Um funcionário da Terraform Labs está sendo investigado por estelionato pela polícia da Coréia do Sul. Segundo informações do portal local Chosun Biz, o acusado teria desviado bitcoins dos fundos corporativos da empresa que desenvolvia o ecossistema da blockchain Terra, formado pelas criptomoedas derretidas LUNA e UST.
A polícia afirma que não existem indícios que Do Kwon, fundador de Terra, estivesse envolvido com a fraude e a princípio a ação parece ter sido um crime inicial individual do funcionário.
A investigação teria começado em maio, após uma denúncia anônima, e as autoridades sul-coreanas solicitaram o congelamento dos ativos do acusado que estão em corretoras de criptomoedas.
A Terraform Labs, já está sendo acusado de ter lavado cerca de US$ 5 milhões por meio de uma empresa de fachada da Coreia do Sul. A denúncia foi publicada pela emissora de TV KBS.
De acordo com a reportagem, Do Kwon teria transferido 6 bilhões de won (US$ 4,8 milhões) para uma empresa de consultoria blockchain com sede na capital, Seul. O dinheiro teria sido declarado como “outras despesas” no imposto de renda da Terraforms.
Intimação
Apesar de ser investigado como um ato individual, o episódio se junta à novela do derretimento de Terra. No dia 28 de maio, a emissora local JTBC revelou que funcionários da Terraform Labs foram intimados por promotores da Coreia do Sul a depor sobre as operações da empresa.
No dia 31 também foi noticiado por um site local que reguladores sul-coreanos estão intensificando a supervisão ao setor cripto após o crash do ecossistema Terra e que para isso será criado o ‘Comitê de Ativos Digitais’.
A nova entidade será uma versão maior e reorganizada do Comitê Especial de Ativos Virtuais (SCVC), que foi formado após o crash da TerraForm Labs no mês passado, que viu sua stablecoin TerraUSD (UST) e seu token de governança Terra (LUNA) perderem bilhões em questão de dias.
Entendendo a implosão do Terra
Em maio a UST, antes a terceira maior stablecoin da indústria e pertecente ao ecossistema Terra, perdeu sua paridade ao dólar e nunca o recuperou.
Diferente de stablecoins populares, como USDT da Tether e USDC da Circle, a stablecoin algorítmica do Terra não tinha lastro em nenhum ativo. Algoritmos e contratos autônomos operavam sua paridade ao dólar. O algoritmo que mantinha a paridade da UST ao dólar era uma negociação de arbitragem entre a UST e LUNA, o token nativo do projeto.
Toda vez em que a UST perdia sua paridade ao dólar, ficando abaixo de US$ 1, usuários poderiam comprar a UST com desconto, convertê-la (e queimá-la, removendo-a de circulação) para obter US$ 1 em LUNA Classic e vice-versa.
Quando a paridade ao dólar da UST caiu rapidamente, esse mecanismo se desfez, resultando no drástico aumento na oferta do LUNA, fazendo seu valor despencar 100%.
Após a queda, Do Kwon, o cofundador e CEO do Terraform Labs, propôs implementar uma nova blockchain e renomear a blockchain existente como Terra Classic. Essa proposta também foi aprovada recentemente. A nova iteração do Terra não inclui uma stablecoin algorítmica.