A relação conflituosa entre futebol e criptomoedas teve mais um capítulo revelado graças ao litígio entre um jogador e um clube de Goiás. No meio, aparece o nome da USD Soccer, que usa o mais famoso esporte do planeta como chamariz para negócios que não são exatamente claros.
A USD Soccer veio à tona após o zagueiro uruguaio Walter Ibãnez acionar a All Inn Assessoria Esportiva —responsável pela criptomoeda no Brasil — em um processo contra o Vila Nova-GO por créditos trabalhistas no Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-18) no qual cobra R$ 350 mil. O atleta chegou a firmar um pré-contrato com o time, mas nunca chegou a jogar pelo clube. Mesmo assim, ainda alega ter dinheiro a receber.
O clube goiano aparece entre os times brasileiros que constam como parceiros da USD Soccer. Nos autos do processo, no entanto, consta que a “a empresa All In Assessoria Esportiva Ltda informou que não há créditos para repassar ao Vila Nova Futebol Clube no momento”.
A All In informa ainda nos autos que a criptomoeda ainda não foi efetivamente lançada, “motivo pelo qual esta condição ainda não se perfez e o clube Vila Nova ainda não tem direito a recebimento de valores previstos em contrato”.
Apesar da alegação da empresa no processo, a USD Soccer já é comercializada no Brasil por uma empresa chamada Daybit Investimentos, com sedes em Salvador (BA) e Aracaju (SE).
Procurada pela reportagem, a empresa responsável pela criptomoeda no Brasil não se manifestou até a publicação deste texto.
O Vila Nova-GO confirmou que assinou um acordo com a USD Soccer em outubro de 2019, mas que o mesmo só passa a valer a partir do pagamento. O clube também confirma que até hoje não recebeu nada da criptomoeda e que tampouco há previsão para tal.
O que é a USD Soccer
Em seu site, a USD Soccer promete “revolucionar o futebol” e “unir os mercados de criptomoedas e esportivo por meio de uma plataforma revolucionária”. Uma dessas possibilidades, inclusive, seria sua mineração durante uma partida de futebol.
De acordo com o RoadMap anunciado em seu site, a USD Soccer iniciou suas operações em junho de 2019, seguida por pesquisas de mercado e público alvo e fechamento com “clubes pioneiros” e embaixadores.
Em relação aos clubes citados como parceiros, além do Vila Nova, figuram times como Cruzeiro, Sport, Avaí, Vitória, Chapecoense, Náutico e Ponte Preta. Também aparecem clubes de pequena e média expressão do futebol espanhol, como La Coruña, Celta de Vigo, Las Palmas e Real Bétis.
Entre os embaixadores já figuram os ex-jogadores Jorginho, Zinho e Ricardo Rocha, o meia Anderson Talisca (que joga no futebol chinês), o volante Dudu Cearense (do Botafogo) e o ex-jogador de futsal Falcão.
O lançamento oficial do projeto, em outubro de 2019, ocorreu durante cerimônia luxuosa em Macau, região autônoma da China.
Apesar da grandiosidade com a qual se apresenta o projeto, não constam informações no site da USD Soccer sobre seus idealizadores.
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Caso da Chapecoense
A USD Soccer esteve presente em um episódio nebuloso recente envolvendo a Chapecoense, time da cidade de Chapecó (SC).
Após anunciar a criptomoeda como patrocinadora no ano passado, o clube teve adiado para abril de 2020 um repasse que era aguardado para outubro do ano anterior.
Procurada à época pela reportagem, a Chapecoense negou via assessoria de imprensa que o atraso configure calote por parte da USD Soccer. Contudo, informou que o acordo de patrocínio estava sob sigilo por questões contratuais e que o clube não falaria a respeito.
Outros casos polêmicos
A lista de relações nebulosas entre clubes de futebol no Brasil e criptomoedas vai além de Vila Nova-GO e Chapecoense.
O Goiás, principal rival do Vila Nova, chegou a negociar com a USD Soccer, mas não fechou parceria. Antes ainda, teve uma experiência negativa com a empresa All Invest, da qual levou calote.
Sediada em Goiânia, a All Invest esteve envolvida em outro caso polêmico, com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). A entidade gestora do futebol nacional entrou na Justiça para cobrar R$ 7,4 milhões da empresa.
A CBF acusa a All Invest de não pagar as cotas prometidas pelo patrocínio da edição 2019 da Copa Verde, que reúne times do Norte e Centro-Oeste do Brasil, além do estado do Espírito Santo. Contra a empresa há ainda uma investigação da Polícia Civil de Goiás em aberto por crime contra a economia popular.
Outra companhia suspeita desse tipo de delito que marcou presença no futebol foi a JJ Invest, que no começo de 2019 chegou a figurar como patrocinadora do Vasco da Gama.
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