Itaú lança fundo ETF de Bitcoin com empresa que tem R$ 410 milhões presos na FTX e que apoiou a LUNA

Embora a Galaxy Digital de Mike Novogratz faça a custódia do Bitcoin do fundo, o Itaú garante que a exposição da parceira à FTX não afetará o produto
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Foto: Shutterstock

O Itaú lançou nesta quinta-feira (10) o seu primeiro fundo de investimento do tipo ETF de Bitcoin, o IT Now Bloomberg Galaxy Bitcoin ETF (BITI11), na bolsa de valores brasileira, a B3.

Os ETFs (Exchange Traded Funds) são chamados fundos de índice, porque buscam replicar a carteira e a rentabilidade de determinado índice de referência.

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O produto, que começou a ser negociado ontem, foi desenvolvido em parceria com a Galaxy Digital, empresa americana comandada por Mike Novogratz, empresário de longa data no mercado cripto — que está em dificuldades com o pedido de recuperação judicial feito nesta sexta-feira (11) pela corretora FTX.

No relatório de ganhos do terceiro trimestre divulgado na quarta-feira (9), a Galaxy revelou ter uma exposição de US$ 76,8 milhões em investimento e criptomoedas na FTX (cerca de R$ 410 milhões).

Desse total, a empresa disse que estava em processo de retirada de US$ 47,5 milhões. Até o momento, não se sabe se a Galaxy conseguiu recuperar esse dinheiro ou não. 

O Portal do Bitcoinquestionou o Itaú se os novos produtos do banco podem ser afetados por um possível prejuízo que a Galaxy Digital sofra no caso da FTX, mas o banco garante que não há esse risco.

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“Não afeta. A parceria da Itaú Asset foi realizada com a área de gestão de recursos da Galaxy”, disse a curta resposta do banco sobre o assunto.

Quando questionado sobre como vai funcionar a custódia do bitcoin representado no ETF, o Itaú também apontou que isso será uma responsabilidade da Galaxy Digital.

“A gestora de recursos da Galaxy, uma das principais gestoras institucionais do mundo Crypto, é a responsável por essa atividade [de custódia de bitcoin]. As moedas são custodiadas em cold storage com a Gemini, um custodiante de ativos digitais que detém uma licença NYDFS Trust.”

Quem é Mike Novogratz

Embora seja experiente, a reputação de Novogratz na comunidade começou a minguar após ele ter feito uma tatuagem no braço em homenagem a LUNA, uma criptomoeda vendida por ele como “promissora” mas que veio a se revelar uma farsa ao ir a zero e deixar milhares de investidores no prejuízo.

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Pelas escolhas do CEO, a Galaxy saiu calejada dessa crise, já que tinha uma grande exposição à shitcoin. Em dezembro de 2021, a Galaxy tinha investido US$ 400 milhões em LUNA — um token que foi de US$ 100 para US$ 0.0001 em questão de dias.

I’m officially a Lunatic!!! Thanks @stablekwon And thank you my friends at Smith Street Tattoos. pic.twitter.com/2wfc00loDs

— Mike Novogratz (@novogratz) January 5, 2022

ETF de Bitcoin do Itaú

O ETF IT Now Bloomberg Galaxy Bitcoin ETF (BITI11) da Itaú foi lançado na abertura do mercado na quinta-feira (10) e oferecerá aos investidores exposição ao Bitcoin, a maior criptomoeda por valor de mercado.

O braço de fundos de investimento do Itaú havia registrado o ETF cripto na semana passada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conforme mostrou o Portal do Bitcoin.

“O BITI11 busca replicar o Bloomberg Galaxy Bitcoin Index (“BTC”),  índice criado e administrado pela Bloomberg Index Services Limited e associado com a Galaxy Digital”, diz o site do Itaú, que também elogia a empresa de Mike Novogratz:

“Com mais de US$ 2,1 bilhões sob gestão, a Galaxy é a líder americana em investimentos com blockchain e criptoativos, trazendo acesso a ativos emergentes como o Bitcoin.”

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O banco disse a reportagem que o novo ETF é spot e que as 405 mil cotas emitidas possuem um preço inicial de R$ 25,07.

Neste ETF, o Itaú vai cobrar uma taxa de administração de 0,70%. Também recaí sobre o produto um imposto de 15% sobre o ganho de capital para qualquer período de investimento.

O BITI11 é apenas o primeiro ETF ligado a criptomoedas do Itaú Asset Management, considerada a maior gestora de ativos privados da América Latina. Em nota à imprensa, o banco revela que vai lançar no futuro um conjunto de fundos na B3 de ativos digitais com lastro físico, que vão integrar a série “IT Now”.

A mudança de chave do Itaú nas criptomoedas

Se no passado o Itaú ficou conhecido por fechar contas de usuários e de empresas de criptomoedas, nos últimos tempos o banco vem mudando de rota e apostando na tecnologia da web3.

Em janeiro, um braço de investimentos da empresa, o Corporate Venture Capital do Itaú Unibanco, fez um aporte na startup de tokenização Liqi. Em outubro de 2021, a Kinea, também ligado ao Itaú e que possui sob gestão mais de R$ 50 bilhões, revelou que havia feito a primeira compra de Ethereum.

Nos meses anteriores, o banco vinha usando as criptomoedas em diversas propagandas como forma de atrair clientes durante o boom do mercado.

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Mas nem sempre foi assim. No passado, o banco fechou diversas contas de exchanges nacionais alegando a impossibilidade de cumprir as obrigações legais e regulatórias sobre a prevenção de lavagem de dinheiro em um caso que chegou a ser levado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

Agora no final de 2022, o banco se abriu de vez às criptomoedas. Executivos do Itaú estavam em peso no Criptorama, evento promovido pela ABCripto que aconteceu entre 8 e 9 de novembro em São Paulo, dias antes do lançamento do ETF de Bitcoin.

Ao participar de um painel no evento na quarta-feira (9), Daniel Costa, trader da Tesouraria Itau BBA responsável pela área cripto, confessou que havia muita resistência no banco em abraçar os criptoativos.

“Trabalho no Itaú desde de 2013 e sempre fui um entusiasta de cripto. No início havia uma resistência enorme no Itaú para gastar tempo pensando nisso, e uma hora a chave virou. Eles disseram que queriam entrar no mercado, mas fazer isso direito”, explicou Costa no painel. “Esse ‘fazer direito’ demanda uma quantidade enorme de trabalho: contável, jurídico, legal, cyber security, produtos, compliance, até RH.”

O executivo contou que o Itaú quer oferecer aos investidores uma sentimento de segurança ao interagir com criptomoedas, algo que para ele, ainda falta nas empresas nativas do espaço cripto, citando como exemplo o bloqueio de saques da FTX.

“Nós vamos agregar valor [ao mercado cripto] criando todo o ecossistema de contratos seguros e colocando cash para sustentar o sistema. O grande desafio é trazer um ambiente seguro para operar cripto e o que aconteceu ontem [crise da FTX] mostra que há demanda por segurança”, disse Costa.

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