Imagem da matéria: Situação global da mineração de Bitcoin: a liderança dos EUA e o fim da China
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A mineração de bitcoins é um processo industrial que se tornou conhecido mundialmente ao longo dos últimos dez anos. Nesse meio tempo, a China se manteve absoluta no ranking, com 75% de toda a mineração sendo realizada em instalações no país.

Em julho de 2021, porém, o governo chinês determinou a proibição de qualquer atividade relacionada à mineração de criptomoedas no país, uma ordem de efeito imediato. As empresas de mineração de bitcoin se viram obrigadas a fazer as malas, e deu-se início um êxodo em escala mundial.

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Os mineradores recolheram seus equipamentos e fundos e partiram em busca de destinos mais amistosos e com energia a preços convidativos. No momento, o principal destino das mineradoras são os Estados Unidos.

A seguir, faremos uma análise da situação atual da mineração de bitcoin. Veremos quais motivos levaram os EUA a se tornarem o destino mais procurado pelos mineradores, bem como o que esperar para os próximos anos. 

O que é a mineração de bitcoin

O termo “mineração de bitcoin” pode parecer confuso, afinal bitcoins são moedas digitais que existem somente em uma rede virtual. Contudo, “minerar” é um apelido metafórico, usado para se referir ao processo que gera novas moedas.

Esse processo provê um incentivo para que usuários invistam em infraestrutura computacional e estabeleçam novos nós validadores na rede Bitcoin. A existência de um grande número de nós (nodes em inglês) é favorável, pois garante a segurança, descentralização e integridade da blockchain.

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Assim, quando o Bitcoin foi planejado, seu criador arquitetou um método que garantiria que os usuários se interessassem em possuir um nó validador. Esse método se chama “Prova de Trabalho”, ou Proof of Work (PoW). Nele, os nós precisam validar as transações a serem gravadas e montar o próximo bloco da corrente. Todos os nós trabalham simultaneamente em uma competição, esperando que o seu bloco seja o escolhido

A recompensa é grande: o dono do nó fica com todas as taxas das transações no bloco e com os novos bitcoins “minerados”, um valor de 6,25 BTC em 2021.

Mas, para receber esses prêmios, o nó precisa resolver um problema matemático. Esse problema é complexo e demanda resolução por tentativa e erro, a chamada “força bruta” computacional. Para que tenha alguma chance de resolver a equação antes dos outros, é necessário que o dono invista em equipamentos eficientes.

Na verdade, o investimento vai além de apenas computadores. O hardware é uma parte importante, visto que são necessárias máquinas especializadas e com um alto poder de processamento.

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Mas é muito raro que indivíduos comuns “farmem” bitcoins em casa de forma viável. O que vemos são grandes “fazendas de bitcoin”, instalações industriais em larga-escala que operam como fábricas, empregam muitas pessoas e demandam grandes quantidades de energia elétrica. 

A grande migração global das mineradoras de bitcoin

Para que a instalação de uma fazenda de bitcoin seja viável, existem duas condições principais que precisam ser atendidas: uma política local que seja favorável e custos energéticos baixos.

Esses foram os motivos que levaram a China a dominar o mercado até 2021. A China possuía uma rede de distribuição altamente eficiente, majoritariamente impulsionada por usinas a carvão, e a energia elétrica com um dos preços mais baixos do mundo.

Porém, o país decretou o banimento das mineradoras de criptomoedas em julho deste ano, com alegações envolvendo a insustentabilidade desse tipo de empreendimento. De fato, a demanda energética é altíssima, sendo que o ecossistema Bitcoin sozinho consome mais energia do que toda a Argentina (entre outros países). 

Além disso, a China vem passando por uma grave crise energética, em parte causada pela alta no preço do carvão e mudanças climáticas. Os resultados foram o anúncio de alta no valor da conta de luz e vários impactos industriais e econômicos.

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Enquanto isso, os EUA se tornaram o país mais procurado e favorável para as mineradoras que deixaram a China.

São muitos os incentivos. A rede de distribuição dos Estados Unidos tem uma grande participação de energias limpas, como hidrelétrica e nuclear, especialmente em Washington e Nova York. Já o estado do Texas possui a energia elétrica com um dos menores custos do mundo, e tem investido cada vez mais em energia solar e eólica. Em 2019, 20% da energia desse estado vinha das turbinas eólicas.

Os mineradores têm adotado estratégias criativas e eficientes. Alguns estão fazendo uso da energia do gás natural, que era totalmente desperdiçada nos campos do petróleo texanos. Outros ocuparam antigas instalações industriais de fábricas de alumínio desocupadas na cidade de Rockdale, também no Texas.

A produção de alumínio também é eletricamente intensa, de forma que já existia uma grande infraestrutura local sendo desperdiçada. Essa cidade está sendo visada por muitas fazendas de mineração, o que vem se tornando até mesmo motivo para disputas. 

Panorama global e perspectivas futuras

Em suma, os Estados Unidos dominam o mercado atual, detendo 35% da hashrate global de Bitcoin no fim de agosto (‘hashrate’ é um termo industrial que quantifica a mineração de bitcoins). Logo atrás vem o Cazaquistão, com 18,1%, e a Rússia.

O Cazaquistão oferece custos baixos, com energia elétrica oriunda da queima de carvão. Contudo, muitos afirmam que o país está sendo apenas um entreposto logístico temporário, por estar próximo da China.

Acredita-se que a tendência seja de uma migração continuada para os EUA ao longo dos anos, em busca de estabilidade e eficiência energética com fontes renováveis. Isso deverá ocorrer conforme o hardware das mineradoras precisar ser substituído e atualizado.

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Mas esse movimento pode vir ainda mais cedo. Uma nova lei colocando impostos adicionais sobre a mineração de bitcoin começará a valer no Cazaquistão a partir de 2022, algo que colocará em jogo o custo-benefício de muitas mineradoras do país.

Sobre o autor

Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. É fundador da empresa Growth.Lat e do projeto Growth Token.

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