Imagem da matéria: Criptomoedas, forex e ações são iscas mais usadas por golpistas, diz estudo da CVM
Foto: Shutterstock

A Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM) publicou o resultado de uma pesquisa feita com duas modalidades de investidores, do comum ao mais arrojado, vítimas ou não de fraudes financeiras.

O documento, publicado na quinta-feira (15), concluiu que as criptomoedas, como bitcoin, foram o produto de investimento mais usado em golpes, assim como o aplicativo de mensagens WhatsApp foi o seu principal meio de divulgação. Os mercados de forex e de ações também estão entre as iscas mais usadas por golpistas.

Publicidade

Intitulado ‘Relatório da pesquisa com vítimas de fraudes financeiras’, o relatório é resultado dos trabalhos do Centro de Estudos Comportamentais e Pesquisas da CVM (Cecop), que visa fomentar e desenvolver estudos que possam influenciar o comportamento do cidadão, aplicando os resultados na concepção de iniciativas educacionais. Neste novo trabalho, a iniciativa ouviu 1.002 pessoas. Dessas, 178 afirmaram ser vítimas de fraudes financeiras.

De acordo com o relatório, a entidade abordou entre os participantes da pesquisa  — de forma quantitativa e por meio de um questionário online— os tópicos mais conhecidos de fraudes no mercado financeiro, entre junho e julho de do ano passado. Foram considerados os temas: pirâmide financeira; esquema de Ponzi; ofertas irregulares de investimentos; e outros golpes da mesma natureza. 

“Buscou-se identificar características sociodemográficas e comportamentais de vítimas de fraudes financeiras e compará-las com as de investidores que não foram vítimas, bem como reconstruir a trajetória do envolvimento da vítima com o golpe – desde o momento do seu primeiro investimento até a resolução, ou não, do problema’, explicou o Cecop.

Em resumo, o Cecop apurou que o investidor comum, ou seja, aquele que aporta seu dinheiro em ações, fundos de investimento, entre outros papéis, comumente não são vítimas de fraudes financeiras. Por outro lado, o indivíduo que mantém a tradicional poupança e arrisca aportes em criptomoedas ou startups é o mais passivo a golpes.

Publicidade

Criptomoedas, forex e ações como iscas

Segundo relatório, 43,3% das vítimas de golpes citaram as criptomoedas como produto de investimento usado como isca e que lhe deram prejuízo. Em seguida, foram citados golpes assimilados aos mercados forex e opções binárias (16,9%) e, por fim, o de ações (15,2%). 

“As criptomoedas também apareceram com grande frequência, com os entrevistados mencionando entusiasmo por sua proposta inovadora, disruptiva e revolucionária, acreditando se tratar de uma boa alternativa para diversificar o portfólio”, diz o documento, acrescentando que escassez, valorização, rentabilidade, segurança e não rastreabilidade, são os pontos mais provocativos ao investidor.

Whatsapp é ferramenta mais usada, diz CVM

O meio de divulgação para fraude mais citado entre os participantes da pesquisa foi o Whatsapp. O aplicativo de mensagens perfaz 27,5% das modalidades de comunicação. Em seguida, vem o ‘boca-a-boca’ (19,7%). Abordagens via mail ou ligação telefônica também foram citadas e perfizeram 12,4% das respostas. 

Sobre a média em reais dos prejuízos relacionados a golpes financeiros, o Cecop apurou dos participantes diversos valores que partem de até R$ 100 e acima de R$ 100 mil. No entanto, diz o relatório, “houve maior concentração de resposta nas faixas entre R$10.000,01 e R$50.000,00 (22,5%) e entre R$1.000.01 e R$5.000,01 (21,3%)”.

Publicidade

De acordo com centro de pesquisas da CVM, 35% dos entrevistados disseram que não tinham uma finalidade definida para aquele tipo de aporte, 17% disseram que queriam apenas diversificar o portfólio e 12% garantir um fundo para aposentadoria; os demais, citaram outros motivos.

Perfil do investidor

O Cecop tentou também traçar o perfil dos investidores que caíram ou não em golpes financeiros. Como resultado, a equipe escreveu: “O público que caiu em golpes financeiros é composto majoritariamente de homens (91%), com idade entre 30 e 39 anos (36,5%) com renda familiar mensal entre 2 e 5 salários mínimos (23%) e com pós-graduação (38%).

O relatório chegou a três perfis de investidores: os que “pagaram para ver”, constituído por pessoas que desconfiavam que era golpe e queriam ver o desdobramento do esquema; aqueles movidos pela confiança em quem lhes ofertou o negócio; e os “entusiastas do mercado financeiro”. Este último, segundo o relatório, é de pessoas abertas a oportunidades e já familiares com investimentos de risco.

Em conclusão a respeito da relação com o fraudador, o relatório diz que “metade dos participantes afirmou conhecê-lo de alguma forma (28,1% conheciam o golpista pessoalmente, enquanto 21,9% conheciam, mas não pessoalmente, podendo ser um conhecido de um conhecido ou uma pessoa da mídia). Para 29,8% das vítimas o fraudador era um estranho e outros 9,0% disseram não ter recebido a oferta por terceiros. Por fim, 11,2% não informaram”. 

Golpistas se reinventaram

Ao final do relatório, a CVM alerta que a pesquisa proporcionou também outra informação relevante: os golpistas estão se reinventando para não dar bandeira de fraude. O órgão explicou que eles têm diminuído os exageros em rendimentos para dar mais credibilidade e assim poderem argumentar que uma boa equipe de traders pode alcançar rapidamente tais objetivos. A entidade resumiu:

Publicidade

“Outro achado importante da pesquisa é que a fórmula estereotipada dos golpes financeiros (como rentabilidades exorbitantes, bônus por indicação de terceiros e garantia de lucros) não define mais os golpes, que se adaptaram justamente para disfarçar sua ilicitude”.

VOCÊ PODE GOSTAR
Símbolo do Bitcoin fisgado em um anzol

Polícia indicia golpista que perdeu R$ 400 mil de vítimas com “criptomoedas que faliram”

Homem arrecadava grandes somas de clientes com a promessa de retornos de até 8% ao mês; “foge dos parâmetros”, afirma delegado
Ministro Fernando Haddad éfotografado em discurso em SP

Governo irá derrubar cerca de 600 bets: “Saquem agora”, aconselha Haddad

“Do mesmo jeito que o X saiu do ar, essas empresas devem sair também, por falta de adequação à legislação”, afirmou Haddad