Aave, um dos maiores protocolo de finanças descentralizadas (DeFi) do setor, planeja lançar sua própria stablecoin, conforme revelou um anúncio feito nesta quinta-feira (7).
“Criamos um ARC [pedido por comentários no Aave] sobre uma nova stablecoin descentralizada com garantias, nativa do ecossistema Aave, conhecida como GHO”, retuitou o fundador do Aave, Stani Kulechov.
Isso significa que a proposta do Aave para uma nova stablecoin agora está nas mãos de sua organização autônoma descentralizada (DAO) — sua comunidade de holders do token AAVE que vota em decisões que afetam o futuro do protocolo. Caso seja aprovada, um das maiores participantes do setor DeFi irá apresentar outra opção de stablecoin ao mercado — algo que poderá ser lucrativo para sua DAO se a GHO ganhar bastante adesão.
As pessoas podem usar Aave — que opera na rede Ethereum — para tomar ativos digitais emprestado sem precisar recorrer a um intermediário. Seu token nativo, Aave, é o 47º maior do setor, com uma capitalização de mercado de quase US$ 1 bilhão. Neste momento, o token é negociado a US$ 70,81, segundo dados do CoinMarketCap.
Como poderá ser a stablecoin GHO
Se tudo acontecer conforme o planejado e holders de AAVE aprovarem a GHO, a stablecoin será “lastreada por um conjunto diversificado de criptoativos”, de acordo com a proposta.
“Caso aprovada, a apresentação da GHO tornará o empréstimo da stablecoin no Aave Protocol mais acirrada, fornecendo mais opcionalidade para usuários de stablecoin e gerar mais receita para a Aave DAO ao enviar 100% dos pagamentos de juros por empréstimos tomados em GHO à DAO”, acrescentou.
Uma stablecoin é uma parte importante do ecossistema cripto: é um token criado para ser mais estável do que criptomoedas como o bitcoin (BTC) e o ether (ETH). Geralmente, stablecoins são pareadas a moedas fiduciárias, como o dólar americano, para evitar oscilações e ajudar traders a manterem a liquidez.
Projetos DeFi como o Aave são desenvolvidos em uma blockchain que automatiza empréstimos e, de certa forma, visam ser bancos “desbancarizados”.
Mas tais projetos são muito experimentais — sem mencionar sua propensão a hacks e, em alguns casos, acontece uma completa e absoluta catástrofe.
Os alertas do passado
Em maio, Terra, que já foi uma das maiores blockchains e lar ao popular protocolo DeFi Anchor, colapsou completamente. Após uma liquidação no Anchor e de sua stablecoin algorítmica UST, esta perdeu sua paridade — não tinha o mesmo valor que o dólar — e seu token de governança, LUNA, não tinha valor algum. Dezenas de bilhões de dólares evaporaram.
A mesma coisa vai acontecer com a stablecoin do Aave? De início, diferente da stablecoin do Terra, GHO não será uma stablecoin algorítmica, pois seus recursos não vão ser parecidos com o de stablecoins algorítmicas, garantiu Aave Companies, responsável pelo protocolo Aave, ao Decrypt.
Grande parte das stablecoins ou é centralizada — com paridade ao dólar, títulos ou outros ativos em um banco — ou descentralizada — e pareada por outros criptoativos.
É isso o que mantém a estabilidade da stablecoin com um valor de US$ 1 por token. Por ser uma parte crescente do setor DeFi, stablecoins algorítmicas são diferentes, pois não têm garantia e, em vez disso, usam um código de programação especial que as mantêm pareadas a um ativo estável.
A stablecoin GHO proposta pelo Aave entra na categoria de tokens descentralizados e com garantia, assim como DAI, a stablecoin da MakerDAO, cuja garantia depende dos tokens MKR e de outros criptoativos.
A Aave Companies acrescentou que “recursos significativos de mitigação ao risco” serão implementados para evitar que muita GHO seja emitida — o que irá proteger usuários.
E ainda bem, pois se 2022 serviu de exemplo até agora, usuários DeFi realmente podem aproveitar um pouco de mitigação de risco.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.