Imagem da matéria: Bitcoin é só a Ponta do Iceberg, Diz Ex-Presidente do BC Gustavo Franco
Gustavo Franco também foi um dos pais do Plano Real.

O dilema em torno da regulação de criptomoedas ainda deve dar muita dor de cabeça. Em entrevista cedida ao Diário Catarinense, no último dia 11, o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, 61 anos, declarou que “reguladores querem aplicar princípios do mundo analógico para o digital, sabendo que tem de ser diferente”.

O problema é que esses reguladores “não sabem exatamente como” tratar desse assunto de forma diferente e isso faz da regulação desse tipo ser “sempre uma dor de cabeça”, segundo o economista que ficou conhecido como um dos criadores do plano Real e foi um dos fundadores da gestora Rio Bravo de investimentos.

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O Bitcoin é só uma entre tantas criptomoedas tendo em vista que “são hoje em dia centenas de criptomoedas e a gente não sabe bem qual delas vai se tornar a preferida”, relata Franco.

Para ele, o mercado de cripto ativos se assemelha a “uma espécie de mercado de ações, pregão, com muito mais alternativas de tecnologia de pagamento, de jeito de pagamento”. E, complementa que “a indústria de pagamento é que está se transformando, isto só faz bem para a economia”.

Com a chamada tecnologia disruptiva devem surgir novos conceitos, além do bitcoin, que na visão de Gustavo Franco é a “ponta do iceberg”:

“O blockchain, as carteiras eletrônicas, a liberação do mundo financeiro para dentro da internet, criando quase uma espécie de um novo offshore, uma nova jurisdição, o que pode ser uma dor de cabeça para muita gente. Bitcoin é só a ponta do iceberg, ainda veremos coisas diferentes aparecendo no mundo financeiro nos próximos 10 anos.”

Caminho do meio

Antes disso, em entrevista cedida à Época Negócios, Gustavo Franco declarou que “Bitcoin não tem nada de revolucionário” e que a existência de muitas criptomoedas parecidas acabam se confundindo com “as ações das companhias que as emitem”.

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“Tanto que no lançamento dessas companhias se usa a expressão ICO (Initial Coin Offering), para imitar o IPO (Initial Public Offering) do mercado de capitais.”

O economista carioca ainda aproveitou para afirmar que as criptomoedas falhariam se tratadas como se fossem moedas, tendo em vista que os ICOs não teriam como concorrer com os Bancos Centrais de diversas nações que oferecem o mesmo produto: moeda. “Muita gente ainda não entendeu que, desde o seu surgimento, a moeda é uma espécie de ação preferencial do Banco Central ao portador. O mesmo vale para as criptomoedas, que são expressões de companhias que emitem esse valor digital.”

Em outra oportunidade, ao ser entrevistado pelo Money times, ele arriscou que o bitcoin deve ser visto como uma nova classe de ativos que ele definiu como Commodity digital:
“Como se fosse uma família de tipo diferente de commodities, de natureza não mineral, nem agrícola, mas eletrônica, cada qual com a sua característica, algumas delas são mais parecidas com empresas do que propriamente com algoritmos. É mais uma criatura nova como financeiro”.

Gustavo Franco, contudo, parece não ser tão otimista como o fundador do Pay Pal, Peter Thiel, que afirmou que o bitcoin seria “uma moeda estranha” e que entre ela e as altcoins, uma seria uma espécie de “padrão ouro”, conforme noticiado pelo Portal do Bitcoin.

Por outro lado, Franco também não se mostrou com uma visão alarmista em suas entrevistas, como fez o Prêmio Nobel de Economia em 2001 e ex-economista-chefe do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, 74 anos, que declarou em entrevista cedida à BBC que bitcoin era algo desnecessário.

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O fato é que as criptomoedas não possuem natureza jurídica definida. Em outros termos, não tem como afirmar se são valores mobiliários, moedas ou até mesmo uma espécie de commodity digital.

Ainda, conforme foi dito por Gustavo Franco, regular uma inovação com princípios norteadores antigos não solucionará o problema, e o risco de trazer dor de cabeça a todos é muito grande.

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