miniaturas de quatro pessoas diante de uma moeda de bitcoin em cima da bandeira do Brasil
Shutterstock

Nos últimos meses, o mercado brasileiro de criptoativos vivenciou um intenso movimento de regulamentação

Banco Central, CVM e Receita Federal – os principais órgãos reguladores financeiros do país – lançaram quase simultaneamente consultas públicas propondo normas para empresas de criptoativos. 

Publicidade

Essa ação coordenada sinaliza um divisor de águas: o setor, até então com regras fragmentadas ou incipientes, caminha para um arcabouço regulatório mais definido.

Leia também: O estado atual da regulamentação das criptomoedas no Brasil 

O desafio agora é equilibrar as exigências de compliance com a continuidade da inovação, em uma narrativa que envolve tanto riscos quanto oportunidades.

Banco Central: rigor prudencial e integração financeira

Regulação e inovação sempre caminharam em uma relação delicada. 

De um lado, a necessidade de transparência e segurança para os investidores. De outro, o risco de travar um mercado que avança a passos largos e tem no dinamismo um de seus pilares fundamentais. 

O que estamos presenciando é um grande teste de maturidade para o setor e para os reguladores. 

A maneira como essas normas forem estruturadas poderá definir se o Brasil se tornará um polo de inovação em criptoativos ou se perderemos competitividade para outras jurisdições mais flexíveis e atraentes para negócios.

O Banco Central, ao propor regras que criam camadas de capital mínimo e segmentação das atividades de custódia e corretagem, deixa claro que quer evitar os problemas que marcaram a indústria cripto global nos últimos anos. 

Publicidade

O colapso de grandes exchanges internacionais e os seguidos casos de fraudes mostram que, sem regulações claras, o mercado fica vulnerável. 

No entanto, a forma como isso será implementado pode definir se haverá espaço para novos entrantes ou se apenas grandes empresas conseguirão atender a essas exigências. O custo regulatório é um fator crítico, e seu impacto precisa ser cuidadosamente ponderado para não sufocar a concorrência.

CVM: proteção ao investidor e adaptabilidade às inovações

A CVM, por sua vez, vem adotando uma postura mais aberta ao diálogo, especialmente na questão da tokenização de ativos do mundo real

A revisão da Resolução 88 sinaliza um esforço para acomodar melhor essa nova classe de investimentos, mas ainda há desafios sobre o que será permitido e como os tokens serão classificados. 

Publicidade

Se feita da maneira correta, essa atualização pode consolidar o Brasil como um dos principais mercados para tokenização, atraindo capital e possibilitando novas formas de captação de recursos.

Receita Federal: transparência e obrigações fiscais ampliadas

Por fim, a Receita Federal reforça seu papel na busca por mais transparência no setor. 

A nova obrigação de reporte de criptoativos amplia significativamente as informações que deverão ser enviadas ao Fisco, o que aumenta a previsibilidade, mas também gera preocupações sobre o ônus operacional para as empresas e sobre a privacidade dos investidores. 

Uma implementação rígida demais pode afastar players globais do Brasil, enquanto um modelo mais alinhado às melhores práticas internacionais pode colocar o país na vanguarda da fiscalização inteligente desse mercado.

O momento decisivo para o Brasil

Diante desse cenário, o Brasil está em um momento decisivo para definir sua postura em relação aos criptoativos.

Com as consultas públicas, os reguladores estão deixando aberto para que pessoas como nós e também empresas participem das decisões para encontrarmos um meio-termo que permita ao setor crescer de maneira sustentável sem engessar a inovação. 

O ideal é que esse novo arcabouço regulatório não seja apenas uma resposta a desafios passados, mas uma estrutura que prepare o país para o futuro da economia digital. 

Publicidade

O mercado já entendeu que a regulamentação veio para ficar, e o foco agora deve ser garantir que ela seja um trampolim para o crescimento – e não um freio para o desenvolvimento da indústria cripto no Brasil. 

E você, o que acha dessa nova era de regulação no mercado cripto? Te aguardo nas minhas redes sociais @DanielCoquieri para continuarmos essa conversa!  

Sobre o autor

Daniel Coquieri é CEO da empresa de tokenização de ativos Liqi Digital Assets. Empreendedor do ramo da tecnologia, foi fundador da BitcoinTrade, uma das primeiras corretoras de criptomoedas do Brasil.

VOCÊ PODE GOSTAR
Imagem da matéria: Mulher que fraudou a Bybit em US$ 4,2 milhões é condenada a 10 anos de prisão

Mulher que fraudou a Bybit em US$ 4,2 milhões é condenada a 10 anos de prisão

Ex-funcionária de uma empresa que prestava serviços para Bybit gastou o dinheiro roubado em bolsas Louis Vuitton e um Mercedes-Benz
Imagem da matéria: SEC vai parar de investigar o mercado de NFTs OpenSea

SEC vai parar de investigar o mercado de NFTs OpenSea

A SEC encerrará sua investigação à medida que muda de direção sob o governo Trump
Imagem da matéria: FBI confirma que Coreia do Norte está por trás do roubo de R$ 8 bilhões da Bybit

FBI confirma que Coreia do Norte está por trás do roubo de R$ 8 bilhões da Bybit

O FBI confirmou o maior roubo de criptomoedas da história teve origem na Coreia do Norte
Imagem da matéria: Quem está por trás da criptomoeda LIBRA, promovida por Milei?

Quem está por trás da criptomoeda LIBRA, promovida por Milei?

Quatro indivíduos surgiram como figuras-chave no escândalo de Milei: Julian Peh, Hayden Davis, Mauricio Novelli e Manuel Godoy