Imagem da matéria: Fintechs relatam desafios e pressa para adaptação ao PIX, o novo sistema do Banco Central
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Aos poucos o mercado brasileiro de pagamentos e seus integrantes se preparam para a chegada do PIX, o sistema de pagamentos instantâneos em desenvolvimento pelo Banco Central (BC). E o clima é de otimismo e expectativa com suas potencialidades, em um ritmo que não foi afetado pela pandemia de coronavírus.

“Percebemos uma preocupação e celeridade [do BC] para fazer as coisas em 2020, mesmo com Covid-19. Eles organizaram direitinho o cronograma”, destaca Leo Monte, diretor de Inovação da Sinqia. A empresa de tecnologia bancária também atua com consultoria e tem assessorado pelo menos dois de seus clientes no processo de adesão ao PIX.

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“Tem uma grande pressão [do BC] para colocar isso no prazo nesse ano. Estamos correndo para colocar tudo isso pronto em novembro”, comenta José de Carvalho Júnior, diretor de inovação da BPP. Fintech focada em soluções de pagamento para empresas (o chamado B2B), ela é uma das 86 instituições que solicitaram adesão direta ao PIX. Por ter mais de 500 mil contas ativas teve de fazer o processo ainda em março.

Apesar do ritmo acelerado para implantação, Carvalho acrescenta que a BPP não encontrou dificuldades para cumprir com as exigências técnicas. “Já tínhamos esse know how e concluído a maior parte dos testes antes da quarentena”.

A correria junto ao BC também foi destacada por Tulio Iannini, CEO da U4Crypto, uma das 23 instituições que pediram adesão ao PIX no formato indireto. No entanto, ele aponta que o processo tem sido tranquilo.

“Tudo é muito novo e todas as empresas estão em uma verdadeira corrida para encontrarem modelos comerciais a serem empregados. É um momento de descobertas em um ambiente que não existem mistérios, pois a construção está sendo conduzida pelo Banco Central de forma muito transparente e democrática”.

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Marca do PIX, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central
Marca do PIX, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central. (Foto: Divulgação/Banco Central)

O que oferecer?

O diretor da Sinqia observa que o grau de complexidade e de custo para implantar o PIX variam muito de acordo com o tamanho da empresa. No entanto, ele cita que a principal questão notada junto aos clientes não é em relação à parte técnica, mas sim sobre o que será oferecido a partir do novo sistema.

“As instituições vão precisar repensar seus produtos, modelos de negócios e novas experiências para o consumidor. A partir do momento que existem as remessas instantâneas, os serviços também terão de se adaptar”.

Essa percepção é compartilhada por Iannini. “A nossa dificuldade é a mesma das demais: encontrar um modelo comercial adequado, além de promover a integração e homologação no prazo determinado pelo Banco Central”.

O QR Code padronizado para transações, uma das características do PIX, é um dos elementos que deve tanto ajudar na criação de novos serviços quanto fomentar a entrada de novos atores.

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Apesar do nome, a U4Crypto ainda não conta com serviços que incluem criptoativos, mas aguarda uma regulamentação do tema no Brasil para também atuar nessa área. Para o CEO da empresa, trata-se de uma questão de tempo e o PIX é parte desse processo.

“No Brasil existem uma série de restrições regulatórias para criptomoedas, mas as últimas medidas de órgãos do governo nos leva a entender que tudo será questão de tempo, pois estão ‘organizando a casa'”.

Inicialmente a tecnologia blockchain foi cogitada para o PIX, mas acabou ficando de fora. Ela, no entanto, está presente na Pier, sistema de troca de informações financeiras que o BC mantém em conjunto com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e Susep (Superintendência de Seguros Privados).

Adesão ao PIX

Ao todo, 109 empresas formalizaram adesão ao novo serviço, que pretende tornar uma transação bancária tão simples quanto enviar uma mensagem de WhatsApp. Além de colocar em extinção serviços bancários como TED e DOC à medida que se popularizar, deve ainda acelerar a digitalização do sistema financeiro, diminuindo o uso de meios físicos — como cédulas e cartões em plástico.

A lista ainda pode aumentar, já que 1º de junho é o prazo final para adesão ao PIX antes de seu lançamento, agendado para 16 de novembro. Após essa data o sistema só aceitará novos integrantes a partir de 1º de dezembro.

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Vale lembrar que o Banco Central determinou adesão obrigatória ao serviço a todas as empresas que se encaixassem nesse corte, para garantir uma padronização e popularização mais célere da nova ferramenta.

Próximos passos

De junho a outubro vão acontecer os testes de homologação do PIX com as instituições que tiverem a inscrição formalizada até o dia 1º de junho. Essa fase dura até meados de outubro e vai definir quem de fato terá o serviço disponível para seus clientes a partir de 16 de novembro.

Veja abaixo o cronograma, divulgado pelo Banco Central:

  • 1º de junho: data limite para instituições solicitarem adesão ao PIX e participarem desde o lançamento (haverá nova oportunidade a partir de 1º de dezembro);
  • 1º de junho a 16 de outubro: etapa homologatória e conclusão da etapa cadastral (documentos e informações devem ser encaminhados ao Departamento de Competição e Estrutura do Mercado pelo Protocolo Digital do BC);
  • Junho: Divulgação dos regulamentos das plataformas operacionais (SPI e DICT);
  • Julho: Divulgação do regulamento do PIX e manuais técnicos
  • Novembro: lançamento do PIX para o público.

A implantação do PIX faz parte dos planos do Banco Central para criar um ambiente mais aberto, competitivo e inovador no mercado brasileiro. Ou seja, quem melhor se adaptar a ele vai colher os melhores frutos.

A composição gerada tende a beneficiar as fintechs, que possuem formatos mais enxutos e adaptáveis a grandes mudanças tecnológicas. A chegada do modelo de pagamentos instantâneos deve ainda facilitar o ingresso de novos atores no sistema, o que pode quebrar a concentração que hoje prevalece no mercado.

Além do PIX, outros dois assuntos que estão mexendo com o mercado financeiro no país neste ano são o Open Banking e o Sandbox Regulatório, tanto junto ao BC quanto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).


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