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Vitalik Buterin, criador do Ethereum (Foto: Flickr)

O cofundador e principal mente por trás do Ethereum, Vitalik Buterin, publicou um artigo na segunda-feira (5) para narrar aquilo que atualmente mais o anima dentro de um dos ecossistemas de criptomoedas mais importantes do setor.

Buterin diz que o Ethereum amadureceu nos seus sete anos de existência e que agora existem aplicações reais sendo testadas na rede que o empolgam sobre o futuro da blockchain. Para ele, é provável que os futuros projetos de sucesso do ecossistema Ethereum já estejam sendo discutido em blogs, fóruns e conferências.

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“Minha animação com o Ethereum agora não é mais baseada no potencial de incógnitas não descobertas, mas sim em algumas categorias específicas de aplicativos que já estão se provando e estão ficando mais fortes”, explica Buterin no seu blog.

O desenvolvedor divide as aplicações nas quais tem mais esperança de sucesso em cinco principais categorias: dinheiro, DeFi, ecossistema de identidade, DAOs e aplicativos híbridos.

1. Dinheiro: a primeira e ainda mais importante aplicação

Vitalik Buterin fala sobre a importância do uso de ether como moeda de troca trazendo uma experiência da vida real, quando estava em um café na Argentina em dezembro passado.

“Quando entramos, o proprietário me reconheceu e imediatamente me mostrou que tinha ETH e outras criptomoedas em sua conta da Binance. Pedimos chá e lanches e perguntamos se poderíamos pagar em ETH. O dono da cafeteria concordou e me mostrou um QR code de seu endereço de depósito na Binance, para o qual enviei cerca de US$ 20 em ETH da minha carteira Status do meu smartphone”, conta.

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Ao conversar com o dono do local, Buterin viu que o uso mais significativo do Ethereum ainda é seu papel de dinheiro, seja como moeda de troca para pagar produtos ou transferir dinheiro para outros países, ou como forma de poupar e se proteger da inflação.  

“Na Argentina e em muitos outros países ao redor do mundo, os vínculos com os sistemas financeiros globais são mais limitados e a inflação extrema é uma realidade a cada dia. A criptomoeda geralmente entra como uma tábua de salvação”, diz Buterin.

Ele confessa que a transferência feita ao dono do café na ocasião foi cara — a taxa representou um terço do valor da transação — e lenta, levando vários minutos para ser confirmada. Um alento trazido por Buterin é que, se essa mesma transação acontecesse neste dezembro e não no do ano passado, ela seria muito mais eficiente por causa das melhorias introduzidas nas últimas atualizações do Ethereum. 

“Como efeito colateral do Merge (Fusão), as transações são incluídas significativamente mais rápido e a cadeia se torna mais estável, tornando mais seguro aceitar transações após menos confirmações”, comenta Buterin, acrescentando que tecnologias de dimensionamento, como optimistic e  ZK rollups, estão evoluindo rapidamente.

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2. DeFi: mantenha a simplicidade

Vitalik gosta das finanças descentralizadas (DeFi), desde que as coisas se mantenham simples.

“Defi é uma categoria que começou honrosa, mas limitada. Se transformou em um monstro supercapitalizado que dependia de formas insustentáveis de yield farming e agora está nos estágios iniciais de estabelecimento em um meio estável, melhorando a segurança e focando novamente em algumas aplicações que são particularmente valiosas”, diz.

Nesse setor do Ethereum, Buterin elenca stablecoins descentralizadas como o produto DeFi mais importante que existe. 

Ele cita também o mérito dos mercados de previsão (que permitem apostar no resultado de uma eleição ou uma partida de futebol, por exemplo); outros ativos sintéticos para além de stablecoins, que replicam ativos do mundo real; e aquilo que chamou de “camadas de cola” para fornecer uma troca mais eficiente entre diferentes criptoativos.

3. O ecossistema de identidade 

Vitalik Buterin conta que já faz um bom tempo que está otimista em relação à identidade blockchain, mas pessimista em plataformas de identidade blockchain.

“Blockchains são valiosas para aplicações de identidade por causa de sua natureza independente de instituição e os benefícios de interoperabilidade que elas fornecem. Mas o que não vai funcionar é uma tentativa de criar uma plataforma centralizada para realizar todas essas tarefas do zero”, argumenta o desenvolvedor.

Para ele, o que provavelmente funcionará é uma abordagem orgânica, com muitos projetos trabalhando em tarefas específicas que são individualmente valiosas para rede.

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Ele cita como exemplo de projetos que estão fazendo um bom trabalho em construir esse ecossistema de identidade o ENS (Ethereum Name Service), SIWE (Sign In With Ethereum), PoH (Proof of Humanity), POAP (Proof of Attendance Protocol) e SBTs (Soulbound Token).

4. DAOs

Buterin afirma que as organizações autônomas descentralizadas (DAO) captam as esperanças que as pessoas colocam no espaço cripto para construir formas de governança mais democráticas, resilientes e eficientes.

Ele resume que DAO é um contrato inteligente que pretende representar uma estrutura de propriedade ou controle sobre algum ativo ou processo, que pode ser qualquer um. “Muitas dessas estruturas funcionam, e muitas outras não”, diz Buterin.

Ele faz questão de diferenciar o que seria uma governança descentralizada e uma implementação descentralizada: “A estrutura de governança descentralizada protege contra invasores internos e uma implementação descentralizada protege contra invasores poderosos externos (“resistência à censura”).”

Buterin então lista que a descentralização permitida pelas DAOs podem ser usadas de diferentes formas para conceder a um projeto robustez, eficiência e interoperabilidade. 

Ele também cita alguns mecanismos de governança que podem ser adotados em DAOs para resolver uma gama de problemas, sendo elas a votação quadrática, Futarquia (forma de governo proposta pelo economista Robin Hanson), democracia líquida, e ferramentas de conversação descentralizadas, como Pol.is.

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5. Aplicativos híbridos

Para fechar sua lista de cinco coisas que o animam no ecossistema do Ethereum, Buterin traz os aplicativos híbridos. Esses projetos são aqueles que não são totalmente on-chain, mas aproveitam a tecnologia das criptomoedas bem como outros sistemas para melhorar seus modelos de confiança.

O desenvolvedor usa uma votação como um bom exemplo de aplicação.

“Os votos são publicados no blockchain, para que os usuários tenham uma maneira independente do sistema de votação de garantir que seus votos sejam incluídos. Mas os votos são criptografados, preservando a privacidade, e uma solução baseada em ZK-SNARK é usada para garantir que o resultado final seja o cálculo correto dos votos”, diz Buterin, citando o MACI como um exemplo de projeto que funciona nesse modelo híbrido.

Além de votação, ele diz que esses sistemas podem ser usados para outros serviços centralizados auditáveis, como por exemplo, a prova de solvência de corretoras de criptomoedas — algo que se mostrou particularmente benéfico aos investidores após o colapso da FTX.

“Todos esses são problemas que podem ser resolvidos e há um forte impulso para resolvê-los. O colapso do FTX mostrou a muitas pessoas a importância de soluções verdadeiramente descentralizadas para manter fundos, e o surgimento do padrão ERC-4337 e das carteiras de abstração de contas nos dá a oportunidade de criar essas alternativas”, conclui Buterin.

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