Imagem da matéria: Ex-DD Corporation, Gabriel Rodrigues tatua criptomoeda que foi a zero após prometer ganhos de 4.000%: "Acredito"
Gabriel Rodrigues, que promoveu pirâmide DD Corporation, fez tatuagem da shitcoin Flush Win (Fotos: Reprodução/Instagram)

Gabriel Rodrigues, um antigo vendedor da pirâmide financeira DD Corporation, promoveu para milhões de seguidores no Instagram uma criptomoeda que ele repetidas vezes disse que tinha potencial para valorizar até 4.000%, mas que acabou desabando 98% após o lançamento.

Rodrigues, que se autointitula “Sheik do Bitcoin”, dizia acreditar tanto na moeda Flush Win (FLS) que tatuou na própria pele o projeto. São imagens, porém, que ajudam a documentar o fracasso que se seguiu a tanta promoção.

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Criado na BNB Chain, o token começou a circular oficialmente no dia 5 de dezembro, mas estava à venda desde novembro de 2021, quando começou seu ICO (oferta inicial de moeda). 

Na sua estreia no mercado, o FLS atingiu um recorde de preço de US$ 3,57, segundo dados do PooCoin. Nos dias seguintes, no entanto, o token entrou em queda livre e no sábado (24) valia US$ 0,07 — uma queda de 98% em duas semanas. 

Rodrigues é um nome conhecido no mercado de criptomoedas: ficou famoso por promover a DD Corporation, pirâmide financeira acusada de deixar um prejuízo de R$ 300 milhões prometendo pagar rendimentos de até 250% ao ano com criptoativos.

No início do ano, Rodrigues teve carros de luxo apreendidos pela Polícia Civil após ser investigado por estelionato e lavagem de dinheiro, segundo o G1. Quatro meses depois, seu tio foi sequestrado por uma suposta dívida de R$ 600 mil.

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Tragédia da criptomoeda

Enquanto o preço da Flush Win desabava, os investidores só puderam assistir impotentes os gráficos ficando cada vez mais vermelhos. Isso porque no dia do lançamento, a equipe do projeto surpreendeu a comunidade ao impor uma restrição na qual o usuário só poderia acessar 1% por dia do seu balanço total de FLS comprado no ICO.

Ou seja, quando o token foi oficialmente lançado depois de um ano de vendas, seus compradores não podiam negociá-lo livremente no mercado — inclusive realizar lucros.  

Um investidor brasileiro, que pediu para não ter seu nome divulgado, contou ao Portal do Bitcoin que enquanto os usuários comuns sofriam com a restrição desconhecida até então, o FLS era despejado no mercado por carteiras com acesso privilegiado e que, segundo o investidor, só podiam pertencer aos promotores e criadores do projeto.

Uma análise rápida do contrato inteligente do Flush Win no Token Sniffer comprova que o fornecimento da moeda é altamente concentrado na mão dos criadores, que controlam 98,9% da oferta de FLS. Idealmente, essa concentração não deveria passar de 5%. 

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O Flush Win também não tem propriedade renunciada, o que significa que o criador pode mudar as regras do contrato a qualquer momento, como aumentar a oferta, alterar taxas e suspender as negociações.

Gabriel Rodrigues, embora tenha a tatuagem no braço, nega que seja o criador do Flush Win. Questionado pela reportagem, ele alega não saber quem está por trás da criptomoeda que vinha promovendo por mais de um ano, ressaltando várias vezes não ser sócio, criador, ou responsável pelo projeto.

Por outro lado, quem acompanha o trader e investiu na Flush Win, sempre acreditou que o projeto fosse de Rodrigues, já que ele não é promovido por mais ninguém com o mesmo destaque. 

Promessas do Sheik do Bitcoin

O que os gráficos expõem contrariam as promessas que o ‘Sheik do Bitcoin’ fazia a seus seguidores durante o ICO da Flush Win.

“Quando o projeto está em ICO vale a pena entrar em qualquer valor, porque sempre depois do lançamento [o preço] vai muito acima, ainda mais quando é um projeto como esse: inédito e surreal. Eu boto minha mão no fogo falando que é apenas o começo. Eu acredito que 650% de valorização é nada do que está para acontecer. Vai pra casa dos 1.000%, 2.000%”, prometeu Rodrigues em stories no Instagram, gravados em fevereiro deste ano.

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Em outro post sobre a Flush Win, Rodrigues chegou ao ponto de dizer que a criptomoeda foi capaz de valorizar 4.000%.

Nos stories, o trader também já apareceu com um tatuador e um grupo de parceiros da TMT Academy, sua empresa de cursos de trade, com todos ali fazendo tatuagem do símbolo da shitcoin.

Seu parceiro apelidado de “Koalzinho” aparece com o símbolo da shitcoin tatuado na cabeça e no braço, enquanto outros três colegas esperam em fila para serem os próximos a ganhar a marca no corpo. O próprio Gabriel Rodrigues fez uma tatuagem escrita “Flush Win” na parte frontal do pulso, compartilhada no Instagram com a legenda “crença”. 

Em outra série de vídeos, Rodrigues aparece enviando R$ 180 mil da sua conta na Binance para a plataforma da Flush Win. Toda essa confiança demonstrada pelo trader levou o investidor que conversou com a reportagem a investir, junto com um grupo de amigos, um total de R$ 65 mil na Flush Win em novembro de 2021. 

Como explicou o investidor, a criptomoeda estava à venda em um sistema fechado dentro do site da Flush Win. O site não traz informações úteis, como quem é a equipe por trás da shitcoin. Apenas informava que o projeto foi criado para “solucionar problemas no mundo das apostas, envolvendo torneios e cassinos em todo o mundo”.

Para participar do ICO, o usuário era obrigado a se cadastrar na plataforma interna do site. Nesse sistema, totalmente controlado pelos criadores da moeda e que não é baseado em dados da blockchain, o token apresentava uma valorização de 2.400%, cotado a US$ 2,50.

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O investidor que fez a denúncia mostrou à reportagem que o sistema da Flush Win continua mostrando essa falsa valorização ainda hoje, mesmo com dados on-chain mostrando uma cotação do ativo que não passa de US$ 0,07.

“Eles lançaram e fabricaram essa valorização no sistema. Essa valorização é manual, fake, eles iam lá e digitavam um valor. Quando foi lançado, eles travaram o saque e quem tinha o controle sacou na frente”, acusa o investidor. 

Ele relembra que o lançamento oficial da moeda era um evento esperado para realização do lucro, mas com a restrição de acesso ao token, só conseguiu recuperar R$ 500 do investimento inicial.

Essa vítima diz não ter dúvida que caiu num golpe de pump and dump promovido por Gabriel Rodrigues. Ele pode não ter sido o único, já que há mais de 23 mil pessoas no grupo da criptomoeda no Telegram. “Hoje ele [Gabriel Rodrigues] e sua quadrilha ostentam no Instagram com o dinheiro desses golpes”, finaliza o investidor.

Trader nega ter aplicado golpe

Gabriel Rodrigues, por sua vez, nega que tenha sido um golpe, justificando que sempre avisou aos seguidores sobre os riscos do negócio.

“[Flush Win] é um projeto que eu apostei um valor e indiquei sempre mencionando os riscos que se tem em apostar em uma moeda, seja ela gigante ou um projeto que está em fase de ICO”, disse Rodrigues ao Portal do Bitcoin.

Sobre a súbita taxa de 1% de saque imposta aos usuários no lançamento da moeda, o trader alega também ter sido pego de surpresa, mas elogiou a medida: “Todos nós investidores ficamos sabendo dessa forma de saque no Telegram do projeto e eu, como investidor, acredito que seja válido para não obter uma liquidação em massa”.

Rodrigues finaliza dizendo que continuará apoiando a Flush Win. Sobre a tatuagem que fez no braço em homenagem ao projeto, o trader afirma que só vai retirar se perder sua confiança, “o que não aconteceu até o momento”.

“Sou holder, acredito nos projetos que indico, já indiquei mais de 20 projetos que deram muito certo e esse pode ser mais deles. O fato de eu tatuar não significa que tenho relação jurídica com o projeto, pois repito que eu não tenho. Apenas sou entusiasta. Os projetos que eu tiver relação podem ter certeza que meu nome irá aparecer.”

Questionado pela reportagem, Rodrigues confirmou promover os tokens Lotochain e Dxcup, também apontados por alguns investidores como esquemas de pump and dump similares a Flush Win. Mais uma vez, o trader negou promover um golpe.

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