Colaborar com o computador no processo de criação de uma arte foi tema de discussão no NFT.Rio na tarde deste sábado (2).
O papo liderado pelos artistas Carlos Vamoss, Jorge Ledezma e Thiago Yaak, começou desbancando a ideia de que o computador é capaz de fazer arte sozinho. Para o trio, a arte produzida com auxílio de inteligência artificial funciona como uma provocação que o artista faz as máquinas com ideias e sugestões.
Yaak, que também é cofundador do CryptoRastas, explicou essa ideia usando como exemplo seu próprio projeto chamado Samba Crypto, no qual ensinou uma inteligência artificial o que era carnaval com um grande banco de dados de imagens de mestre-sala e porta-bandeira.
A partir disso, o computador criou a sua próprias imagens do zero. “Durante a pandemia, eu sabia que queria recuperar um pouco aquela imagem de todos os carnavais”, explica Yaak. “Nesse processo, a máquina gerou resultado que eu não estava esperando. Por exemplo, eu não coloquei uma imagem de uma porta-bandeira segurando duas bandeiras, ou um mestre-sala com bandeira, mas a máquina criou essas imagens. É isso o que eu procuro, quando o resultado do processo sai do meu controle”.
Carlos Vamoss, um artista programador que há dez anos faz artes utilizado algorítimos, também defendeu que a arte com inteligência artificial procura “quebrar a máquina” para chegar a resultados inusitados.
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“Fazer um computador produzir arte é um processo de quebrar uma máquina, algo construído para fazer a mesma coisa repetidas vezes. A arte tenta colocar um caos e quebrar essa regra. Quando criamos um algoritmo para uma arte, passamos parte do poder de decisão para a máquina”.
Para ele, é esse processo de criação e provocação da máquina que importa. “É importante estar aberta ao resultado do processo, à arte algorítmica. Eu não sei onde quero chegar, mas a arte é um jogo em que as regras são criadas ao brincar”.
Jorge Ledezma, um artista do Panamá que foca seu trabalho na arte generativa, diz que nesse processo de criação, a originalidade do artista não se altera: “Arte sempre tem uma intenção e isso vem do artista. É ele que decide o que vai ser colocado nesse sistema”.
“Eu acho que falar que computadores fazem arte é um pouco ofensivo, não para o artista mas para o computador”, brinca o artista. “Mas vai acontecer, eles serão capazes de fazer arte. Mas eles não poderão mais ser chamados de computador e se tornarão uma entidade diferente”.
Nesta história, ele complementa que os NFTs chegam para dar uma base para ajudar o artista a ter uma autonomia financeira e independência para dedicar mais tempo e esforço ao processo de criação.