Nahdlatul Ulama (NU), a maior organização islâmica do mundo com mais de 90 milhões de adeptos baseados na Indonésia, declarou que as criptomoedas desrespeitam as leis religiosas e seu uso deve ser proibido para aqueles que seguem os mandamentos do grupo.
A decisão partiu da filial da NU na província de Java Oriental que defendeu a repressão às criptomoedas na quinta-feira (28) através de um “fatwa” — decreto religioso baseado na lei islâmica. A recomendação do grupo é que o uso de criptomoedas seja considerado um “haram”, ou seja, proibido para os islâmicos.
De acordo com o portal indonésio Tempo, a discussão sobre criptomoedas aconteceu no último domingo (25) num encontro que reuniu líderes do grupo de diferentes filiais da Indonésia.
Durante a reunião que o veículo descreveu como “calorosa”, a organização acabou chegando no consenso de que os criptoativos poderiam prejudicar a legalidade das transações financeiras, já que na visão do grupo, são utilizados como ferramenta em fraudes.
“Os participantes do masail bahtsul têm a visão de que, embora a criptomoeda tenha sido reconhecida pelo governo como uma commodity, ainda não pode ser legalizada pela sharia (lei islâmica)”, disse no decreto Kiai Azizi Chasbullah, o presidente da filial do grupo na Java Oriental.
Durante o encontro, especialistas em criptomoedas foram convidados pelo grupo para explicar como funcionam as criptomoedas, mas a conclusão que tiveram foi que ativos como bitcoin não estão em consenso com o “Fiqh”, a jurisprudência islâmica.
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A organização também apontou semelhança do trade de criptomoedas com os jogos de azar, o que também é proibido nas leis religiosas do grupo.
Criptomoedas na Indonésia
A proibição do grupo islâmico chega num momento em que o uso de criptomoedas dispara na Indonésia, o país com o maior número de muçulmanos no mundo.
De acordo com um relatório divulgado no começo de outubro pela Coinformant, empresa australiana de educação blockchain, a Indonésia alcançou a pontuação mais alta de uma pesquisa de adoção de criptomoedas que levou em consideração fatores como número de pesquisas do Google, acesso a artigos sobre o assunto, aumentos de envolvimento no mercado e compra de criptoativos.
As buscas pelo tema no Google, por exemplo, cresceram 572% nos últimos 12 meses no país asiático, o nível mais alto visto no estudo. Já o número de pessoas investindo em criptomoedas subiu para 7,3 milhões na região.
Ao mesmo tempo, o governo indonésio se mostra amigável com o mercado cripto. No mês passado, o Ministro do Comércio Muhammad Lutfi, disse à imprensa local que o país não vai seguir o exemplo da China e banir a negociação de criptomoedas, mas que pretende melhorar a regulação para impedir que os ativos digitais sejam usados em atividades criminosas.