Investidores de criptomoedas dão continuidade à onda vendedora nesta terça-feira (6) diante de mais uma investida de reguladores nos EUA, outra vez contra a Binance, maior exchange cripto do mundo.
Nas bolsas globais, traders reagem ao aumento surpresa dos juros pelo banco central australiano e ao lançamento de produtos pela gigante Apple.
Após cair mais de 5% diante da nova pressão regulatória, o Bitcoin (BTC) tem baixa de 3,8% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 25.776, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC recua 4,6%, para R$ 128.193, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) cai 2,7%, negociado a US$ 1.819.
Traders da segunda maior criptomoeda acompanham a tendência negativa do mercado, mas também estão atentos à suposta transferência de US$ 41 milhões em ETH para a corretora Kraken por Jeffrey Wilcke, cofundador da blockchain.
Além do processo contra a Binance, reguladores americanos também afirmaram que os tokens Solana (-7,1%), Polygon (-6,8%) e Cardano (-5,1%) são valores mobiliários, notícia que pesa sobre as cotações nesta terça.
Outras altcoins operam no vermelho, com destaque para o BNB (-7,2%), XRP (-4,1%), Dogecoin (-7,1%), Polkadot (-3,9%), Avalanche (-4,7%) e Shiba Inu (-5,6%).
Saques na Binance
O processo da SEC, a CVM dos EUA, contra a Binance e seu fundador, Changpeng “CZ” Zhao, abalou a confiança de investidores na maior exchange cripto do mundo.
Dados da Nanse.ai divulgados pelo CoinDesk mostram que os saques em todos os protocolos vinculados à corretora já somam US$ 719 milhões nas últimas 24 horas.
Durante o horário de negociação em Nova York na segunda-feira, as retiradas somaram US$ 230 milhões após o anúncio do processo, que inclui 13 infrações diferentes, entre elas, a violação das leis de valores mobiliários dos EUA.
Em comunicado, o xerife de Wall Street explicou a razão de estar processando a corretora e seu CEO:
“Enquanto Zhao e Binance alegaram publicamente que os clientes dos EUA foram impedidos de realizar transações na Binance.com, Zhao e Binance, na realidade, subverteram seus próprios controles para permitir secretamente que clientes americanos de ‘alto valor’ continuassem negociando na plataforma Binance.com”.
Antes de o processo da SEC vir à tona, reportagem da Reuters revelou que um executivo sênior da Binance era o principal operador de contas bancárias que pertenciam à Binance.US que, segundo a gigante global, é uma afiliada independente no mercado americano.
De acordo com a Reuters, o já falido Silvergate Bank teria autorizado Guangying Chen, executivo próximo a CZ, a operar as contas em 2019 e 2020, de acordo com registros daqueles anos. Isso permitiu que Chen e seus representantes movimentassem os fundos mantidos nas contas bancárias.
Os funcionários da afiliada Binance.US tinham que pedir à equipe de Chen para processar os pagamentos, segundo a Reuters, mesmo para cobrir os salários da empresa, mostram mensagens internas.
Procurada pela Reuters, a Binance.US negou que a Binance global operava suas contas bancárias nos EUA.
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Na opinião do analista da Berenberg, Mark Palmer, a investida da SEC contra a Binance pode dar uma ideia do que está à espera da Coinbase, maior exchange cripto dos EUA.
“Observamos que vários dos detalhes do processo que a comissão moveu contra a Binance ecoam aqueles que foram abertos anteriormente contra as exchanges de criptomoedas Bittrex e Kraken, e acreditamos que esses casos, em conjunto, representam uma prévia da ação que provavelmente será aberta contra a COIN (Coinbase)”, disse Palmer.
Bitcoin hoje
Marcado pela baixa volatidade no último mês, o mercado cripto despertou da sonolência com o empurrão da SEC.
Traders cripto tiveram perdas de aproximadamente US$ 320 milhões em liquidações nas últimas 24 horas, mostraram dados da CoinGlass, na esteira da queda dos preços das moedas digitais em meio à ação contra a Binance.
Cerca de US$ 289 milhões em posições compradas – traders que apostam na alta dos preços – foram eliminados durante o dia, marcando o maior nível de liquidações compradas em pelo menos três meses, segundo a Coinglass.
“Se o que (a SEC está) alegando é verdade … bem, a Binance é a maior, e se isso está acontecendo na maior, o que está acontecendo na menor? Esse é o vínculo natural. Não ‘preenche’ os investidores com confiança”, disse à Reuters Tony Sycamore, analista de mercado da IG Markets.
Interesse por criptomoedas
A calmaria anterior ao processo movido contra a Binance foi refletida nas buscas do Google. De acordo com o Cointelegraph, as pesquisas online por “criptomoedas” caíram para os menores níveis desde o fim de 2020.
Mas, no Brasil, o apetite de investidores por criptomoedas continua forte. Apesar das retiradas de fundos cripto pela sétima semana seguida, investidores brasileiros aplicaram US$ 2,4 milhões no período, o segundo maior valor, de acordo com dados da CoinShares.
Aproveitando esse interesse, a Hashdex lançou o primeiro fundo ativo de previdência no Brasil com investimento em cripto, conforme a Exame.
E a Tether, emissora da USDT, maior stablecoin do mundo, quer buscar uma licença e estuda auditoria de reservas para entrar no mercado brasileiro, disse o diretor de tecnologia da empresa, Paolo Ardoino, ao InfoMoney.
Outros destaques das criptomoedas
Processos contra empresas que financiaram a FTX, que colapsou em novembro passado, e contra celebridades que ajudaram a promover a exchange cripto fundada por Sam Bankman-Fried foram consolidados perante um único juiz federal na Flórida, informou a Bloomberg. Na segunda-feira (5), um painel judicial ordenou a criação de um litígio “multidistrital” perante o juiz K. Michael Moore em Miami, observando que a sede da empresa nos EUA se encontrava na cidade antes de o grupo pedir recuperação judicial.
Clientes entraram com várias ações coletivas contra empresas de capital de risco e private equity que investiram na FTX, entre elas Sequoia Capital e Thoma Bravo, alegando que estas apoiaram Bankman-Fried, atualmente processado por fraude, entre outros supostos delitos. Celebridades processadas que endossaram a FTX incluem Gisele Bündchen, seu ex Tom Brady, a lenda da NBA Shaquille O’Neal e o comediante Larry David.
Uma parceria público-privada em El Salvador vai investir US$ 1 bilhão na criação de uma das maiores fazendas de mineração de Bitcoin do mundo, segundo anunciado pela Volcano Energy na segunda-feira. O projeto começa com US$ 250 milhões iniciais, apoiados pelos “principais líderes da indústria de Bitcoin”, em colaboração com incorporadoras de energia renovável, disse a Volcano Energy em comunicado divulgado pela Reuters.
O tão aguardado aparelho de realidade mista da Apple foi apresentado na segunda-feira (5) durante a Conferência Mundial de Desenvolvedores. O “Vision Pro”, que será vendido por cerca de US$ 3,5 mil nos EUA a partir do ano que vem, é a aposta da empresa no metaverso, embora a gigante não tenha sequer citado a palavra durante o evento, de acordo com o Estadão, e tampouco outro termo da moda, a inteligência artificial.
Análise do Decrypt destaca que os gamers não devem ficar muito animados com o novo aparelho. A Apple passou bastante tempo detalhando os aspectos de hardware e de software do dispositivo, mas quase não mencionou games, apenas destacando que os óculos são compatíveis com os jogos do Apple Arcade.
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