Junto com o crescente monte de jogos nativos de cripto, como Axie Infinity e The Sandbox, existem iniciativas de integrar tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês) a jogos para PC que já existem (como o Ghost Recon: Breakpoint, da Ubisoft).
Agora, a tendência chegou ao setor de jogos para celular, pois um jogo popular irá implementar NFTs e tokens que existem na blockchain Avalanche.
Nesta terça-feira (15), a Wildlife Studios, desenvolvedora de jogos para celular que registra mais de dois bilhões de downloads totais de seus jogos, anunciou que irá usar o Avalanche para integrar NFTs e tokens a seu popular jogo Castle Crush.
O jogo de combate estratégico, disponível para os sistemas iOS e Android, foi baixado mais de 75 milhões de vezes até hoje, alega o estúdio, com mais de um milhão de usuários ativos mensalmente.
Em junho, a Wildlife irá atualizar o jogo para celular para ativar os NFTs opcionais movidos pelo Avalanche.
Fernando Sette, diretor sênior de produto da Wildlife Studios, contou ao Decrypt que Castle Crush é a melhor escolha para entrar no setor de Web 3 conforme “jogos de cards se adequam bem aos NFTs”. Outros jogos de cards em NFT incluem Gods Unchained e Skyweaver.
Ele também afirmou que a equipe queria entrar rapidamente para o setor de Web 3 e começar a iteração, então fez sentido atualizar um jogo existente em vez de desenvolver uma nova experiência do zero.
“Enquanto pensávamos em como nos posicionar no setor de jogos blockchain, uma coisa estava clara: precisávamos agir rápido e aprender com a experiência direta”, explicou.
“Castle Crush era uma escolha óbvia para nós. Mesmo que o jogo seja em tempo real, seu sistema de progressão deriva da compilação de cards e baralhos.”
Sette disse que os NFTs do Castle Crush irão atuar como “cards mais fortes e visualmente mais legais” do que os normais e que tokens Ascension Crystals (ACS) vão criar uma progressão e um looping de feedback com NFTs.
Jogar com NFTs concede tokens a jogadores, que permite que adquiram e atualizem seus NFTs. Em outras palavras, existe um incentivo para continuar jogando quando NFTs são comprados.
Segundo Sette, a Wildlife (avaliada em US$ 3 bilhões em 2020) ficou interessada no potencial de jogos de Web 3 apresentarem novos tipos de modelos de propriedade.
No entanto, até os maiores jogos blockchain não chegaram nem perto do mesmo tipo de dimensão que os maiores jogos para celular chegaram, indicando que pode haver um enorme espaço para crescimento.
“A Web 3 representa uma nova era para jogos”, afirmou Sette.
“O ecossistema relembra os primórdios dos jogos para celular ‘free-to-play’ (F2P). Muito do discurso e da atividade que estamos vendo agora com jogos blockchain nos faz lembrar do início da Wildlife Studios. Naturalmente, fomos atraídos por esses paralelos e reconhecemos o potencial para um novo e interessante modelo de negócio.”
Adotar NFTs permitirá que o estúdio brasileiro de jogos para celular formalmente incorpore a funcionalidade que anteriormente existiu em um mercado cinza fora do jogo, segundo ele, incluindo a capacidade de comprar, vender e emprestar cards.
Ele acredita que isso resultará em um “maior controle e flexibilidade na compilação de baralhos” ao apresentar novos tipos de cards a jogadores.
Sette antecipa que NFTs vão ajudar a turbinar o “cenário competitivo baseado em habilidades com maiores apostas” para os principais jogadores e acredita que NFTs também vão conceder status social aos holders – em outras palavras, direitos de “se gabar”.
“Esperamos que isso acrescente um novo incentivo e motivação para que jogadores colecionem cards e experimentem com diferentes criações de baralhos”, acrescentou.
Auge do Avalanche?
Atualmente, grande parte do setor de jogos cripto está concentrado no ecossistema Ethereum, incluindo em sidechains ou soluções de escalabilidade em segunda camada, como Ronin e Polygon, conforme muitos outros jogos são desenvolvidos no Solana.
Porém, Avalanche está começando a ganhar força no setor à medida que jogos movidos por NFTs, como o jogo de tiro em primeira pessoa Shrapnel e o jogo de interpretação de personagens (ou RPG) Ragnarök, são desenvolvidos na plataforma.
“Como desenvolvedores de jogos para celular, nossa propriedade sempre foi fornecer uma experiência contínua para nossos jogadores”, explicou Sette.
“Ao avaliar em qual blockchain deveríamos lançar nosso primeiro projeto Web 3, Avalanche nos chamou a atenção, acima de tudo, por conta da customização oferecida para criar a UX [experiência de usuário] ideal para nossos jogadores.”
Ele também destacou o ecossistema de desenvolvedores do Avalanche e o apoio do Ava Labs conforme a Wildlife começou a explorar o setor blockchain.
“Foi ótimo ter um contato mais próximo com eles conforme desenvolvemos a camada de Web 3 para Castle Crush”, acrescentou Sette.
Assim como outros jogos sendo desenvolvidos no Avalanche, Castle Crush usará os recursos de sub-rede da plataforma, que permite que criadores de aplicações descentralizadas (ou dapps) customizem sua implementação.
Isso significa que criadores podem definir qual token querem usar em taxas de gas e fazer outros ajustes que podem ser distintos da abordagem da rede Avalanche como um todo.
“Desenvolvedores de jogos estão migrando para Avalanche por conta de sua compatibilidade e interoperabilidade contínua com o Ethereum enquanto sub-redes desbloqueiam blockchains de aplicações específicas e personalizadas com tokens de gas personalizados e baixas taxas com finalização quase instantânea”, disse Ed Chang, diretor de jogos do Ava Labs.
Sette acredita que a funcionalidade NFT pode ajudar a rejuvenescer o cenário competitivo do Castle Crush e dar a antigos jogadores “algo pelo que esperar novamente” por meio da propriedade direta de ativos, negociação em jogos e, até mesmo, a possível interoperabilidade com dapps e jogos.
“Estamos empolgados com a possibilidade de conceder um maior controle do jogo às mãos dos jogadores que são apaixonados por esse jogo há anos”, explicou.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.