Imagem da matéria: Cachê de Paul McCartney em show no Brasil foi pago pela pirâmide Telexfree, revela jornal
Foto: Shutterstock

De acordo com documentos públicos e depoimentos, os responsáveis pela pirâmide financeira Telexfree agiram para lavar dinheiro bancando um show do ex-Beatle Paul McCartney, que aconteceu no Brasil em 2014. A empresa faliu e ficou devendo cerca de R$ 2 bilhões a mais de 1 milhão de credores.

Os detalhes de como o cantor recebeu seu cachê foram contados pelo jornal A Gazeta, que apura o caso desde aquela época. A publicação sobre o caso é do sábado (05).

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O show fazia parte da turnê ‘Out There’ de McCartney e uma das apresentações foi no dia 10 de novembro de 2014, no Estádio Kleber Andrade, em Cariacica, Espírito Santo. O valor do cachê do ex-Beatle foi de R$ 8 milhões, pago com “dinheiro sujo da Telexfree”, como definiu a matéria.

Segundo a reportagem, o objetivo de Carlos Costa e Carlos Wanzeler, sócios na pirâmide, era ‘lavar’ o dinheiro corriqueiramente mantido em contas de ‘laranjas’, acumulado às custas de vítimas do negócio ilegal. 

Convite à Telexfree

Quem fechou o patrocínio com a Telexfree foi Flávio Salles, dono da ‘Capixaba Eventos’, empresa que contratou o show junto à Planmusic.

Salles conheceu Costa e Wanzeler alugando palco para eles divulgarem os negócios da Telexfree e foi ele que os convidou para investir em shows.

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“Eu precisava de investidor para shows com valores expressivos, e procurei por eles. No meu entendimento, o dinheiro tinha saído da conta deles ”, afirmou o empresário à reportagem.

No entanto, antes mesmo de negociarem o ‘Out There’, a Telexfree já estava sob a mira do Ministério Público. “Os dois já eram suspeitos de crimes financeiros e não podiam movimentar a fortuna que acumularam”, escreveu o site.

O cachê então foi feito por Renato Alves, um dos principais líderes da Telexfree. De acordo com seu advogado, Rafael Lima, ele não teria feito nada de irregular, apenas um “investimento particular”.

Contudo, o acordo teria sido fechado na casa de Costa e Wanzeler, em Vila Velha, também no Espírito Santo, e foi lá que Salles passou a conta para o depósito. Logo, as peças começaram a se encaixar, conforme um trecho de um processo que corre no MPF .

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“Renato Alves recebia contrapartidas financeiras em sua conta bancária, guardava e custodiava os recursos da Telexfree captados clandestinamente, além de realizar pagamentos e transferências em favor da Telexfree”, compartilhou o fragmento, A Gazeta.

E não para por aí. Os donos da Telexfree conseguiram colocar um ex-funcionário como sócio da empresa de Salles. Mais tarde, o verdadeiro dono só tinha 1% de participação — 99% das participações eram de Cleber Renê Rizério Rocha, um escolhido dos piramideiros.

Conforme a reportagem, em 2017, Rocha foi preso nos EUA e acabou entregando tudo. Ela possuía uma mala com US$ 2,2 milhões, cerca de R$ 9 milhões hoje.

Em outro lugar que ele apontou, o equivalente a R$ 70 milhões (US$ 17 milhões) foi encontrado escondido debaixo de um colchão. A fortuna pertencia aos sócios da Telexfree.

Cortesia de ingressos gerou suspeita

Boa parte dos ingressos para o show de Paul McCartney ficou empacada e a organização resolveu aumentar a oferta para estudantes — que teriam desconto — e distribuir entradas como cortesia. Isto gerou suspeita para a Promotoria Cível de Cariacica que passou a considerar suposta sonegação e lavagem de dinheiro. 

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Isso porque a previsão de receita era de R$ 12 milhões e as vendas alcançaram apenas R$ 3,2 milhões, referentes a 23.704 ingressos. O problema é que o público esperado era de 33 mil pessoas.

A cortesia “pode ser usada para mascarar a receita com as vendas dos bilhetes, produzindo uma espécie de caixa 2 e blindando parte da arrecadação real das garras do Fisco”.

O caso acabou sendo encaminhado para o MPF e tramita em segredo de Justiça, diz a reportagem.

Telexfree é mais que pirâmide

O esquema da Telexfree era a venda de pacotes de telefonia. Para divulgar o produto, a empresa adotou um sistema de marketing multinível que custava US$ 50 (cerca de R$ 200) só de taxa de adesão.

Os preços dos pacotes iam de US$ 289 (cerca de R$ 1.200) a US$ 1.375, aproximadamente R$ 5.600 nos dias de hoje.

Para obter lucro, o ‘divulgador’ teria que comprar e revender pacotes para quem quisesse entrar no negócio. Desta forma, ele ganhava um bônus por indicação.  A recompensa estimulava o crescimento da rede, mas que passaria a ser insustentável quando parasse de entrar pessoas.

De acordo com o G1, que replicou a matéria dA Gazeta, o esquema da Telexfree foi muito além de ser apenas uma pirâmide financeira. Segundo o site, são apontadas fraudes como evasão de divisas, lavagem de dinheiro, manipulação de câmbio e venda de contratos coletivos de investimentos.

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O problema é que muita gente não sabia disso até o Ministério Público intervir na empresa. Nem mesmo o produto Luiz Oscar Niemeyer, responsável pela turnê brasileira de Paul McCartney.

Ele disse que tem apreço por Salles e que se houve participação da Telexfree, foi através da empresa dele. “Não tivemos nenhum tipo de contato com ninguém dessa empresa aí”, afirmou Niemeyer.

Empresa faliu

No mês passado, a Justiça de Vitória (ES) decretou a falência da Ympactus Comercial Ltda. ME, empresa por trás da Telexfree.

A decisão já foi comunicada ao Banco Central, Bolsa de Valores, Banco do Brasil, Caixa Econômica, cartórios e Secretaria da Fazenda de Vitória.


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