O governo ucraniano fez um “pedido oficial” para que oito corretoras de criptomoedas suspendessem o suporte ao rublo russo (RUB), de acordo com um e-mail do próprio governo enviado ao Decrypt na terça-feira (1º).
“Ontem, o Ministério de Transformação Digital da Ucrânia fez um pedido oficial à Coinbase, Binance, Huobi, KuCoin, Bybit, Gate.io, Whitebit e Kuna, pedindo que suspendam o suporte ao rublo russo, pares spot [de cripto] com rublo e conversão em fiduciárias, incluindo sistemas russos de pagamentos”, disse Yulia Parkhomenko, líder do Departamento de Desenvolvimento e Monitoramento Financeiro do Mercado de Ativos Virtuais, ao Decrypt.
Parkhomenko, que trabalha no Ministério de Transformação Digital, também reiterou a decisão do vice-primeiro ministro ucraniano Mykhailo Fedorov em pressionar que endereços de todos os clientes russos sejam sabotados.
“Realmente acreditamos que seja fundamental congelar não apenas endereços ligados a políticos russos e bielorrussos, mas também sabotar todos os clientes russos para prevenir a evasão de sanções”, disse Parkhomenko.
O Decrypt entrou em contato com cada corretora cripto mencionada no e-mail de Parkhomenko e, até agora, recebeu uma resposta da Whitebit.
“Procedimentos para verificar listas de sanções foram implementados, atividades de negociação com RUB foram encerradas e o registro de usuários de países da Federação Russa e da República da Bielorrússia foi suspenso”, confirmou a Whitebit ao Decrypt via e-mail.
A resposta das corretoras cripto
No último domingo (27), três dias após a Rússia ter invadido a Ucrânia, o vice-primeiro ministro tuitou o primeiro pedido de seu país para que corretoras cripto agissem.
“Peço que todas as grandes corretoras cripto bloqueiem endereços de usuários russos”, tuitou Fedorov.
Coinbase, Kraken e Binance negaram publicamente o pedido de Fedorov.
Um porta-voz da Coinbase disse ao Decrypt que “uma proibição unilateral e total iria punir cidadãos russos comuns que estão passando por uma histórica desestabilização de moeda como resultado da agressão de seu governo contra um país vizinho democrático”.
Jesse Powell, CEO da Kraken, tuitou que “O Dinheiro das Pessoas é uma estratégia de saída para humanos, uma arma para a paz, e não para a guerra”.
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Na segunda-feira (28), um porta-voz da Binance contou à CNBC que “cripto pretende fornecer uma maior liberdade financeira a pessoas ao redor do globo. A decisão unilateral de banir o acesso das pessoas às suas criptos vai contra o motivo pelo qual criptos existem”.
Em entrevista recente à BBC, Changpeng Zhao (ou CZ), CEO da Binance, foi novamente pressionado em relação às sanções.
O CEO foi perguntado sobre o que a Binance estava fazendo para aqueles que já haviam sido sancionados. Ele disse que essas pessoas “não vão ser capazes de usar os serviços [da Binance]” e que a corretora iria congelar seus fundos.
Quando perguntado a quantidade de contas que a Binance havia congelado na última semana, CZ disse não saber.
“Dada a importância disto, você não acha que deveria saber quantos desses executivos russos que estão na lista de sanções realmente não estão usando sua plataforma?”, perguntou a BBC.
CZ respondeu: “Eu pessoalmente não preciso saber. O que eu sei é que esse pessoal não está usando nossas plataformas”.
Eventuais sanções
Corretoras cripto disseram que, até agora, não existem bases jurídicas para banir todos os usuários russos de plataformas cripto.
No entanto, isso em breve poderá mudar.
O Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros (ou OFAC, na sigla em inglês) do Tesouro Americano irá divulgar novas regras que visam restringir “transações enganosas, estruturas ou negócios para evitar quaisquer sanções dos Estados Unidos, incluindo por meio do uso de moedas ou ativos digitais ou o uso de ativos físicos”.
Essas novas regulações vão se basear em uma ordem executiva já existente da administração Biden e criada para reprimir atividades ilícitas russas.
As regras estão no formato de rascunho e serão publicadas no site Federal Register do governo americano ainda nesta quarta-feira.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.
