A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou na quarta-feira (27) o indiciamento de Glaidson Acácio dos Santos por tentativa de homicídio. O dono da GAS Consultoria, também conhecido como Faraó do Bitcoin, é suspeito de encomendar o assassinato de Nilson Alves da Silva em março deste ano.
Conforme aponta reportagem do jornal Folha de S. Paulo, Nilson estaria espalhando pela cidade de Cabo Frio (RJ) que o dono da GAS seria preso e isso motivou a encomenda de seu assassinato por Glaidson.
Ambos eram concorrentes no mercado de captação de dinheiro com alegação de que iriam investir em criptomoedas. “Nilsinho”, como é conhecida a vítima, teria dito para as pessoas tirarem o dinheiro da GAS Consultoria e passarem para ele.
O ataque ocorreu no dia 20 de março deste ano, quando um carro parou ao lado do veículo de Nilson durante o sinal fechado de um semáforo. Os quatro homens supostamente contratados pelo “Faraó” fizeram seis disparos. Nilson foi atingido e está cego e paraplégico por conta do atentado.
“Para dar início à empreitada criminosa, o ‘faraó dos bitcoins” determinou que um comparsa de confiança contratasse os executores do delito. Para dificultar a investigação policial, quatro indivíduos contratados para matar a vítima utilizaram um veículo clonado e contaram com o apoio de um carro regularizado para fazer os deslocamentos rodoviários”, afirma a Polícia Civil, em nota.
Contratados por Glaidson
Reportagem do portal G1 aponta que a polícia já tem nomes para os executores do crime: Rodrigo Silva Moreira, Fabio Natan do Nascimento (FB), Chingler Lopes Lima e Rafael Marques Gregório. Todos foragidos da Justiça até o momento.
A investigação é comandada pelo delegado Carlos Eduardo Almeida, da 126ª DP (Cabo Frio), que afirma que a quadrilha usou um veículo clonado e um regularizado para dificultar a investigação.
Glaidson teria determinado que Thiago de Paula Reis contratasse os criminosos. Thiago é homem de confiança do dono da GAS Consultoria e chegou a visitá-lo na cadeia.
Outra execução
Além do caso envolvendo Nilson, a Polícia indica ainda que os dois executores dos crimes também participaram do homicídio contra Wesley Pessano, outro investidor em criptomoedas que atuava na cidade.
Conforme noticiado pela Folha, a polícia ainda investiga se Glaidson teria sido mandante deste assassinato.
Contraponto das defesas
Em nota enviada para a o portal G1, os advogados de Thiago dizem que ele “nega veementemente qualquer participação nos fatos narrados” e dizem que “antes de veiculada qualquer matéria sobre o assunto, a defesa protocolou na Delegacia de Cabo Frio uma petição informando que o Sr. Thiago de Paula Reis está inteiramente à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento sobre os fatos”.
O advogado Thiago Minagé, que defende Glaidson no processo de crime contra o sistema financeiro, disse que não está à frente do caso relacionado à tentativa de homicídio e por isso não pode se manifestar.
Caso GAS Consultoria nos tribunais
Nesta terça-feira (26), por 2 votos a 1, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) negou mais um pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do ex-garçom. Ele é suspeito de pirâmide financeira com criptomoedas e réu em processo que apura crimes contra o sistema financeiro nacional.
Segundo publicação do TRF2, um dos argumentos dos magistrados, do desembargador Flávio Lucas, para negar a soltura de Glaidon, é a “possibilidade real” de fuga do réu, já que ele tem “recursos e estrutura para se estabelecer fora do país”.
Este já é o terceiro pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de Glaidson, que está preso desde agosto sob acusações de crime contra o sistema financeiro nacional, supostamente aplicado a partir de sua empresa GAS Consultoria. O negócio é conhecido em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, por oferecer controversos contratos de investimentos em criptomoedas.
A Polícia Federal, a CVM e o Ministério Público, juntaram documentos apreendidos na operação Kryptos e a Justiça o tornou réu no início deste mês, juntamente com mais 16 acusados. Sua esposa Mirelis Zarpa, provável cabeça do negócio que prometia 10% de rendimentos ao mês, ainda está foragida.
Na ocasião da prisão de Glaidson e demais suspeitos, os agentes da PF e Receita Federal apreenderam 591 bitcoins, avaliados na cotação atual em cerca de R$ 195 milhões, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.