O bilionário Elon Musk disse reiteradas vezes que seu objetivo ao comprar o Twitter é criar uma plataforma para a liberdade de expressão – que ele vê sendo tolhida em diversos episódios. Mas o dono da Tesla mudou o tom ao publicar nesta quinta-feira (27) uma carta aberta ao mercado publicitário, assegurando aos anunciantes que a rede não será um local onde tudo pode ser dito.
Na carta aos publicitários, Musk afirma que deverá continuar sendo feita alguma forma de moderação.
“O Twitter obviamente não pode ser um ambiente infernal inferno de cada um por si, onde tudo pode ser dito sem nenhuma consequência. Além de cumprir com as leis, nossas plataforma precisa ser acolhedora para todos”, afirma.
Na sequência, Musk indica que essa moderação pode ser feita por meio de filtros, onde cada usuário defina o que tolera e quer ver em sua timeline.
“Você poderá escolher a experiência que você deseja de acordo com suas preferências, do mesmo modo que, por exemplo, você pode escolher ver filmes ou jogar games que vão de classificações para todas as idades ou só para adultos”, diz.
Dear Twitter Advertisers pic.twitter.com/GMwHmInPAS
— Elon Musk (@elonmusk) October 27, 2022
Musk deu nessa semana os passos finais para a compra do Twitter. Na quarta-feira (26), publicou um vídeo entrando na sede da empresa e mudou sua biografia de perfil, colocando “Chefe do Twitter” na descrição. A agência de notícias Bloomberg detalhou que o banco Morgan Stanley liderou um financiamento de US$ 13 bilhões para o negócio ser concluído.
Motivos para Elon Musk comprar o Twitter
Na carta, Elon Musk diz que não comprou o Twitter para ganhar dinheiro, que fez isso para “ajudar a humanidade” e que está plenamente ciente que falhar nessa missão “é uma possibilidade bem real, mesmo colocando todos os nossos esforços”.
“O motivo pelo qual eu comprei o Twitter é porque é importante para a civilização futura ter uma praça pública digital, onde uma grande variedade de crenças pode ser debatida de uma maneira saudável, sem se recorrer à violência”.
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Musk entende que há um grande perigo que as redes sociais se dividam entre câmaras de eco de extrema direita e extrema esquerda, “que geram mais ódio e divisão na sociedade”.
O empresário ainda aproveitou para criticar a imprensa tradicional: “Na incansável busca por cliques, grande parte da mídia tradicional alimentou esses extremos polarizados, e eles acreditam que isso é que traz dinheiro. Mas, fazendo isso, a oportunidade de um diálogo é perdida”.
A novela entre o bilionário e a rede social
Em abril desse ano, Elon Musk anunciou uma oferta de compra do Twitter por US$ 44 bilhões. A empresa aceitou, mas após alguns meses de negociação para refinar os detalhes do acordo, o dono da Tesla anunciou que estava desistindo.
Musk alegava que os números de bots, spams e contas fakes na rede era muito maior do que o informado pelo Twitter. Já a rede social defendeu os dados que foram fornecidos e entrou na Justiça para que o empresário honrasse o compromisso.
Pelo acordo feito então, Musk só poderia desistir do compromisso de compra que havia firmado em um caso de informações erradas ou falsas prestadas pelo Twitter – e foi essa a estratégia que ele adotou.
O caso foi para a Corte de Chancelaria de Delaware, especializado em litígios em processos de fusão e aquisição de grandes companhias.
Os bastidores do assunto indicavam que Musk queria reduzir o preço da compra, pois concordou com um preço em um momento no qual a ação do Twitter estava muito mais valorizada do que ficou nos meses seguinte. Seu objetivo seria pagar menos.
Mas, conforme aponta reportagem do jornal O Globo, Musk voltou atrás no dia 4 de outubro e anunciou que está disposto a pagar os US$ 44 bilhões acordados no início do processo.
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