A Polícia Federal do Rio de Janeiro organizou um mega esquema de segurança na quarta-feira (25) para realizar a transferência de Glaidson Acácio dos Santos, o criador da pirâmide financeira GAS Consultoria, para o seu novo lar: a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.
Imagens obtidas pelo Portal do Bitcoin com a PF mostram o empresário, também conhecido como o “Faraó do Bitcoin”, deixando o presídio de Bangu 1, no Rio de Janeiro, onde estava detido desde agosto de 2021 após ser preso na operação Kryptos. Os policias que o escoltam exibem metralhadoras, espingardas, trajes camuflados e coletes à prova de balas.
As fotos e vídeos mostram que a PF precisou alocar um grande número de agentes e viaturas para coordenar a transferência de Glaidson. Ele saiu na quarta-feira do Rio de Janeiro escoltado por agentes do Serviço de Operações Especiais (SOE) e da Divisão de Recapturas (Recap) da secretaria de segurança do Rio de Janeiro, até a Base Aérea do Galeão. De lá, viajou com um avião da Polícia Federal até o interior do Paraná.
Nas imagens também é possível ver Glaidson mais magro do que quando entrou no presídio. Segundo informações do jornal O Globo, o empresário perdeu cerca de 20 quilos desde que foi detido.
O regime de Glaidson pode ter começado após os agentes penitenciários darem fim às regalias que o Faraó tinha na prisão. Lá dentro, ele recebia uma série de visitas irregulares, inclusive de funcionários públicos. Os visitantes levavam para ele uma série de agrados, que iam de celulares a peças de picanha.
Foram essas e outras infrações de Glaidson, acusado de corromper agentes penitenciários para operar livremente, o que motivou a sua transferência de prisão. A defesa jurídica do Faraó tentou usar supostos problemas na saúde dele para barrar a transferência, mas isso não funcionou.
A transferência de Glaidson
Ao divulgar as imagens acima no Instagram, a PF explicou o porquê da transferência a mudança de cadeia. “A decisão da Justiça atende a um pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual (GAECO/MPRJ), após constatar que o preso recebia visitas não cadastradas e aparelhos celulares nos presídios em que esteve custodiado no Rio de Janeiro.”
O pedido de transferência foi feito pelo juiz do TJ-RJ, Marcello Rubioli, e aceito pelo pelo juiz federal corregedor do Paraná, Paulo Sérgio Ribeiro. O TJ-RJ viu indícios de que Glaidson continua liderando sua organização criminosa a partir do presídio, chegando inclusive a corromper agentes do Estado no processo.
De acordo com investigação do Ministério Público, Glaidson “indiscutivelmente é líder de organização criminosa que, a despeito da prisão de boa parte dos membros, ainda opera violentamente corrompendo agentes do estado”.
Além do roubo do dinheiro de milhares de clientes pela pirâmide financeira da GAS, o Faraó também é acusado de ser líder de uma organização que monitorava e assassinava rivais no mercado de criptomoedas, como mostram áudios obtidos pelas autoridades.
Faraó do Bitcoin vai a júri popular
A Justiça do Rio de Janeiro decidiu no final de dezembro que o criador da GAS Consultoria irá a júri popular por acusação de homicídio agravado pela prática de extermínio de seres humanos.
Conforme descrito na sentença, “Faraó dos Bitcoins”, “Papai”, “Patrão” e “01” — todos nomes pelos quais Glaidson é chamado — é acusado de mandar matar duas pessoas: Wesley Pessano Santarem e Adeilson José da Costa, que sobreviveu à tentativa de homicídio.
A motivação dos crimes, diz a denúncia oferecida pelo Ministério Público, era que ambos atuavam no mesmo ramo que a GAS Consultoria na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, e eram considerados concorrentes.
Tais crimes foram cometidos antes de Glaidson ser preso no âmbito da Operação Kryptos em agosto de 2021. Na ocasião, outros membros do esquema foram presos, enquanto alguns conseguiram escapar da polícia e fugir do Brasil, como a esposa de Glaidson, Mirelis Yoseline Diaz Zerpa.
A GAS Consultoria captava clientes com promessas de rendimentos que supostamente viriam do trade de criptomoedas. Mais tarde, seu modelo de operação revelou ser uma pirâmide financeira, que desencadeou uma série de investigações pelas autoridades brasileiras.
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