O bitcoin tornou-se um meio de pagamento importante para uma pequena comunidade que está se formando nos territórios palestinos, mais precisamente nos povoados da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, conforme publicação da Coindesk nesta terça-feira (18).
Um analista financeiro em Gaza, Ahmed Ismail, contabilizou naquela região pelo menos 20 ‘exchanges não-oficiais’ que negociam criptomoedas com usuários locais. Ele mesmo diz que tem ajudado alguns clientes em investimentos no exterior, visto não haver opções locais para isso.
Nos últimos quatro anos, somente um negociante de bitcoin em Gaza, apresentado pela Coindesk apenas por Mohammed, disse que ajudou 50 famílias a comprarem uma média de 500 dólares por mês em bitcoins para enviar dinheiro ao exterior ou fazer compras online.
“Bitcoin, na opinião deles, é mais barato, mais seguro e mais rápido. Nada funciona com os bancos palestinos. Carteiras de bitcoins são bancos alternativos”, disse ele à reportagem.
A Palestina não é a única parte do mundo economicamente isolada que o bitcoin está salvando, em partes, o comércio. No entanto eles não sofrem com uma hiperinflação como a da Venezuela, por exemplo.
Laith Kassis, CEO de uma organização sem fins lucrativos, a Palestine Techno Park, na Cisjordânia, disse que soluções via blockchain estão salvando os meios de pagamentos porque não há sequer uma plataforma como o PayPal, por exemplo, para que os empresários recebam pagamentos do exterior.
Embora o envio ou recebimento de bitcoins não seja um problema, obter as moedas fiat através deles é difícil, visto que nenhuma das ‘exchanges não-oficiais’ trabalham com os bancos locais.
Uma pessoa que recebeu seu pagamento de um empregador externo disse à Coindesk que na hora de converter os bitcoins em moeda fiat local não conseguiu um preço razoável em Gaza.
Outra pedra no sapato dos entusiastas do bitcoin na região da palestina são os planos do governo em criar uma criptomoeda nacional. A Autoridade Monetária da Palestina está querendo criar sua própria moeda digital no ‘estilo bitcoin’ por conta da falta de uma moeda central — hoje eles usam uma mistura de dólares dos EUA, euros e outras moedas regionais.
Além disso, as comunidades palestinas sofrem um alto índice de desemprego e a pobreza cria necessidades diárias urgentes. De acordo com estimativas do Banco Mundial, 21% dos palestinos vivem abaixo da linha da pobreza com menos de US$ 5,50 por dia, segundo o site.
No início deste mês, Kassis realizou o primeiro seminário blockchain e contou com com 29 participantes, entre estudantes, empresários e funcionários do governo. Ao final de cinco dias, tempo que durou o evento, vários desenvolvedores estavam trabalhando em novos aplicativos.
“Todo a essência dos registros descentralizados aponta para a necessidade da comunidade [palestina] de conversar entre pares, que permitirá aos empreendedores palestinos fazer negócios internacionalmente”, disse Kassis, acrescentando:
“Eu acho que blockchain e fintech tem um enorme potencial para mudar a dinâmica de nossa economia e resolver muitos dos problemas financeiros [por] alavancar a descentralização da rede”.
Kassis também frisou que “a geração mais jovem tem mais conhecimento sobre criptomoedas do que os departamentos de TI dos bancos”.
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