A Editora UFRJ lançou o livro ‘Bitcoin e criptomoedas: a utopia da neutralidade e a realidade política do dinheiro’, de Daniel Kosinski, doutor em Economia Política Internacional pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na obra, o autor põe em debate reflexões sobre capitalismo, dinheiro e política acerca da realidade tecnológica, levando em conta o destaque global do Bitcoin.
As primeiras inspirações sobre o tema surgiram em 2017, quando Kosinski fazia um intercâmbio de doutorado em Praga, capital da República Tcheca. Lá havia caixas eletrônicos de bitcoin, um café com o nome da criptomoeda e mais de uma centena de estabelecimentos.
A ideia do livro então surgiu por conta de questionamentos de amigos sobre a nova tecnologia, incentivada por um ambiente rodeado de bares, salas de cinema, lojas e hospedagens que aceitavam bitcoin como forma de pagamento.
Bitcoin e política
No livro, Kosinski procura responder como o bitcoin se estabeleceu no mundo, considerando sua principal meta, que era se tornar uma moeda sem Estado, um desafio que tanto vai de encontro com reguladores quanto com a política que não estava preparada para o fenômeno.
É o que Kosinski procura esclarecer de forma analítica, crítica e imparcial, apoiado num amplo conjunto de evidências que elevam as reflexões sobre capitalismo, dinheiro e política ao patamar da atualidade tecnológica. O debate, porém, está longe de ter um fim, já que o novo mercado vive em constante atualização.
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Bitcoin e criptomoedas: a utopia da neutralidade e a realidade política do dinheiro
Para lidar com o tema que se propôs investigar, Kosinski apresenta inicialmente na obra de 368 páginas, um resumo das origens intelectuais do ideal das criptomoedas e das propriedades técnicas do bitcoin. Ele segue com um levantamento sobre o que pensam e propõem os principais porta-vozes e entusiastas do bitcoin e das criptomoedas, além do programa político associado a eles e de uma discussão a respeito do que seja ‘realidade política’ e ‘representação apolítica’ do dinheiro.
Após fazer um breve histórico sobre os principais acontecimentos envolvendo o bitcoin e a possibilidade de considerá-lo ou não dinheiro, o autor lembra o debate sobre o tema pelos bancos centrais britânico e chinês, bem como os planos dessas instituições para criar suas próprias “moedas digitais”.
Ao final, Kosinski disserta sobre a possibilidade futura de adoção das criptomoedas por organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o uso desses instrumentos por governos de países como Venezuela e Coreia do Norte como uma arma contra sanções internacionais.
Na quinta-feira (25), ocorrerá um bate-papo online ao vivo com o autor pelo canal do Youtube Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.