Imagem da matéria: George Santos: deputado que foi drag queen no Brasil é acusado de golpe com criptomoedas nos EUA
Deputado George Santos em vídeo no Instagram (Reprodução)

O deputado federal dos EUA e filho de brasileiros, George Santos – que já foi drag queen e recebeu dinheiro da FTX -, tentou usar criptomoedas como isca para aplicar um golpe em um doador de campanha.

As informações são do jornal The New York Times e a história tem um elemento bizarro: a narrativa usada pelo então candidato era quase a mesma do famoso golpe do “príncipe nigeriano”, que rodava fortemente no começo da internet e virou um meme clássico. 

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George Santos ficou famoso após a imprensa dos EUA ter mostrado que ele mentiu basicamente sobre tudo que disse na campanha na qual foi eleito para o Congresso. As mentiras também o levaram a ser preso temporariamente por autoridades em Nova York.

O doador que foi alvo do golpe falou com o jornal, mas pediu para ter o anonimato mantido. Segundo ele, Santos, membro do Partido Republicano, disse que um cidadão polonês muito rico queria comprar criptomoedas, mas não podia por conta de estar com os ativos congelados. 

O plano de Santos era que o doador abrisse uma Limited Liability Company, que é um tipo de empresa na qual os sócios não respondem pessoalmente em caso de dívidas ou processos judiciais, como forma de ajudar o suposto polonês a ter acesso aos criptoativos – ganhando ele própria uma fatia do montante.

Ao ouvir o plano, o doador pediu mais informações. O candidato solicitou que ele assinasse um acordo de não divulgação (NDA, na sigla em inglês). O homem pediu algumas mudanças neste contrato e Santos e seu time então se retiraram e não entraram mais em contato. 

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O golpe do príncipe nigeriano consiste em um e-mail disparado de forma aleatória, no qual o golpista diz ser descendente de uma monarquia de uma nação de um povo na Nigéria. Ele afirma que tem terrenos e imóveis no país de quem está recebendo a mensagem e está com os ativos congelados. E então irá pedir ajuda, que significa uma transferência em dinheiro, para ter acesso aos bens e promete que irá pagar uma grande recompensa. 

Este golpe ficou famoso mundialmente, já tendo virado uma referência cultural global. Tanto que o doador de George Santos disse ao The New York Times que a história do polonês querendo comprar criptomoedas parecia idêntica aos relatos do príncipe nigeriano.

As confusões de George Santos

Não é a primeira vez que as criptomoedas cruzam o caminho de George Santos. Diversos funcionários de alto escalão da FTX, a falida corretora, doaram para o republicano.

Ryan Salame, co-CEO da FTX; Claire Watanabe, ex-executiva sênior da FTX; e Ramnik Arora, ex-chefe de produto da empresa; doaram a quantia máxima possível para a campanha de Santos permitida pela lei federal durante o verão de 2022. 

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No dia 10 de maio, George Santos foi preso por autoridades de Nova York, nos EUA, sob acusações de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e roubo de fundos públicos. Foi solto logo depois após o pagamento de fiança.

Na campanha eleitoral, Santos teceu histórias sobre a angustiante fuga de seus avós da Europa durante o Holocausto e a morte de sua mãe no World Trade Center em 11 de setembro. Santos não é judeu e seus avós nasceram no Brasil (mais tarde ele disse ao New York Post que nunca afirmou ser judeu, apenas “judeu”); sua mãe não estava nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001.

Santos se apresentou durante sua campanha para o Congresso como um empreendedor que agora possui uma pequena fortuna. Apesar de sua aparente falta de uma carreira em Wall Street, ele afirmou em formulários de divulgação financeira de sua campanha de 2022 ter ganho entre US$ 3,5 e US$ 11 milhões nos últimos dois anos.

Em 2020, Santos trabalhou, de fato, para a empresa de investimentos da Flórida, Harbor City Capital, que logo depois foi acusada pela Comissão de Valores Mobiliários de administrar um esquema Ponzi de US$ 17 milhões.

A origem de centenas de milhares de dólares usados por Santos para alimentar sua campanha ainda é desconhecida. Pelo menos uma parte desses fundos de campanha, agora pode ser confirmado, veio dos escalões superiores da FTX.

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Diante das acusações, Santos se recusou a renunciar ao Congresso, apesar dos repetidos apelos de organizações republicanas locais.

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