É verdade que a China se arrependeu de ter proibido a mineração de Bitcoin? Entenda

Rumores de que o país irá reverter a proibição para a mineração de criptomoedas são falsos
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Foto: Shutterstock

Esta semana, influenciadores do “Crypto Twitter” e a imprensa começaram a circular rumores de que a China havia se arrependido de ter banido o bitcoin após o ativo ter disparado para novas altas recordes na última semana.

Não é novidade que a proibição da mineração de bitcoin na China resultou em um êxodo de mineradores para fora do país que, antes, controlava mais de 50% da taxa de hashes global da rede Bitcoin.

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Aqueles que estão na China, que sabem como o governo do país funciona, estão bastante céticos (e não é porque não houve uma grande cobertura disso pela mídia).

No entanto, é interessante entender como surgiram essas más interpretações.

É provável que o rumor tenha surgido por dois motivos.

Primeiro, na última quinta-feira (21), a Comissão de Desenvolvimento e Reforma Nacional da China afirmou que iria acrescentar “a mineração de moedas virtuais” à sua lista de indústrias abolidas após ter solicitado opiniões públicas; quando uma indústria é acrescentada à lista, deixa imediatamente de existir dentro do país.

Embora essa comissão pareça estar fora de contexto na atual economia de mercado do país, a decisão continua sendo obrigatória.

A comissão havia incluído a mineração de moedas virtuais na lista em 2019 mas, após solicitar opiniões, a indústria foi retirada da lista final anunciada. Assim, algumas pessoas acreditam que a opinião pública pode salvar novamente a indústria.

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No entanto, isso é impossível. Em 2020, a China se comprometeu a ser neutra em carbono e reguladores chineses acreditam que a mineração de bitcoin gasta energia e prejudica suas iniciativas climáticas (que é uma de suas maiores prioridades políticas).

Pressão pública na China

Foi um pequeno número de mineradores que, em 2019, tiveram sucesso em pressionar o governo; a ampla opinião pública da China é oposta à mineração de bitcoin porque a atividade não cria empregos e mineradores não pagam impostos.

Segundo, a comissão reproduziu a notícia de que os Estados Unidos ultrapassaram a China e se tornaram o país que mais minera bitcoin. Isso significa que a comissão se arrepende dos acontecimentos que resultaram nisso?

Não sabemos ao certo, mas a probabilidade é bem baixa. Também pode ser interpretada de outra forma: alguns funcionários do governo chinês podem acreditar que uma alta na mineração de bitcoin irá abalar a neutralidade de carbono da América, bem como sua ordem financeira.

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Além disso, a amplificação dessa notícia pode ser apenas uma forma de se vangloriarem. Membros superiores do governo chinês também podem utilizar esse fato para indicar que o país teve sucesso em combater a mineração de bitcoin.

Deixando esses mal-entendidos de lado, qual é o verdadeiro status da mineração de criptomoedas na China agora? Bem rigoroso.

Inspeções filtraram até mesmo pequenos governos locais, que estão usando a tecnologia da rede para encontrar endereços IP. Um grande número de empresas de mineração se desfizeram e quase todas elas, incluindo aquelas focadas na Filecoin, estão saindo da China.

Embora a pesquisa e o desenvolvimento de chips e máquinas para a mineração de bitcoin continue na China por enquanto, a Bitmain anunciou que não irá enviar equipamentos a usuários chineses.

Resumindo, a mineração de bitcoin se tornou a inimiga da neutralidade em carbono, de acordo com a China.

É só analisar o que o maior jornal econômico e oficial da China publicou: “A mineração de bitcoin possui um alto consumo energético, um alto nível de poluição, um alto prejuízo e um baixo resultado. Só irá competir por poder precioso e gastar bastantes recursos”.

Ficou claro que a indústria de mineração de bitcoin na China, que antes dominava o mundo, está próxima de sumir do mercado e é difícil imaginar que retorne no futuro próximo.

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*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização da Decrypt.co.