O filho “04” do ex-presidente Jair Bolsonaro, Jair Renan, pode ser convocado para prestar depoimento na CPI das Pirâmides Financeiras sobre seu envolvimento com uma ação fracassada em um metaverso “de direita” – o qual ele abandonou após a criptomoeda do projeto desabar quase 90%.
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Durante sessão da comissão nesta quinta-feira (24), o deputado Glauber Braga (PSOL/RJ) informou que irá apresentar esse requerimento – e a CPI ainda não rejeitou nenhum pedido de inquérito feito por seus integrantes.
“Os elementos que estão indicados nessa operação do filho do presidente da República são elementos muito graves e que incidem diretamente sobre o objeto da CPI. Tem uma relação direta”, disse Braga.
Após a fala de Braga, o deputado Bibo Nunes (PL/RS) tomou a palavra para defender o filho do ex-presidente. “Vim porque saberia que algo poderia surgir contra o filho do presidente Bolsonaro. Porque ele tinha um metaverso e aplicava em criptomoedas, como o mercado caiu, saiu fora. Nada mais do que o normal”.
Nunes disse ainda atuar no mercado de criptomoedas e provocou os colegas: “Sabem o que é Ethereum?”.
Busca e apreensão contra Jair Renan
A solicitação do deputado Glauber Braga vem no mesmo dia em que Jair Renan foi alvo de uma ação de busca e apreensão pela Polícia Civil do Distrito Federal.
Em meio à chamada Operação Nexum, ele teve endereços checados e um telefone e um HD apreendidos, segundo o portal UOL. Os policiais, no total, cumpriram outros quatro mandados de busca e apreensão e mais dois de prisão preventiva, motivados por um suposto esquema de estelionato – que a princípio não parece ter relação com o metaverso promovido por Renan.
Segundo o Metrópoles, o principal investigado na operação é Maciel Carvalho, que foi empresário do filho de Bolsonaro e possui diversos registros criminais por itens como falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo.
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Maciel foi preso nesta quinta. Ele já havia sido alvo de duas operações policiais anteriores que investigavam crimes tributários.
O metaverso promovido pelo filho de Bolsonaro
No final de outubro do ano passado, reportagem do Portal do Bitcoin mostrou que Jair Renan abandonou seu cargo de embaixador e sócio do Myla, um metaverso “de direita” cuja criptomoeda nativa despencou poucos dias depois de ter sido lançada, potencialmente deixando centenas de brasileiros no prejuízo.
O principal chamariz do Myla era um jogo play-to-earn (no qual o usuário ganha criptomoedas jogando) que promovia o combate político de Renan. No jogo, que sequer foi lançado, os personagens “do bem”, como seu pai Jair Bolsonaro, lutam contra os inimigos do time “vermelho” e o vilão supremo, representado pelo ministro do STF e do TSE, Alexandre de Moraes.
Renan Bolsonaro usou sua fama para influenciar seguidores a colocar dinheiro no Myla e participar da oferta inicial do token, vendido por ele como “inédito” no Brasil e uma “oportunidade de mudar de vida”.
“Você sabia que na internet hoje muita gente está ganhando dinheiro, especialmente dentro do metaverso? Você pode fazer uma renda extra lá também. A Myla Metaverse vai dar essa oportunidade, e eu vou te falar: eu tenho muito orgulho de ser embaixador dessa empresa”, disse Renan em um vídeo publicado no Instagram em 17 de novembro.
Esse vídeo, assim como todas as publicações nas quais Renan promove Myla para seus 656 mil seguidores, foram posteriormente excluídos por ele.
Renan foi capaz de levantar pelo menos R$ 266 mil em apenas 24 horas para o projeto por meio da primeira venda de tokens que aconteceu assim que o Myla foi anunciado, dois dias antes de Bolsonaro perder o segundo turno da eleição presidencial para Lula.
A equipe do jogo disse ao Portal do Bitcoin no final de outubro que 532 pessoas adquiriram a criptomoeda no dia do lançamento do projeto. A compra mínima desta venda inicial de tokens era de R$ 500 e podia ser feita via Pix.
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