Imagem da matéria: Quem é Flávio Gondim, o criador do fundo Ponta Sul que perdeu R$ 4 bilhões na crise da Bolsa
Foto: Shutterstock

“O que o Monstro fará agora?”. A pergunta está na boca de investidores do Leblon, bairro na zona sul do Rio de janeiro, segundo uma recente reportagem da revista Época. É lá que mora o único cotista do “Fundo de Investimento de Ações Ponta Sul Investimento no Exterior”, Flávio Calp Gondim, que perdeu cerca de R$ 4 bilhões em algumas semanas de ‘crise coronavírus’.

O fato chamou atenção no mundo dos investimentos. O apelido de ‘monstro’, conforme descreveu a reportagem publicada na última sexta-feira (24), deu-se tanto pelo reservado modo de vida de Gondim quanto por seu apetite por risco.

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Entretanto, com a perda bilionária — 55% num único pregão, em 9 de março — a dúvida que fica é se Gondim, que segundo a reportagem é dono de uma fama lendária no bairro carioca, vai conseguir manter seu alto padrão de vida depois desse imprevisto. Em poucas semanas, ele perdeu 90% do que tinha aplicado.

Segundo a Época, a dúvida é sobre se sobrou dinheiro o suficiente para o investidor se manter num dos bairros mais caros do Brasil, cujo metro quadrado já chegou a ser vendido a R$ 12 mil. Fora isso, Gondim tem casa em angra dos reis e passa temporadas na Europa.

Um coisa, porém, pode trazer uma explicação melhor. De acordo com a Época, uma pessoa próxima a Gondim disse que sua ousadia nos investimentos é porque o multibilionário dividiu seu patrimônio em duas partes.

Uma delas estaria livre para se multiplicar ou evaporar no mercado sem medo; o restante, intocável, diz a reportagem.

Carreira de investidor e risco

Segundo a Época, Gondim é economista formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e começou a carreira há mais de 30 anos, como operador da Bolsa de Valores.

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Depois disso, o investidor fez uma grande carreira no Banco Boavista até se tornar diretor. Em seguida virou sócio e diretor de uma empresa do setor imobiliário, cuja meta era multiplicar R$ 10 milhões já acumulados na carreira.

Dito isto, o próximo passo foi a criação de uma gestora chamada Lynx, que viria a ser depois a Ponta Sul. Conforme a reportagem, no ano passado, o Ponta Sul rendeu mais de 100%. 

A perda do cotista aconteceu num momento ruim do mercado financeiro tradicional. Até então, Gondim construía grande sequência de ganhos.

Mas com a chegada quase que espontânea da crise, aconteceu, por exemplo, a maior queda diária nos mais de trinta anos de história do Dow Jones, índice que mede as ações dos EUA.

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Queda das bolsas

Àquela altura, em março, os termos circuit breaker, até então bastante desconhecido da maioria dos brasileiros, se tornaram mais conhecidos. 

Houve, inclusive, a necessidade de parar dois pregões no Ibovespa. No Brasil, a queda foi de 27% desde 19 de fevereiro, atingindo o menor nível desde novembro de 2018.

O patrimônio ‘monstro’ de Gondim chegou a atingir um pico de R$ 5,6 bilhões no final de janeiro de 2020, totalizando um ganho de 150% frente ao capital líquido aportado.

Com a queda dos mercados, o fundo atingiu R$ 1,03 bilhões, uma queda de 82% em relação ao montante menos de 2 meses, entre janeiro e fevereiro deste ano. No fundo havia cotas BIDI11 (Banco Inter Unit) e PETR4 (Petrobras P), além de títulos dados em garantia de operações em bolsa.

O porquê da escolha de ação do Banco Inter dentre tantos gigantes no mercado, segundo a reportagem, é porque Gondim, quando questionado sobre a escolha, recorria à aritmética elementar.

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Um frase sua explicava: “Eu queria uma ação de banco, e essa foi a mais barata que encontrei” — a subida dos papéis do Banco Inter, descreve a Época, era o Flávio comprando, formando essa posição extremamente agressiva.

O fundo Ponta Sul

Em março, o Portal do Bitcoin contou a história do fundo Ponta Sul, que desabara 55,3% em um só dia. Foi o pior desempenho entre 1.400 fundos brasileiros.

O “Fundo de Investimento de Ações Ponta Sul Investimento no Exterior”, criado em novembro de 2012, é gerido por Flavio Calp Gondim, de acordo com dados da CVM. O que chama a atenção, além da perda acentuada, é o fato de contar com um único cotista.

Por questões tributárias, é normal que family offices, as gestoras de grandes fortunas, abram fundos exclusivos, ou seja, que não estão abertos para captação de clientes externos. Não é possível afirmar que esse único cotista trata-se de uma única pessoa física, pois uma empresa com diversos sócios pode ser o investidor do fundo.

Os aportes inicial foram de R$ 255 milhões no final de 2012, mas depois teve-se novos aportes de R$ 1 bilhão no final de 2017 e novamente R$ 1 bilhão em 2019. Há alguns saques, totalizando menos de R$ 150 milhões, a maioria nos últimos 13 meses.

O patrimônio do fundo chegou a atingir um pico de R$ 5,6 bilhões no final de janeiro de 2020, totalizando um ganho de 150% frente ao capital líquido aportado. Com a queda dos mercados, o patrimônio do fundo atingiu R$ 1,03 bilhões, uma queda de 82% em relação ao montante menos de 2 meses atrás.

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Algumas ações representavam uma porção significativa da carteira, com destaque para BIDI11 – Banco Inter Unit, além de PETR4 – Petrobras PN. O último balancete, referente a fevereiro de 2020, mostra um total de ativos de R$ 20,3 bilhões, resultando numa alavancagem de 5 vezes o patrimônio líquido. Outro dado importante é o “títulos dados em garantia de operações em bolsa”, totalizando R$ 1,61 bilhão.


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