O segmento de finanças descentralizadas (Defi) cresceu de forma espetacular nos últimos seis meses. Destacam-se as plataformas de empréstimo colateralizado, exchanges (DEX), plataformas de ativos sintéticos, além das cooperativas de market makers (AAM).
Este universo ultra-competitivo de softwares inteligentes que rodam nos contratos programáveis (smart contracts) da rede Ethereum, rapidamente enfrentaram o gargalo das altas taxas de transação (gas).
Como o código-fonte desses projetos precisa ser aberto, justamente para dar confiança e transparência para os usuários, praticamente elimina barreiras de entrada para o segmento. Com isso, novos clones surgem a cada mês, e alguns apostam em outras redes além do Ethereum para fugir dos custos, como a PancakeSwap, na rede Binance Smart Chain (BSC).
Nessa ‘briga de foice’, alguns projetos que fizeram sucesso no passado estagnaram por completo. Repare nos casos acima da Balancer e da UMA, ambos com um número de endereços ativos diários próximo de 600. Para efeito de comparação, a Uniswap conta com mais de 50 mil.
Ok, poderia se tratar de um pequeno número de baleias fazendo grandes volumes, mas tampouco é o caso. O volume diário transferido em cada rede não passa de US$ 25 milhões. Cabe lembrar que a capitalização de mercado da Balancer é de US$ 765 milhões, enquanto a UMA ultrapassa US$ 1,4 bilhão.
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Um fato que chama atenção é que a UMA Project, a plataforma de ativos sintéticos, possui apenas US$ 20 milhões travados em seus smart contracts. Seu pico ocorreu cerca de três meses atrás, aos US$ 120 milhões. Curiosamente, sua cotação caiu de 28,8 dólares para atuais 23,4, ou seja, apenas 19%.
Enquanto isso, a Balancer passa por uma situação bem diferente, já que possui US$ 2,1 bilhões em smart contracts. A exchange descentralizada conta com cooperativas (pools) de market makers, e apesar do baixo número de usuários ativos, consegue um volume diário de cerca de US$ 60 milhões.
Balancer lançou a versão 2 de seu protocolo no mês passado, enquanto UMA Project colocou para funcionar os contratos derivativos de opções. Sem dúvida, ambos os protocolos estão em desenvolvimento, e provavelmente ainda longe de sua capacidade.
O problema, assim como o das altcoins, é descobrir quais dos 100 projetos com mais de US$ 10 milhões travados em smart contracts irão sobreviver. Isso sem contar os clones que surgem regularmente. Balancer (BAL) e Uma Project (UMA) estão longe de “mortos”, mas o segmento é briga de cachorro grande, portanto evite ficar comprado se as métricas de volume e usuários não acompanharem os competidores.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas.