Imagem da matéria: Ethereum adia atualização na bomba de dificuldade para acelerar mudança rumo ao sistema PoS
(Foto: Shutterstock)

Você está dirigindo tranquilamente pela rua quando você vê o semáforo ficar amarelo. Você a) pisa no acelerador para tentar ultrapassar antes de o semáforo ficar vermelho ou b) para e espera o semáforo ficar verde antes de seguir viagem?

Esse é o tipo de escolha que os desenvolvedores do Ethereum enfrentam com a tão aguardada migração para o consenso proof of stake (ou PoS, na sigla em inglês).

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Em uma reunião na sexta-feira (29), enquanto discutiam se iriam lidar imediatamente com a chamada bomba de dificuldade — mecanismo que tornará a rede mais lenta —, decidiram ignorá-la por enquanto, à medida que aceleram o PoS. O risco é que talvez precisem pisar no freio repentinamente, caso o tempo se esgote.

Fusão

Tudo isso está acontecendo enquanto usuários do Ethereum aguardam por “A Fusão”. Não, esse não é um filme de John Carpenter sobre zumbis simbióticos ou o mais recente jogo de poder de Elon Musk.

Em vez disso, a Fusão é a migração do Ethereum do proof of work (ou PoW) para o proof of stake. Enquanto PoW envolve “mineradores” que usam seu poder computacional para validar transações em troca da chance de ganhar ether (ETH), PoS envolve holders que bloqueiam uma parte de seus ethers para validar transações e recebem uma parte das recompensas.

Faz parte de uma ampla iniciativa — junto com a apresentação de “shard chains” e outras medidas (ou “blockchains fragmentadas”) e outras implementações — para tornar a rede mais rápida, barata e menos congestionada, informalmente conhecida como Ethereum 2.0.

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E até existe um elemento escrito no código do Ethereum para incentivar essa transição e garantir que mineradores não se recusem a aparecer após a migração: a bomba de dificuldade.

A bomba de dificuldade funciona ao dificultar a mineração de novos blocos na blockchain PoW, ou seja, demora mais para que mineradores decifrem a criptografia. A consequência prevista é que a mineração consuma tanto tempo (e a rede fique tão lenta) que o processo não se torne rentável.

Porém, existe uma forma de evitá-la. Desenvolvedores criaram a bomba e, com certo esforço, podem atrasá-la. Ao reconfigurarem o relógio, ganham mais tempo para criar a rede proof of stake. Desenvolvedores do Ethereum já fizeram isso diversas vezes — mais recentemente com a atualização Arrow Glacier, em dezembro de 2020.

Mas o atraso da bomba de dificuldade demanda tempo e energia e pode remover recursos da preparação da Fusão. Embora pelo menos um dos desenvolvedores tenha chamado a atualização de “trivial”, coordenar usuários para realizar a atualização não é algo simples.

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Além disso, existe um impacto psicológico. A bomba-relógio está consumindo energia mental, mas qualquer distração da ampla migração da rede pode resultar em uma nova rodada de suspiros descontentes de holders e investidores em ether.

Em abril, a Ethereum Foundation adiou sua data estimada de entrega do segundo trimestre para o terceiro trimestre — e muitos usuários estão cada vez mais ansiosos para que essa entrega seja realizada.

Estresse

Christine Kim, pesquisadora da Galaxy Digital e responsável por um antigo podcast dedicado à Ethereum 2.0, tuitou:

Eu pessoalmente não acredito que [não lidar com a bomba de dificuldade agora] seja um forte argumento para manter o cronograma da bomba como está e bifurcá-la quando necessário de última hora.

Na minha opinião, é um estresse desnecessário para desenvolvedores, mas o maior motivo pelo qual eu acredito que decidiram adiar a bomba neste momento é uma questão de ótica.

Adiar a bomba, digamos, para dezembro (hipoteticamente falando), o que dá bastante tempo para testar e coordenar a Fusão, parece algo ótimo mas, por uma questão de ótica, parece péssimo, o que não deveria importar mas, na verdade, importa.

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O trabalho de preparação dos desenvolvedores está em fase de testes. No início de abril, os desenvolvedores criaram uma “shadow fork” (ou “bifurcação-sombra”) na rede principal, em que copiaram dados da blockchain Ethereum para uma rede de testes para ver como a rede principal deve funcionar após a migração. Desenvolvedores farão isso novamente esta semana.

Tim Beiko, que lidera todas as reuniões entre desenvolvedores principais para a Ethereum Foundation, argumentaram, na reunião da última sexta-feira, que era melhor reavaliar a bomba de dificuldade na próxima reunião do dia 13 ou do dia 27 de maio, destacando que a atual experiência do Ethereum não estava e não seria prejudicada durante diversas semanas.

O melhor caminho a seguir, segundo ele, era continuar com os testes e ver como as coisas estão depois.

O atual tempo médio entre blocos está acima de 13 segundos. Desenvolvedores discutiram brevemente sobre qual seria o tempo máximo de espera para usuários da rede, dado que cada atraso gera ainda mais congestionamento. 20 segundos? 30 segundos?

Se errarem o tempo, a rede pode rapidamente ficar mais lenta do que já é e colocar pressão sobre desenvolvedores para solucionar a bomba.

Mas à medida que a Fusão está se aproximando, 30 minutos pode não ser um grande problema. Segundo Vitalik Buterin, cofundador do Ethereum: “Temos de avaliar a dor de implementar uma bifurcação de atraso extra vs. a dor de viver com blocos entre 21 e 25 segundos por um tempo, que é algo que já fizemos e o mundo não acabou”.

Ele acrescentou uma observação otimista para um futuro em que a bomba de dificuldade não existe mais: “Esta é a última vez em que o intervalo entre blocos será diferente de 12 segundos”.

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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