O Tribunal de Justiça do estado de Nova Gales do Sul, na Austrália, autorizou na semana passada o confisco de US$ 1,66 milhão oriundos da venda ilegal de contas roubadas da Spotify e Netflix praticada por um hacker australiano. Do montante, US$ 1,2 milhão estão alocados em criptomoedas, disse a Polícia Federal da Austrália (AFP) em comunicado na sexta-feira (29).
Segundo a AFP, o autor do crime, de 23 anos, cujo nome não foi revelado, roubava logins e senhas de clientes de serviços de streaming da Austrália e outros países, para então vender as contas mais baratas em um site chamado WickedGene outro de nome AccountBot.
“Ele converteu alguns desses rendimentos em várias criptomoedas”, diz a agência, ressaltando que a atividade ilícita foi descoberta em 2018 pelo FBI que avisou a autoridade australiana.
Preso em casa
As investigações foram feitas até que a AFP concluiu que havia indícios suficientes para conseguir um mandado de busca e apreensão na casa do suspeito, o que foi feito posteriormente com autorização da Justiça.
Durante a ação dos agentes, foram encontradas as criptomoedas e várias evidências do crime, disse o órgão federal, sem detalhar quais criptomoedas. O acusado, contudo, antes de ser condenado a dois anos e dois meses de prisão, alegou no Tribunal que os valores obtidos com a atividade ilícita foram entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão.
O australiano já havia confessado os crimes em outubro de 2020, tinha 152.863 usuários registrados e forneceu pelo menos 85.925 assinaturas para acessar ilegalmente serviços de streaming legítimos, como Spotify e Netflix e Hulu. Apenas por meio do Paypal, o acusado recebeu mais de AUD $ 680 mil (dólar australiano), vendendo assinaturas.
Criptomoedas vão para Comunidade Britânica
Os valores confiscados vão ficar sob a gestão do Criminal Assets Confiscation Taskforce (CACT), órgão da AFP, e depois serão redistribuídos pela Ministra de Assuntos Internos Karen Andrews à Comunidade Britânica (The Commonwealth). A organização deve aplicar os fundos na prevenção do crime, a aplicação da lei e iniciativas relacionadas à segurança da comunidade, diz a AFP.
“O bom trabalho da AFP fez com que um criminoso deixasse de possuir ganhos ilícitos e que tais fundos fossem redirecionados para melhorar a segurança das comunidades ao redor da Austrália”, disse a ministra do Interior Karen Andrews.
Para a comissária assistente da AFP, Justine Gough, enganam-se os criminosos que acreditam erroneamente que a polícia não pode tirar sua riqueza ilícita se ela tiver sido convertida em criptomoeda. “O CACT, liderado pela AFP, perseguirá implacavelmente ativos obtidos criminosamente em qualquer forma que forem encontrados – seja em dinheiro, contas bancárias, casas, carros de luxo ou criptomoeda”, disse conluio Gough.