Dois mineradores individuais de bitcoin (BTC), com uma modesta taxa de hashes, ganharam uma bolada de 6,25 BTC cada (cerca de US$ 275 mil) após acrescentarem novos blocos à rede Bitcoin – tudo num período de dois dias.
Ambos os mineradores sortudos conectaram seu poder computacional ao Solo CK, um pool de mineração que oferece mineração solo e anônima de bitcoin.
O dr. Com Kolivas, um engenheiro de software que criou o software para a mineração de bitcoin CGMiner e que também opera Solo CK, compartilhou, no Twitter, a notícia sobre o primeiro minerador a ter transmitido o bloco nº 718.124 na terça-feira (11) com meros 126 terahashes por segundo (ou TH/s).
Quando perguntado quais são as chances de acrescentar um bloco válido à rede Bitcoin com uma taxa de hashes tão baixa, dr. Kolivas disse que depende de quanto tempo estão minerando.
De acordo com suas estimativas, existe uma chance em dez mil de encontrar um bloco por dia com essa taxa de hashes ou, em média, um bloco a cada 27 anos.
Uma taxa de hashes de 120 TH/s é equivalente a 0,00012 EH/s ou cerca de 0,000068% do poder computacional total da rede Bitcoin que, atualmente, está em 176,4 EH/s, de acordo com Blockchain.com.
O que é ainda mais impressionante é esse acontecimento ter ocorrido duas vezes em apenas três dias.
Outro participante do Solo CK conseguiu solucionar o bloco nº 718.379 com uma capacidade de apenas 116 EH/s, menos do que o primeiro minerador.
De acordo com o dr. Kolivas, o segundo minerador havia entrado para o Solo CK há apenas dois dias, “provavelmente em resposta ao outro sortudo solucionador de blocos, então foi astronomicamente sortudo em solucionar um bloco sozinho durante esse tempo”.
Ele acrescentou que, no que diz respeito ao segundo minerador sortudo, as chances de encontrar um novo bloco no pool eram de uma em seis mil desde o momento em que começou a minerar.
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Por que solucionar blocos de Bitcoin é tão difícil?
A mineração de bitcoin é o processo de acrescentar e verificar blocos de transações ao blockchain público do Bitcoin.
Para acrescentar novos blocos, mineradores competem entre si ao solucionarem quebra-cabeças criptográficos e complexos para obter bitcoins recém-minerados como recompensa (atualmente, de 6,25 BTC por bloco).
Nos primórdios do Bitcoin, quando a dificuldade de mineração (uma medida de quão difícil é minerar novas moedas) era baixa, era possível minerar novas moedas usando simples chips de processamento (CPU) existentes em computadores pessoais.
É exatamente o que Satoshi Nakamoto, o anônimo inventor do Bitcoin, fez em 3 de janeiro de 2009, quando minerou o primeiro lote de 50 BTC.
Conforme a mineração se tornou mais difícil e com o mecanismo de “halving”, que reduz as recompensas de bitcoin pela metade a cada quatro anos, CPUs se tornaram cada vez menos eficientes, assim como a mineração doméstica.
O tempo passou e CPUs foram substituídos por placas de vídeo (GPUs) mais avançadas, que logo também se tornaram obsoletas, abrindo caminho para chips de circuito de integração específica (ou ASIC).
Nesta quinta-feira (13), quando tanto a taxa de hashes do Bitcoin como a dificuldade de mineração atingem altas históricas por conta da escala industrial de mineração, está ficando cada vez mais difícil ganhar dinheiro pelo empreendimento como um minerador individual.
Ainda assim, eventos recentes comprovam que isso não é impossível.
Segundo Dr. Kolivas: “Se mineradores individuais suficientes fizerem isso por tempo suficiente, então, estatisticamente, alguém vai encontrar um bloco”.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.