Justiça do Rio decreta nova prisão preventiva de dono da GAS Consultoria por estelionato, diz jornal

“Faraó do Bitcoin” segue preso; decisão foi motivada por promessa de retorno sobre investimento de cliente
Glaidson Acácio dos Santos, o "Faraó do Bitcoin"

(Foto: Reprodução)

A Justiça do Rio de Janeiro emitiu no último dia 19 um novo mandado de prisão preventiva para Glaidson Acácio dos Santos, dono da GAS Consultoria, também conhecido como “Faraó do Bitcoin”. Ele está preso desde o dia 25 de agosto de 2021 sob acusação de lavagem de dinheiro, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e participação em organização criminosa, além de ter sido indiciado por tentativa de homicídio.

Segundo O Globo, a deliberação partiu da juíza Juliana Bessa Ferraz Krykhtine, da 4ª Vara Criminal de Niterói, após analisar uma denúncia do Ministério Público embasada em um inquérito de estelionato da 76ª Delegacia de Polícia. De acordo com o jornal, uma mulher teria investido R$ 30 mil na GAS, cuja promessa era de um retorno de 10% ao mês.

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O investimento ocorreu entre junho e agosto do ano passado e a investidora chegou a receber R$ 3 mil iniciais antes de Glaidson ser preso pela Polícia Federal. Depois disso, ela não recebeu mais nenhuma comunicação da empresa, diz a reportagem.

O Globo ainda compartilhou dois trechos da decisão. Em um deles, a juíza Juliana Bessa ressaltou: “Está demonstrado pelo acervo informativo já recrutado, que também abriga indícios suficientes da autoria em desfavor do acusado, devendo ser observado os inúmeros processos que tramitam em nosso judiciário, tanto na esfera cível quanto criminal seja da justiça estadual como federal”.

Em outro trecho, Bessa ressalta a importância da prisão diante dos indícios de periculosidade de Glaidson. E acrescenta que, se solto, o empresário “decerto causará temor às vítimas e ainda atrapalhar o bom andamento do processo, tendo em vista o seu reconhecido poder financeiro”.

Assasinato

Na terça-feira, foi assassinado justamente em Niterói (RJ) o advogado Carlos Daniel Dias André. Ele atuava na defesa de Daniel Aleixo Guimarães, braço direito de Glaidson. Aleixo Guimarães também é um dos réus acusados de ser responsável pelo homicídio um dos concorrentes de Glaidson, chamado Wesley Pessano.

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Aleixo Guimarães, para quem Dias André atuava como advogado, é um dos total de onze réus que respondem pelo homicídio de Wesley Pessano. Em julho de 2021, Pessano foi morto a tiros dentro de um carro modelo Porsche, avaliado em R$ 400 mil. A Justiça acolheu pedido do Ministério Público e passou a julgar onze pessoas como responsáveis por encomendar o assassinato.

Na liderança do grupo estaria Glaidson Acácio dos Santos, criador da GAS Consultoria. A Polícia Civil do Rio de Janeiro afirma que o Faraó encomendou a morte de Pessano em uma estratégia de eliminar seus concorrentes na captação de investidores nas pirâmides financeiras que proliferaram na Região dos Lagos do Rio de Janeiro e que tinham como elemento comum o bitcoin e as criptomoedas como chamariz.

Operação Kriptos

Em agosto de 2021, a Polícia Federal deflagrou a Operação Kryptos, para investigar a fraude milionária aplicada por Glaidson Acácio dos Santos através da GAS Consultoria. A empresa de investimentos prometia rendimentos que supostamente viriam de trading com criptomoedas.

Na ocasião da prisão de Glaidon, outros suspeitos foram detidos ou conseguiram fugir a tempo, como a esposa do ex-garçom, Mirelis Yoseline Diaz Zerpa.

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A defesa de Glaidson já teve vários pedidos de habeas corpus negado pela Justiça por conta do potencial risco de fuga que, segundo magistrados, pode culminar em lesão irreversível aos investidores.

Durante a operação, as autoridades apreenderam 591 bitcoins que estavam em posse de Glaidson, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.

Desde que foi Glaidson preso, sua defesa já enviou diversos pedidos de Habeas Corpus ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Todas as decisões, até o momento, negaram as solicitações, argumentando não haver ilegalidade na sua prisão preventiva da Glaidson.

As investigações comprovaram que ele planejava fugir do Brasil antes da prisão e que, mesmo após estar preso, continuou operando o sistema criminoso. 

Atualmente o líder da GAS Consultoria é acusado de lavagem de dinheiro, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e participar de organização criminosa.

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Tentativa de homicídio

Glaidson Acácio dos Santos é réu também por tentativa de homicídio. O criador da GAS Consultoria é acusado de encomendar o assassinato de Nilson Alves da Silva em março de 2021. Silva ficou gravemente ferido, mas sobreviveu.

Conforme aponta reportagem do jornal Folha de S. Paulo, Nilson estaria espalhando pela cidade de Cabo Frio (RJ) que o dono da GAS seria preso e isso motivou a encomenda de seu assassinato por Glaidson.

Ambos eram concorrentes no mercado de captação de dinheiro com alegação de que iriam investir em criptomoedas. “Nilsinho”, como é conhecida a vítima, teria dito para as pessoas tirarem o dinheiro da GAS Consultoria e passarem para ele.

O ataque ocorreu no dia 20 de março deste ano, quando um carro parou ao lado do veículo de Nilson durante o sinal fechado de um semáforo. Os quatro homens supostamente contratados pelo “Faraó” fizeram seis disparos. Nilson foi atingido e está cego e paraplégico por conta do atentado.

Reportagem do portal G1 aponta que a polícia já tem nomes para os executores do crime: Rodrigo Silva Moreira, Fabio Natan do Nascimento (FB), Chingler Lopes Lima e Rafael Marques Gregório.