O desembargador Luís Alberto Azevedo Aurvalle, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), decidiu no sábado (10) a soltura da funcionária do Grupo Bitcoin Banco, Cibele Golo dos Santos. Ela estava presa desde o último dia 5, quando a Polícia Federal deflagrou uma operação contra Cláudio Oliveira, seu amante, acusado de um desvio de cerca de R$ 1,5 bilhão de clientes.
Segundo o G1, no documento, o desembargador afirmou não haver motivo suficiente para a manutenção da medida restritiva contra Cibele, pois seus bens já foram apreendidos, assim como também as autoridades já obtiveram acesso aos dados do seu celular.
“Outrossim, a própria cobrança de Cibele a Cláudio, no sentido de que ele ‘arranjasse dinheiro para pagar as suas contas’, evidencia que ela não desempenhava papel ativo na empreitada criminosa, afigurando-se mais como beneficiária dos valores após o exaurimento dos crimes”, descreveu um trecho do documento o G1.
Além de figurar no caso GBB como colaboradora da empresa fraudulenta, ela também é amante de Oliveira, tendo inclusive recebido vários presentes do golpista, como uma pulseira de quase R$ 50 mil, diz a reportagem.
O advogado de Cibele, Samuel Falavinha, disse que sua cliente é inocente e que os fatos investigados serão todos esclarecidos perante as autoridades, ressaltando que a decisão do TRF4 está em consonância com manifestações do Ministério Público Federal que não vê necessária a manutenção de prisão da investigada enquanto se elucidam as investigações.
Em depoimento à PF durante a semana, Cibele disse que quando o GBB começou a ter problemas com a Justiça, o grupo não conseguia mais pagar os clientes. Ouvido também, Rodrigo Martinelli Laport — que também foi preso na operação — disse que Cláudio Oliveira era uma “evolução do estelionatário”. Segundo outra reportagem do G1, ele também já foi solto na última quinta-feira (8), junto com a esposa de Cláudio Oliveira, Lucinara Silva. Oliveira segue preso.
Na quarta (07), a 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de Curitiba decretou a falência do Grupo Bitcoin Banco. De acordo com a decisão, a recuperação judicial foi ‘transformada’ em falência porque Oliveira e os integrantes do Grupo Bitcoin Banco mentiram ao longo de todo o processo e não cumpriram com as obrigações.
Prisão do Rei do Bitcoin
Cláudio Oliveira, Lucinara Silva e mais dois integrantes do esquema foram presos pela PF na segunda-feira (5), em Curitiba. Eles são acusados de prática de crimes falimentares, estelionato, lavagem de capitais, organização criminosa, além de delitos contra a economia popular e o Sistema Financeiro Nacional.
O falso Rei do Bitcoin criou o Grupo Bitcoin Banco em 2018. Ele ganhou notoriedade e atraiu milhares de investidores por negociar dentro de seu sistema cerca de R$ 500 milhões por dia. A PF estima que o prejuízo gerado pelo golpe seja de R$ 1,5 bilhão.
Em 2019, a empresa travou os saques, alegando que teria sido vítima de um ataque virtual. O ‘hack’ foi desmentido em maio de 2020 pela Polícia Civil do Paraná. Oliveira e esposa usaram o dinheiro desviado para comprar carros de luxo, joias e bolsas caras e mansões. Uma das casas, avaliada em US$ 6 milhões, tem até piscina aquecida na sala e quarto blindado.