Imagem da matéria: Credminer deixa de pagar clientes, cria criptomoeda e muda sede para Alemanha
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A Credminer deixou de honrar os pagamentos e agora vem tentando empurrar aos clientes uma criptomoeda que não é aceita em nenhuma grande exchange no Brasil.

Investigada pelo Ministério Público, a empresa afirma que que está com novas adesões suspensas. Ao mesmo tempo também diz que está a caminho da Alemanha, onde será a nova sede.

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As mudanças recentes deixam esse cenário ainda turvo para os 150 mil associados e cheio de incertezas para quem colocou dinheiro na Credminer.

Há associados com altas quantias aplicadas, na casa dos R$ 300 mil. Outros, na expectativa por grandes rendimentos, empenharam bens como carros e apartamentos.

Investidores afirmaram ao Portal do Bitcoin que os problemas com os pagamentos e saques começaram em maio e que se tornaram mais frequentes nos meses seguintes.

A empresa, que afirma trabalhar com aluguel de mineradores de criptomoedas, não oferece retornos mas promete um “contrato altamente rentável”.

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A Credminer já é investigada pelo Ministério Público no Ceará sob suspeita de atuar em esquema de pirâmide financeira. A empresa nega.

Atrasos em pagamentos e LQX

Em resposta às queixas, a Credminer criou em outubro uma criptomoeda própria pela qual diz que irá quitar as pendências. Ao mesmo tempo, prepara mudança para a Alemanha.

“Pagamentos sempre atrasaram, e eles sempre dando desculpas. Até que agora decidiram pagar somente por LQX”, disse um associado que possui R$ 40 mil investidos junto à Credminer. LQX é o nome da criptomoeda lançada pela própria empresa.

Desde outubro, os pagamentos aos clientes começaram a ser feitos somente em LQX, comercializada pela Liquedex, exchange do mesmo grupo empresarial. O problema é que uma criptomoeda precisa ser negociada em diversos lugares para que seu valor seja definido pela oferta e demanda do ativo.

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Em conversas às quais o Portal do Bitcoin teve acesso, o presidente da Credminer, Antônio Silva, disse a um associado que as máquinas de mineração da empresa são a garantia do investimento.

“Devolver o dinheiro, só se ele estivesse comigo. Ele está em máquinas e estrutura. Se eu tivesse dinheiro em alguma conta era a prova que estou dando golpe, pois uso o dinheiro para comprar equipamentos”.

“Manda seu login e nome. Vejo quanto falta pra recuperar e mando em máquinas, é lá que seu dinheiro está”, prossegue Silva em outra conversa.

Na tentativa de mitigar o prejuízo, associados da Credminer usam grupos de WhatsApp para tentar revender seus LQX em troca de bitcoin ou reais – ou mesmo por artigos como motos, carros e televisores.

“Com uma defasagem de valor enorme”, ressalta um dos denunciantes à reportagem.

Segundo ele, a cotação inicial da LQX girava em torno de R$ 4 quando lançada. Ao longo da última semana, em um espírito de “Black Friday”, a moeda chegou a ser oferecida por um investidor por R$ 1,49.

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Para tentar reaver ao menos parte do investimento, outros associados cogitam ir à Justiça.

O que diz a Credminer

Em seu site, a Credminer afirma que desde 10 de outubro não aceita novos cadastros e condiciona a retomada a partir de um marco regulatório do mercado brasileiro.

“Até lá, continuaremos a minerar para quem já está cadastrado”, disse em nota.

A possibilidade de continuar operando no Brasil, no entanto, parece praticamente descartada. Para Rodrigo Mastrangelo, diretor de expansão internacional da Credminer, a insegurança jurídica no país em torno do setor cripto inviabiliza a atividade da empresa.

“É impossível atuar no mercado brasileiro”, resume ele, que critica a diretriz da Receita Federal e os projetos de lei que visam regular o setor cripto no país.

Mastrangelo credita a esse clima a mudança da Credminer para a Alemanha, com o nome de WeHPM. A sede ficará em Berlim, capital alemã.

“O mercado tomou caminhos contrários e nós tomamos a decisão de nos adaptar às regras. E para isso, tivemos que montar sede em um país cujas regulamentações estão claras”, prossegue o diretor da Credminer.

Recentemente, o Bundestag [o Parlamento alemão] aprovou lei que permite aos bancos do país atuar tanto na venda como na custódia de criptomoedas. Analistas enxergam o país, dona da maior economia da Europa, como um potencial “paraíso cripto”.

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Essa notícia também circulou entre os grupos de associados da Credminer no WhatsApp como uma espécie de endosso da decisão da empresa de se mudar para a Alemanha.

Segundo a empresa, tanto a mudança quanto a quitação das pendências com os associados no Brasil devem ocorrer até próximo do Natal.

Sobre a investigação em curso no Ministério Público, a Credminer rebate as acusações e afirma que já foi alvo de outras duas denúncias que já foram arquivadas por falta de provas.

“Troco do core” e “efeito manada”

Em conversa com o Portal do Bitcoin, Mastrangelo afirmou ainda que os problemas com pagamentos aos associados se devem a uma limitação natural do próprio fluxo de pagamentos do Bitcoin, o “troco do core”.

O core seria a carteira de bitcoins que toda Exchange precisa ter e que gerencia outras subcarteiras. O troco seria a diferença entre as entradas e saídas da criptomoeda na blockchain.

Um vídeo no YouTube, disponibilizado pela Liquedex (Exchange da Credminer) tenta explicar esse funcionamento.

Mastrangelo afirmou que essa limitação da cadeia do bitcoin, somada a um “efeito manada” de associados desesperados por saques, acabou com o troco do core da conta da Credminer.

Para um dos principais especialistas em criptomoedas do Brasil, Marco Carnut, de fato há a questão do troco no funcionamento das transações com a criptomoeda. Mas que ela, por si só, não é suficiente para justificar atrasos e impedimentos nos pagamentos.

“O vídeo [da Liquedex] é meio confuso. A premissa básica do troco existe, sim. Só não me parece fazer sentido isso justificar atrasos.”

Carnut também refuta o argumento apresentado pela Credminer a respeito das transações:

“É possível encadear até quatro níveis de transações não confirmadas (e trocos). Isso significa que na maioria dos casos não é preciso esperar que a anterior confirme”.


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