A semana no CriptoTwitter: lei emergencial do Canadá e propaganda da Coinbase no Super Bowl são alvo de críticas

Embora alguns acharam o anúncio da Coinbase inteligente, especialistas de cibersegurança apontaram problemas
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Justin Trudeau. Foto: Shutterstock

O preço das principais criptomoedas mal se mexeu na última semana conforme traders ansiosos em todo o mundo fazem menos apostas conforme a tensão entre as fronteiras entre Rússia e Ucrânia aumenta.

Mas o CriptoTwitter norte-americano estava repleto de problemas regionais, principalmente por conta da firme reação do governo do Canadá a protestantes antivacina e anúncios cripto no Super Bowl.

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“Oh, Canada” 🎵

Um dos assuntos mais populares da semana passada foi o uso da Lei Emergencial de 1988 pelo Canadá para tentar suspender o financiamento a um “Freedom Convoy” (ou “Comboio de Liberdade”) de caminhoneiros que, há três semanas, estão protestando contra a obrigatoriedade da vacina contra a covid-19 na cidade de Ottawa.

Após as doações do grupo no GoFundMe terem sido bloqueadas pelo governo canadense, recorreram a criptomoedas e lucraram mais de US$ 700 mil em bitcoin (BTC) de 4.877 doadores, incluindo de Elon Musk, CEO da Tesla, e Jesse Powell, CEO da Kraken.

As medidas de emergência, que afetam transações cripto, foram consideradas, por muitos, como autoritárias por uma falta de um processo devido.

Na quarta-feira (16), a imagem de uma carta que circulou pelo Twitter mostrou que a Real Polícia Montada do Canadá (ou RCMP, na sigla em inglês) e a Polícia Provincial de Ontário ordenaram que empresas cripto devem “suspender a facilitação de quaisquer transações” ligadas a carteiras específicas e notificar quaisquer informações ou transações ligadas a essas carteiras.

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No mesmo dia, James Melville, fundador da empresa de consultoria de marketing East Points West, tuitou dados que mostravam um aumento extremamente alto de paralisações nos bancos canadenses em apenas algumas horas.

No dia seguinte, Jesse Powell criticou bastante autoridades canadenses, tuitando: “Processo devido é para os fracos. O poder faz o direito. […] Não é preciso debater a lei, as políticas ou até mesmo os direitos quando existe um monopólio de violência”.

O usuário do Twitter @degderat perguntou a Powell sobre a possibilidade de a Kraken estar sendo “obrigada a congelar ativos pela polícia sem consentimento judicial”. A resposta de Powell foi sincera: “100% sim, [isso] aconteceu/vai acontecer e 100% sim, seremos forçados a obedecer”.

Na noite daquela quarta-feira, o juiz do Tribunal Superior de Ontário emitiu uma ordem para congelar milhões de dólares em fundos, incluindo em bitcoin e outras criptomoedas – uma medida que se estende pelo globo, basicamente indicando que líderes, membros e angariadores de fundos do comboio estão restritos de “vender, remover, dissipar, alienar, transferir” quaisquer ativos doados aos protestantes.

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O Super Bowl do bitcoin

A 56ª edição do Super Bowl, cuja final aconteceu no domingo passado (12), contou com anúncios de diversas empresas cripto, incluindo Crypto.com, Coinbase e FTX.

A FTX e Crypto.com dependeram do poder de estrelas, como o comediante Larry David e o jogador de basquete Lebron James, respectivamente, em seus comerciais.

https://twitter.com/jjah22861/status/1493026855473098757

Mas a propaganda da Coinbase roubou a cena. Um QR Code flutuou pela tela durante um minuto. Quando escaneado, o código redirecionava o telefone do usuário para o site da Coinbase, onde novos clientes ganhariam US$ 15 em bitcoins gratuitamente.

Segundo a diretora de marketing Kate Rouch, 20 milhões de pessoas foram redirecionada ao site em menos de um minuto, derrubando seu servidor.

O delator Edward Snowden estava entre os críticos:

A Coinbase gastou US$ 16 milhões em um anúncio do Super Bowl para redirecionar pessoas ao seu site e US$ 0 para garantir que o site não caia dez segundos após a propaganda ser transmitida é muito [coisa da] internet.

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E Gary Saliba, usuário @tipsherany no Twitter, estava meio que brincando quando publicou: “Só espere para quando as pessoas perceberem a facilidade de isso poder ter virado um coordenado ciberataque de cavalo de troia”.

Doug Barbin, diretor de crescimento em uma empresa de auditoria de cibersegurança, também tuitou: “Milhões de pessoas usam seu celular e milhares de profissionais de cibersegurança têm uma morte lenta”.

Após diversas respostas a Barbin, afirmando que não entendiam qual seria o risco, o especialista em tecnologia da informação Klaus Frank explicou claramente: “Em celulares, QR Codes podem fazer muitas coisas. Dependendo do aplicativo, a ação é imediata, como se conectar ao Wi-Fi, ligar para um número de celular, abrir o mapa em uma localização específica…”.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.