Nicolás Maduro
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela

No dia 30 de dezembro, a oposição da Venezuela deixou de considerar Juan Guaidó como presidente interino do país, conforme mostra reportagem da Folha de S. Paulo.

Agora, com essa mudança, uma questão fica agora em aberto: as 31 toneladas de ouro do governo venezuelano liderado por Nicolás Maduro, que estão atualmente no Banco da Inglaterra, serão devolvidas ao país latino-americano?

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Leia também: Compra de ouro por Bancos Centrais chega ao nível mais alto desde 1967

A história começou em 2019, quando Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e opositor do regime, declarou-se presidente após eleições vencidas por Nicolás Maduro, mas questionadas em relação a lisura por entidades internacionais. Guaidó foi reconhecido como presidente pelos EUA, Brasil (então sob governo de Jair Bolsonaro) e diversos países da Europa, entre eles o Reino Unido.

Diante da situação de dois presidentes e cada um reconhecido por uma parte da comunidade internacional, entrou em debate a posse de fato dos ativos da Venezuela alocados pelo mundo. Uma parte grande é o ouro em Londres. Maduro e Guaidó entraram na Justiça do Reino Unido e as cortes britânicas deram ganho de causa ao opositor, conforme aponta reportagem da Reuters.

Agora, Guaidó perdeu o apoio de quase toda sua base. A mesma Assembleia Nacional que o alçou a presidente interino agora decidiu por 72 votos a favor pela sua destituição, sendo apenas 29 contra e 8 abstenções.

Maduro, considerado um ditador por muitos países, restabeleceu o diálogo com a oposição e até mesmo com os EUA durante 2022. A maior economia do mundo voltou a importar petróleo da Venezuela. Além disso, há uma eleição prevista para 2024, segundo o calendário oficial do governo. A oposição busca garantias que o pleito seja justo e livre.

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Com Guaidó fora da jogada e Maduro restabelecido, a possibilidade do governo voltar a controlar o ouro de Londres está na mesa novamente.

Conforme reportagem do portal venezuelano Banca Y Negocios, a Assembleia Nacional definiu um Conselho de Administração e Proteção de Ativos, que terá cinco integrantes e como uma de suas tarefas gerir os recursos do estado venezuelano que estão em outros países.

O deputado Freddy Guevara, um dos que manteve apoio a Guaidó, mostrou-se contrariado com a ideia do Conselho: “Não entendo como estamos cometendo esse suicídio e rendição formal diante de Maduro. Não houve consulta prévia à comunidade internacional sobre o reconhecimento desta reforma. Não houve vontade de construir uma solução consensual a tempo. Eles nos disseram claramente no exterior que, com essa reforma, a proteção do patrimônio estrangeiro não está garantida. Como é possível dar um salto no vazio?”.

O tesouro em disputa é grande. Só o ouro na Inglaterra equivale a US$ 1,85 bilhões. Ao redor do mundo, a Venezuela tem 52 disputas sobre a posse de ativos e as estimativas é de que o valor total bloqueado é de US$ 40 bilhões.

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Ouro e Bitcoin

A relação do Bitcoin com o ouro tem sido historicamente usada como uma forma de medir a confiança dos investidores na criptomoeda como reserva de valor. Os dois estavam intimamente ligados de junho de 2021 a fevereiro de 2022, mas a correlação ficou negativa em março do ano passado com o início do inverno cripto.

Dois ativos com correlação positiva indicam que estão se comportando de forma semelhante, enquanto aqueles com correlação negativa estão se comportando de forma diferente um do outro.

No início de setembro de 2022, a relação entre ouro e Bitcoin voltou a ser positiva e, no início de outubro, a correlação atingiu seu ponto mais alto em um ano.

Mas, para além disso, muitos avaliam que o Bitcoin pode ter as mesmas características do ouro de ser uma reserva contra a inflação por ter uma oferta limitada. Mas na prática tem sido diferente: em 2022 o metal precioso perdeu 1% do valor e o BTC desvalorizou mais de 60%.

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