diretamente ao público e não ter que depender de terceiros, capitalistas de risco ou outras pessoas é bastante inovadora.”

O nível de interação com a comunidade também é algo que, anteriormente, nunca havia sido colocado à prova na indústria cinematográfica, segundo ela. “Acredito que ainda estamos aprendendo a como fazer isso da melhor forma. Qual tipo de utilidade funciona ou não?”

Um desafio será como futuros projetos poderão compartilhar os royalties do filme com holders de NFTs — algo que “The Infinite Machine” ainda não tentou fazer devido a preocupações regulatórias.

Outra área pronta para a disrupção é a distribuição de filmes. “Armazenar o filme de forma descentralizar, comprar um NFT que seja o meio para o filme e ter essas plataformas de distribuição que podem ser protocolos… Isso ainda está nas etapas iniciais”, explicou, mas é “superempolgante”.

Porém, isso está um pouco distante, acrescentou ela. A escalabilidade de blockchains, a interface de usuário (ou UI) e a experiência de usuário (ou UX) precisam ser abordadas primeiro.

“Acredito que ainda existe uma enorme lacuna tecnológica”, acrescentou. “O armazenamento é um problema; a quantidade de espaço que você precisa para armazenar um filme de verdade em um NFT… É algo difícil de fazer de forma descentralizada.”

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Porém, esses desafios não devem tornar Hollywood complacente. “Blockchain está criando uma camada extra de valor acima da internet; a Web 3 está aqui”, afirmou Russo.

“E acredito que vai começar a permear todas as indústrias. É claro que a [indústria] cinematográfica não vai ser excluída [disso]. E isso já está acontecendo. Para mim, realmente não importa se a indústria cinematográfica tradicional está pronta.”

Em direção ao infinito

Enquanto isso, Russo tem bastante trabalho a fazer na produção de “The Infinite Machine”. Já que o roteiro ainda está sendo escrito, o filme “ainda pode demorar alguns anos”, afirmou Russo. Sua previsão? 2024.

E em relação a tudo o que aconteceu com o Ethereum desde que o filme foi publicado, uma sequência vem aí? “Eu adoraria escrever um segundo livro. Na verdade, mal posso esperar”, respondeu. “Estou pensando sobre o que será. Eu só preciso delegar, achar tempo para escrevê-lo.”

Um elemento do projeto que gerou especulação é: Quem vai interpretar Vitalik Buterin, o criador do Ethereum, no filme?

Russo não soube responder quando uma pessoa da plateia perguntou a ela, mas é claro que a comunidade já deu sua opinião sobre o assunto: “As pessoas adoram fazer pesquisas e Rami Malek continua aparecendo como alguém que adorariam [que interpretasse Buterin]. E Timothée Chalamet. E, é claro, as pessoas adoram dizer The Rock”.

Vitalik Buterin, um símbolo sexual? Essa é uma reviravolta pela qual ninguém esperava.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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