cédulas de 100 e 200 reais
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‘Eliminar as cédulas de R$ 100 e R$ 200 pode acabar de vez com ações violentas como as que aconteceram em Criciúma’. A frase é um resumo do que pensa o especialista em tecnologia Ronaldo Lemos. Em sua coluna na Folha de São Paulo na semana passada, Lemos escreveu sobre o assalto a uma agência do Banco do Brasil que ocorreu no final de novembro. Diante disso, ele acredita que é preciso reduzir a dependência de dinheiro físico.

Nos dias que sucederam o evento, segundo Lemos, a população não viu só mais um assalto a banco, mas viu também “a capacidade de planejamento, coordenação e força do crime organizado”. Contudo, disse, esses ataques coordenados como o que ocorreu na cidade catarinense, já são conhecidos há anos em vários municípios brasileiros.

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Propostas para acabar com esse tipo de violência é o que não falta. Lemos cita, por exemplo, a ideia de armar a população. No entanto, argumentou, seria difícil imaginar um exército de ‘gente de bem’ confrontando criminosos com fuzis, explosivos e táticas de guerra.

Por isso, diante da premissa ‘como acabar com assaltos violentos como o de Criciúma’, Lemos acredita que o mais viável é tornar inviável tais ações criminosas. Para ele, não seria preciso extinguir o dinheiro de papel, mas fazer com que os custos de uma ação tornassem proibitivos, ou seja, eliminando as cédulas de valor mais elevado.

“Cédulas de alto valor são raríssimas nas mãos da maioria absoluta da população do país. Ao contrário, são muito comuns e úteis nas mãos de integrantes do crime organizado, sonegadores de impostos e políticos corruptos”, argumentou.

Eliminação progressiva de cédulas de papel

Um outro caminho, mas por enquanto bastante distante, seria começar a eliminar o dinheiro de papel. Para explicar como, Lemos citou o professor de ciências da computação Silvio Meira, cuja tese para a solução do problema é a digitalização dos meios de pagamento e a redução de papel moeda como outros países vêm fazendo.

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Em resumo, Meira acredita que todas essas ações violentas têm um elemento em comum: elas são articuladas para roubar papel. Em outras palavras, esse tipo de ação só continua por conta disso, comentou Lemos.

PIX e Caixa Tem “eliminam” cédulas

Para Lemos, o momento atual dos meios de pagamentos é: fim da economia totalmente baseada em papel; crescimento da digitalização da economia e dos meios de pagamento; e a promessa que surgiu do mercado de criptomoedas — que é integração crescente das moedas virtuais e das finanças descentralizadas (DeFi). Todo esse movimento elimina de alguma forma a circulação de cédulas de papel.

De acordo com o especialista, o Pix foi um passo importante para esse tema, assim como foi também o lançamento do aplicativo Caixa Tem. No entanto, ele diz que apesar de um efeito positivo, falta ainda uma decisão clara de política pública nesse sentido.

“Faz muito mais sentido que o dinheiro que circula no dia a dia seja composto por cédulas menores usadas em transações pequenas e as transações de maior valor se convertam todas em transações digitais”, escreveu.

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Sobre isso, ele contou ainda que neste sentido vários países caminham para que a maioria das transações de valores sejam feitas por meios digitais. Citou como exemplo, a Suécia, cujo meio de pagamentos em dinheiro perfaz apenas 15% da movimentação no país.

“O plano é reduzir e continuar a reduzir esse percentual ano a ano. Em outras palavras, crimes digitais existem e podem causar prejuízos financeiros enormes. Mas uma coisa é certa: ninguém investe em fuzis, explosivos e captura de cidades inteiras para cometê-los”, concluiu.

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