Imagem da matéria: Dinheiro escondido e mentiras: ex-funcionários da Genbit revelam o que aconteceu com a empresa
Nivaldo Gonzaga, agora desaparecido, é o criador das empresas

Depois de tomar o dinheiro dos clientes e trocá-los pela sua própria shitcoin, a TPK, eis que a Genbit demitiu todos os funcionários sem pagar as verbas trabalhistas. A empresa investigada pelo Ministério Público de São Paulo por fraudes com criptomoedas deve mais de R$ 150 mil só de verbas trabalhistas.

Alguns ex-funcionários disseram à reportagem que a Genbit demitiu todos o seu pessoal no final de janeiro sem data de previsão de quando receberiam suas verbas rescisórias e os salários de dezembro e janeiro atrasados. Só na área de suporte 40 pessoas foram demitidas, conforme relatou um ex-funcionário que preferiu não se identificar.

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“Nos foi dito que a empresa não possui dinheiro em caixa para manter a folha de pagamento de todos, que a empresa está se reestruturando e que por isso a demissão seria necessária”, disse.

De acordo ainda com ele, a empresa agiu com os funcionários da mesma forma que agia com os investidores: fazendo falsas promessas. “Nos falavam que iríamos passar por esse momento juntos e mais fortes, mas foi tudo ilusão”.

Os ex-funcionários agora pretendem entrar com uma ação trabalhista contra a Genbit.

Genbit dando calote

Ele contou que quando entrou na empresa Genbit, o carro-chefe era o Bitcoin e ainda não haviam os atrasos nos pagamentos. No entanto, eles começaram a travar os saques de clientes e atrasar todas as contas a partir de outubro. O motivo do calote: “a empresa pegou todos os fundos e aplicou no projeto da criptomoeda TPK”.

Uma ex-funcionária, que pediu para não ter a identidade revelada, confirmou o relato de seu colega e disse que os Bitcoins dos clientes foram todos transferidos para uma carteira de Gabriel Tomaz Barbosa.

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Na carteira que está sob o poder do filho de Nivaldo Gonzaga, tem um total de 498 Bitcoins que pertenciam a investidores da Genbit, conforme relataram alguns ex-funcionários da empresa. 

Eles disseram que resolveram procurar a imprensa depois que a empresa os demitiu e não pagou um centavo dos dois salários atrasados. 

“Há pessoas passando fome e com aviso de despejo pela irresponsabilidade da Tree Part. Agora a gente está se ajudando com cestas básicas e fazendo até faxina para poder comer. Nem os nossos convênios médico foram honrados no período que estávamos servindo a empresa”, relatou uma dos recém-demitidos.

Dívidas e falsas promessas

No suporte, de acordo com um desses funcionários, o salário era de R$ 1.800. Como haviam quarenta pessoas com dois meses atrasados, a dívida só nesse setor contabiliza R$ 144 mil. Nesse montante não estão incluídas as multas de 5% sobre o atraso e de 1% para cada dia que a empresa deixou de pagar, previstos na legislação trabalhista.

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A explicação dada pela empresa sobre os atrasos era de que a Justiça havia bloqueado seus bens e que isso seria resolvido com seus advogados em breve. Uma das pessoas que foi demitida, porém, não entendia como a empresa pagava esses advogados e não resolvia os atrasados dos funcionários na época.

Um dos ex-funcionários afirmou que a empresa sequer havia pagado a empresa que disponibilizava o serviço de chat, por onde o suporte atendia os clientes. A empresa Voll ficou sem receber desde novembro. O valor era de R$ 90 mil mensais. Quando a Genbit atrasou a segunda fatura, o seu serviço foi cancelado e o suporte então parou de atender pelo chat. 

Assediados por clientes

Como se isso não fosse o bastante nas vidas dessas pessoas, elas ainda sofriam assédio daqueles que colocaram dinheiro na empresa e ficaram sem receber. 

“Era comum aos sábados ficarmos trancados na empresa com medo de sair, pois havia sempre um associado com raiva na frente do prédio fazendo vídeos esperando algum colaborador sair para coagir”.

Uma das ex-funcionárias contou que a empresa nunca falou a verdade com os clientes. Ela fazia uma coisa e falava outra. “Logo que começaram os problemas, a Genbit disse que estava com problema sistêmico, mas a verdade era que eles pegaram todo o dinheiro dos associados para rentabilizar aquele TPK”.

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Criptomoeda sem valor

Desde que a empresa criou o TPK, deixou de trabalhar com Bitcoin. O fato, porém, é que a criptomoeda criada pela empresa ainda não possui valor de mercado. A ex-funcionária vai mais além: “O TPK vale absolutamente nada”.

Ela relatou que eles chegaram até a criar uma estratégia para que o TPK comece a operar em março. Distribuíram cartões de TPKs para os clientes usarem em estabelecimentos comerciais e espalharam 150 máquinas de POS pelo país. A questão é que não há notícia de um estabelecimento que aceite o TPK.

Depois disso mudaram o plano. Eles resolveram comprar 500 celulares Moto Lan, da Motorola, para vender aos comerciantes. Esses celulares já viriam com o aplicativo da Treep Pay. Os comerciantes só teriam acesso ao aplicativo caso comprassem esse aparelho, uma vez que a Treep Pay não foi disponibilizada no Play Store. 

De acordo com a ex-funcionária, além disso, cada estabelecimento teria que adquirir um pacote de R$ 26 mil. O que ela acredita que não vai ocorrer.  

O problema no meio disso tudo é que as pessoas que tinham bitcoins nessa empresa tem poucas chances de conseguir recuperar essas criptomoedas, uma vez que elas foram convertidas na moeda criptografada da Treep Part.

Um desses ex-funcionários, porém, relatou que o TPK tinha uma reserva que era baseada nos fundos dos pacotes que os clientes compravam no programa de vantagens. “O esquema era tipo de pirâmide. Um cliente indicava o outro e era remunerado por isso. A empresa prometia de 5% à 15% ao mês por cada pacote”.

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De Zero10 à Genbit

Os funcionários confirmam a história de que a Zero 10 Club e a Genbit eram a mesma coisa. Eles mudavam de nome sempre que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) proibia a sua atuação irregular no mercado.

“Primeiro era Zero10, depois da proibição da CVM, passou a ser programa de vantagens que também foi proibida e não existe mais. Agora o projeto passou a se chamar Juntos”. 

Eles também confirmaram que todas as transferências, na época em que pagavam seus clientes, eram feitas por meio da New Tiger (uma empresa que ostenta a função de banco digital sem a devida autorização do Banco Central) e que caso fosse para instituição externa, os clientes teriam de pagar 15% em taxas, além de aguardar 5 dias para receber em Real.

Responsáveis sumidos

A empresa Genbit vem sendo investigada pela Polícia Civil de São Paulo sob suspeita de fraudes com criptomoedas e pelo Ministério Público também de São Paulo. A promotoria chegou até a abrir uma ação e cobrar R$ 1 bilhão para recompor os danos causados a cerca de 45 mil investidores.

Os responsáveis pela empresa, porém, não tem aparecido desde o fim de novembro, conforme relatou um dos ex-funcionários:

“A gente não sabe o paradeiro deles por um tempo já. Nivaldo não dava as caras na empresa desde novembro. Ele apagou tudo nas redes sociais que o ligava a Genbit. Isso também foi feito pelos três filhos dele”.

Os ex-funcionários afirmam que quem estava resolvendo as coisas na empresa até a data que eles foram demitidos era o advogado Rainaldo Oliveira, que era sócio de uma das empresas do grupo.


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