Imagem da matéria: Desenvolvedor abandona Bitcoin Core e cita "riscos legais" da profissão
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Jonas Schnelli, um dos desenvolvedores mais importantes da comunidade do Bitcoin (BTC), anunciou na quinta-feira (21) que deixará de ser um mantenedor do Bitcoin Core, função que exerceu por mais de oito anos.

Na despedida feita através do Twitter, Schnelli agradeceu o apoio que recebeu ao longo dos anos e disse que tomou a decisão de se afastar do projeto por uma mudança pessoal de interesses e o estresse causado pelos riscos legais da profissão.

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“Às vezes, os interesses mudam e você não pode fazer muito a respeito. Além disso, sinto que os riscos legais para os desenvolvedores de bitcoin estão aumentando a cada ano (o que pode ser estressante). Novos contribuidores devem se associar anonimamente (é complicado)”, escreveu.

Schnelli tranquilizou a comunidade cripto com relação a sua saída: “Nos últimos anos, muitos desenvolvedores experientes e altamente qualificados se juntaram ao projeto. Portanto, não tenha medo! O projeto do bitcoin está nas melhores mãos possíveis”.

O desenvolvedor brasileiro Bruno Ely Garcia, que contribuiu com a atualização Taproot que o bitcoin recebe no mês que vem, contou mais sobre a jornada de Jonas Schnelli ao Portal do Bitcoin.

“Ele era uma pessoa muito importante para o bitcoin e tem uma boa reputação como desenvolvedor. Embora no último ano ele não tenha sido tão ativo, ele entrou no projeto em 2013 e começou a trabalhar full time com o bitcoin em 2015. Ou seja, enquanto a maioria das pessoas do mundo nem sabiam o que era bitcoin, ele já era um colaborador ativo”.

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Um mantenedor do Bitcoin Core, cargo que Jonas Schnelli exercia até então, é um desenvolvedor que tem acesso direto ao código principal da criptomoeda no GitHub, com permissões para aprovar alterações e melhorias no software do bitcoin, bem como garantir a segurança do código.

Com a saída de Schnelli, caiu para seis o número de desenvolvedores com acesso direto ao código do bitcoin. Segundo uma lista atualizada no Bitcoin Forum, são eles: Pieter Wuille, Wladimir J. van der Laan, Marco Falke, Samuel Dobson, Michael Ford e Hennadii Stepanov. 

Desenvolvedores em risco?

Embora a decisão de sair tenha sido pessoal, Jonas Schnelli trouxe na sua despedida um problema que pode afetar o bitcoin no futuro: a segurança legal de seus desenvolvedores.

“Alguns desenvolvedores mais antigos como o Jonas que contribuiu desde 2013, sofreram com algumas questões legais. Parte deles foi alvo de processos do Craig Wright que se autointitula Satoshi Nakamoto, e isso é muito ruim porque envolve processos que ficam rolando por anos e anos e gastos muito altos com advogados”, explicou Bruno Ely Garcia.

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“Cøbra”, o pseudônimo do operador do Bitcoin.org, foi a última vítima de Craig Wright que entrou na Justiça para forçar o site educacional a tirar do ar o white paper do bitcoin. Embora o empresário não tenha credibilidade na comunidade cripto, a Justiça do Reino Unido deu a ele a vitória no caso.

“Os riscos do futuro a gente não consegue prever, como por exemplo, se algum desenvolvedor mora num país que vai decretar crime contribuir com o código”, acrescentou Garcia.

Um outro problema que os desenvolvedores de código aberto enfrentam é a falta de apoio financeiro, já que esses profissionais dependem de bolsas ofertadas por instituições e empresas do setor para se dedicar em tempo integral à criptomoeda.

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