Preso desde agosto do ano passado nos EUA, Marcos Elias, gestor e analista de investimentos que ajudou a fundar a Empiricus, confessou na segunda-feira (04) o crime de conspiração contra instituições financeiras americanas, segundo o procurador Geoffrey S. Berman. As informações são do Valor Econômico.
De acordo com o jornal, Elias pode pegar até 30 anos de prisão por ter participado de um esquema para obter mais de US$ 750 mil (cerca de R$ 3 milhões) de instituições financeiras de Nova York usando documentos falsificados de clientes brasileiros. Seu julgamento está previsto para 04 de abril.
Formado em engenharia mecatrônica pela Universidade de São Paulo (USP), Elias passou por estágio e vários empregos na área financeira e até chegou a criar sua própria empresa, a gestora de fundos Galleas, onde aconteceu a primeira polêmica envolvendo o investidor.
Diante da crise financeira nos EUA após a quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008, Elias fechou os portfólios para resgate e a Galleas permaneceu bloqueada por seis meses.
Na Empiricus, como chefe de pesquisa, escreveu relatórios considerados polêmicos pelo mercado ao adotar uma linguagem agressiva em seus comentários, sendo que um deles foi alvo de processo que o fez perder a licença por 12 meses, conforme o jornal.
Ele deixou a empresa em 2012 alegando ter sido pressionado a sair. Cinco anos mais tarde, Elias processou a Empiricus. A ação poderia, então, indenizá-lo em até R$ 10 milhões, o que representaria o valor da venda de sua participação, conforme requereu.
Em julho do ano passado a Ação foi considerada extinta em despacho assinado pela juíza da 21ª Vara Cível, Maria Carolina de Mattos Bertoldo.
Marketing agressivo da Empiricus
No final do ano passado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendeu uma medida que afastava a exigência de credenciamento da Empiricus como analista de valores mobiliários, o que suspendia a exigibilidade de multas aplicadas contra a empresa.
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A CVM havia reagido a reclamações de investidores. Ela viu o marketing digital da empresa como agressivo, o que foi rebatido pelo diretor executivo da Empiricus, Felipe Miranda, que disse ser uma publicidade “assertiva” e “americanizada”.
Após o revés judicial, Miranda, que é economista, disse que não respeitava a CVM como seu regulador e que a Empiricus é uma empresa de caráter jornalístico e não uma casa de análise de valores mobiliários.
A estimativa de faturamento da Empiricus em 2018 era de R$ 170 milhões somente no segundo semestre. Na ocasião, a empresa tinha 235 mil assinantes.
Analista disse para não comprar Bitcoin
André Franco, um analista de criptomoedas da Empiricus, em um vídeo intitulado ‘A Era Pós-Bitcoin – vídeo 04’ no dia 10 de dezembro do ano passado, afirmou que as pessoas não deveriam comprar Bitcoin, pois ele teria descoberto um criptoativo que multiplicaria em 93x. “Não compre Bitcoin”, diz no mesmo vídeo.
Vale lembrar que a última recomendação enfática da empresa foi a compra da criptomoeda Chronologic em 2017, onde vídeos com conteúdos semelhantes circularam pela internet. O resultado, porém, foi amargo: a Chronologic teve uma queda de 99% desde o seu topo histórico.
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