Elliptic identifica milhares de endereços de criptomoedas ligados à Rússia

Elliptic descobriu uma enorme quantidade de endereços ligados a entidades Russas, mas também afirma que cripto não pode “preencher a lacuna” das sanções apresentadas à Rússia
Imagem da matéria: Elliptic identifica milhares de endereços de criptomoedas ligados à Rússia

(Foto: Shutterstock)

Esta semana, a empresa de análise em blockchain Elliptic identificou “várias centenas de milhares” de endereços cripto que estão ligados a pessoas ou entidades russas que são alvo de sanções.

A Elliptic esclareceu que esses endereços não são necessariamente entidades que estão inclusas nas listas recentes de sanções, mas inclui endereços “que conseguiram se associar a esses agentes por meio de nossa própria análise”.

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A Elliptic também não especificou quando as empresas sancionadas receberam tais sanções.

Os dados da Elliptic também identificaram mais de 400 fornecedoras de serviços com ativos virtuais (ou VASPs, na sigla em inglês) –grande parte são corretoras cripto ou fornecedoras de carteiras – que permitem que criptomoedas sejam adquiridas com o rublo russo.

“A maioria desses serviços não é regulamentada e pode ser usada de forma anônima”, disse Elliptic.

A empresa de análise em blockchain também associou mais de 15 milhões de endereços de criptomoedas diretamente a atividades ilegais, com uma “ligação na Rússia”.

A Elliptic disse que vai continuar investigando “ativamente” carteiras cripto que “acreditar estarem ligadas a funcionários e oligarcas russos sujeitos a sanções”.

Esses achados são os mais recentes em uma crescente lista de preocupações de que entidades e pessoas russas sancionadas utilizem criptomoedas para evitarem sanções econômicas.

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A Rússia realmente está usando criptomoedas para evadir sanções?

Em e-mail enviado ao Decrypt, David Carlisle, diretor de assuntos políticos e regulatórios da Elliptic, disse:

Criptomoedas não podem facilitar a evasão de sanções em grande escala que a Rússia irá precisar para preencher completamente a lacuna que enfrenta de severas sanções…

Os ativos totais dos bancos russos sujeitos a sanções americana é aproximadamente equivalente a toda a capitalização do mercado cripto. Cripto não pode simplesmente absorver a escala de transações que a Rússia precisa para operar completamente fora do escopo dessas restrições.

No entanto, segundo Carlisle, é “inevitável” que algumas entidades e pessoas russas sancionadas “recorram a cripto para arrecadar fundos e evadir sanções em uma dimensão mais limitada”.

Existem diversas formas que entidades ou indivíduos afiliados à Rússia podem usar criptomoedas para evadir sanções.

Um dos principais métodos é ransomware, uma indústria que, em 2021, encheu mais os bolsos de criminosos afiliados à Rússia do que o de qualquer outro grupo.

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Um relatório recente da Organização das Nações Unidas (ou ONU) também descobriu que a Coreia do Norte (provavelmente a nação mais sancionada do mundo) financiou parcialmente seus programas nucleares e de mísseis balísticos usando criptomoedas.

Crane Hassold, ex-agente do Departamento Federal de Investigações (ou FBI, na sigla em inglês) e agora diretor de inteligência contra ameaças na Abnormal Security, contou ao Decrypt que criptomoedas são o “principal elemento” na atual indústria de ransomware.

mineração de bitcoin (BTC) – sobre a qual o presidente russo Vladimir Putin garantiu que o país possui uma “vantagem competitiva” – é outra opção.

Por fim, existem exemplos de corretoras cripto que falharam em bloquear usuários sancionados, como SUEX, o exemplo citado por Carlisle durante uma conferência recente da Elliptic.

“Já vimos exemplos de serviços de corretoras de criptoativos que permitiram que criminosos russos lavassem altas quantias de dinheiro”, alegou.

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Em setembro de 2021, a corretora SUEX foi sancionada pelo Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros (ou OFAC) do Tesouro Americano como a entidade responsável por (ou envolvidas em) ciberatividades contra os interesses dos Estados Unidos.

O argumento a favor das criptomoedas

Uma variedade de defensores cripto repetidamente afirmou que criptomoedas são uma ferramenta improvável para a evasão de sanções russas.

Jake Chervinsky, diretor de políticas da Blockchain Association, foi ao Twitter defender sua ideia.

https://twitter.com/jchervinsky/status/1498786025438650369

Marta Belcher, presidente da Filecoin Foundation e conselheira-geral do Protocol Labs, bem como ferrenha defensora de privacidade, disse ao Decrypt que a ideia de que criptomoedas vão ser usadas na evasão de sanções é simplesmente errônea.

“Criptomoedas são uma tecnologia terrível de usar para cometer crimes. Existe um registro permanente e público de todas as transações. É por isso que as autoridades conseguiram prender criminosos quando estes usam cripto”, explicou.

Até a Coinbase, uma das corretoras mais conhecidas da indústria, afirmou que “ativos digitais têm propriedades que naturalmente detêm abordagens comuns à evasão de sanções”.

A corretora disse isso após ter bloqueado mais de 25 mil endereços ligados a atividades ilícitas associadas à Rússia.

Steve Hanke, professor de economia da Universidade John Hopkins, oferece uma perspectiva um pouco diferente: que criptomoedas podem ser usadas para evadir sanções, mas com uma eficácia.

“Haverá tentativas de soluções alternativas com criptomoedas mas, a curto prazo, o impacto não será mais do que uma nota de rodapé”, disse Hanke ao Decrypt.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.